segunda-feira, 25 de março de 2013

COMENTADORES POLÍTICOS NAS TELEVISÕES



Anda tudo aflito e só agora levantaram em estertor a ignomínia que se torna antigos políticos virarem comentadores da acção política nas televisões.

Isto tudo porque vem aí o José Sócrates para comentador da RTP!

Será que Marcelo e Marques Mendes não são antigos políticos e antigos presidentes do PSD? O que foi Francisco Louçã, que agora é comentador na televisão? E, já agora, Octávio Teixeira, antigo deputado e dirigente do PCP e que também é comentador nas televisões? E que cargos partidários e governamentais desempenharam Pires de Lima e Bagão Félix, em nome do CDS? E Santana Lopes o que foi senão Primeiro-ministro, Secretário de Estado, Presidente de Câmara e dirigente partidário do PSD?

É que todos estes nomes são comentadores políticos nas televisões. Que eu saiba, até hoje ainda ninguém pôs em causa o desempenho deste cargo com o facto de serem políticos ou antigos políticos. Será que só os antigos políticos do Partido Socialista estão impedidos de serem comentadores televisivos sobre a acção política?

Porque diabo, esta tribo de crápulas, estão tão indignados por Sócrates passar a fazer comentários políticos e que os comentadores não deveriam ser políticos. Será que todos os politólogos, economistas, etc., que comentam política nas televisões são isentos? São apolíticos? Não têm uma ideologia política?

Haja paciência para aturar este tipo de gente que se mostra tão pesarosa e tão isenta ao condenar a vinda de Sócrates para comentador político e passam uma esponja por cima de todos aqueles que há anos andam a fazer comentários políticos nas televisