sexta-feira, 31 de maio de 2013

A OBSTIPAÇÃO DO GOVERNO




Certo dia um cavalheiro foi ao médico, pois já há uns dias que não fazia a “vida” e sentia-se muito inchado na barriga e até com dores de cabeça.

Chegado à presença do médico, o doente lá explicou o seu problema. O médico receitou-lhe um xarope, prescrevendo a toma e o modo de aplicação, e aconselhou o paciente a regressar ao seu consultório dali a uma semana.

Passada uma semana lá foi o doente ao consultório do médico. Chegado à consulta, o médico perguntou ao doente: Então, obrou? Responde o doente: Oh Sr. doutor, eu lá obrar não obrei!

O médico ficou preocupado com a resposta do doente, pois entendia que a receita que prescreveu acabaria com a obstipação do doente. No entanto, aumentou-lhe a dose medicamentosa no receituário e solicitou ao doente que regressasse à sua presença passada uma semana.

Assim fez o nosso doente. Chegado ao consultório, o médico pergunta-lhe: Então, obrou? Responde o doente: Oh Sr. doutor, eu lá obrar não obrei! O médico ficou espantado e não queria acreditar na resposta, pois não era possível, dada a dose cavalar prescrita, que o doente continuasse com problemas de obstipação. 

Então, num último assomo, pois via a sua reputação em causa, o médico, num acto de desespero, pergunta rispidamente ao doente: Olhe, e cagar, cagou? Resposta pronta do doente: Oh Sr. doutor, não faço outra coisa desde a primeira vez que cá vim! E como não tenho casa de banho ia atrás da igreja. Agora a merda é tanta que a fabriqueira e o padre já não sabem se é mais barato mudar a igreja ou limpar a merda…

Vem esta história a propósito da obstipação que afecta o governo português, causando problemas cerebrais aos nossos mandantes, pois estão fartos de correr para a Alemanha consultar o médico  Schäuble, que pergunta ao Gaspar se ele já obrou. Obtendo uma resposta negativa, aconselha o Gaspar a aplicar mais austeridade, mais impostos, mais despedimentos, mais aumento do horário de trabalho, aumento da idade da reforma, mais desemprego, mais flexibilização das leis laborais, etc.

Só quando alguém perguntar ao Gaspar e ao Coelho que merda andam a fazer neste País, é que se vai concluir se será melhor remover a merda que eles fizeram ou abandonar o País.

É este o destino traçado para Portugal e para os Portugueses: um governo de merda, só pode dar um grande monte de esterco.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

SEM FUTURO COM ESTE PRESENTE



Pode parecer paradoxal esta semântica, mas não restam dúvidas de que na Europa e em Portugal, particularmente, não vislumbramos futuro, pois o presente, com todas as decisões políticas que nos são impostas à bruta e sem contemplações, coarctam a possibilidade de cada um de nós perspectivarmos um futuro.
Tudo começou com uma crise financeira, em 2007/2008, mas depressa, por incúria e incompetência (ou não) dos poderes políticos, a crise financeira transformou-se numa crise económica, pois assim tinha de ser, dada a necessidade de salvar a Banca. Depois da crise económica surgiu a crise social, fruto do desemprego, do enorme aumento de impostos, pois convinha preservar incólume e recuperar os interesses da banca e dos especuladores financeiros. Hoje o presente é vivido de incertezas, sem futuro, pois o desemprego, a fome e a miséria de 99% da população já começa a sobressair, tornando turva a ideia de um futuro que com este presente certamente não haverá.
O continente europeu, com especial incidência no século XX, viveu duas grandes guerras mundiais que destroçaram o continente e destruíram muitos países intervenientes na luta bélica e fratricida que provocou milhões de mortos. Também na Europa ocorreram guerras belicistas fruto de intervenções nacionalistas e devido a invasões de outros.
No entanto, não obstante toda a miséria, fome, destruição e morte causados por estas guerras que manifestamente mancham de sangue o século onde se assistiu a um dos maiores avanços e descobertas ao nível da tecnologia - o homem foi à Lua; descobriram-se tecnologias de apoio à produção que trouxeram mais capacidade de produção e nível de bem-estar para os povos europeus; fizeram-se descobertas científicas que muito ajudaram ao nível da medicina a salvar milhões de vidas -, o certo é que os sobreviventes das guerras, apesar da fome, das privações e provações que tiveram de viver, tiveram o “privilégio” de lhes ver ser oferecido um FUTURO.
Foi este olhar e acreditar num futuro que ajudaram à sobrevivência dos meus avós e dos meus pais, como certamente o de outros milhares de avós e de pais, num presente de privações, de destruição de fome e de miséria que lhes afectou a vida naquele presente.
O presente que hoje nos oferecem não é fruto de uma guerra bélica; não se traduz numa destruição física dos edifícios e das infra-estruturas frutos das bombas disparadas pelos canhões ou lançadas pelos aviões. Não! Não é este o presente que nos oferecem. O presente que nos é oferecido pelos responsáveis e decisores políticos, que nos seus luxuosos gabinetes ou nas salas dos luxuosos hotéis nos traçam e aplicam, é bem mais letal que as armas bélicas que disparavam, pois sofremos um presente assoberbado pelos disparos silenciosos das armas financeiras que, com uma brilhante pontaria, nos atingem a alma, nos levam à dor moral, ao sofrimento interior, aquele que não se vê fisicamente mas que dói mais que uma ferida aberta, é o presente vivido com as doenças psicológicas, as depressões que afectam milhões, pois a incerteza do presente retira toda a projecção do futuro.
É muito doloroso viver um presente de desemprego, de medo em perder o emprego, de se deitar à noite e acordar de manhã sem saber se continua a ter trabalho, de ser alvo de acusações fúteis por parte do poder político acusando-os de serem responsáveis pela crise económica, acusados de viver acima das suas possibilidades quando não deve nada a ninguém, ficou sem emprego por um despedimento colectivo, nunca foi passar férias fora de casa, nunca fez um crédito.
Esta é uma dolorosa sensação de viver um presente que não vislumbra um futuro. Um presente onde é incutido o medo. Um presente onde lhe são surripiados os parcos rendimentos que usufrui, mesmo do subsídio de desemprego, depois de quase 30 anos a trabalhar. Onde é retirado parte da reforma. Um presente que obriga quem recebe mais de 200,00€ de reforma a ter de apresentar declaração de IRS. E muito outro medo é imposto a quem vive.
Os desempregados na Europa são mais de 25 milhões. Os desempregados em Portugal são perto de um milhão e quinhentos mil, com um elevado desemprego jovem, e decidem os políticos, crápulas e cínicos, que a idade da reforma deve aumentar. Decide-se que o trabalho é um custo e deve ser desvalorizado. Aumenta-se o horário de trabalho sem ter a devida compensação salarial.  
É este presente oferecido aos portugueses e europeus que transporta nas garras dos especuladores todo um presente de medo que transforma o futuro numa miragem e obriga a viver o presente com o pensamento no passado e não no futuro.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

SUCESSO NOS MERCADOS É MAIS UM EMBUSTE


Ontem tocaram-se as trombetas da alegria, tecendo loas ao êxito da ida a mercados na venda de dívida pública a 10 anos.

Como pode ser considerado um êxito vender dívida pública a uma taxa de juro de 5,6%? Esta taxa é inferior em um ponto percentual àquela que há dois anos, altura em que a oposição - hoje é governo - clamava que o preço a pagar de juros era insuportável para os Portugueses e só o pedido de ajuda externa seria a solução - assim chegou a Troika.

Depois de tantos sacrifícios; tanto desemprego; tanto encerramento de empresas; dos aumentos colossais de impostos; cortes nos salários e nas pensões; em dois anos, apenas se reduziu um ponto na taxa de juro quando se vende dívida pública - sendo certo que os compradores dessa dívida vão ao BCE financiar-se a uma taxa de juro de 0,5%.

Será que isto é política? Será que isto é um êxito?

Só há uma solução para a UE e para o Euro: o BCE e as instituições europeias alterarem a sua política. O BCE deverá mutualizar toda a dívida pública no valor acima dos 60% do PIB dos países em dificuldade e a partir daí os governos implementarem medidas de crescimento económico e emprego. Não é possível implementar estas medidas quando um dos ministérios que mais gasta do orçamento de Estado é o "Ministério dos juros da dívida pública".

Assim não é possível sobreviver, e o governo e comentadores cantarem vitória e êxito na ida a mercados é, mais uma vez, "encanar a perna à rã" e enganar os Portugueses.

Já agora: será um sucesso do governo ter 6 mil milhões de euros parados (destinados à capitalização da banca), que não está a ser utilizados, mas estamos a pagar 350 milhões de euros de juro anualmente. Será isto correcto? Será que esta gente não está a cometer um crime e mereciam cadeia? Atacar os desempregados, os doentes, os reformados, os trabalhadores (públicos e privados) com cortes salariais e de subsídios e pagarem 350 milhões de euros de juros de dinheiro que está parado?

Ninguém mete esta gente fora do governo e do País?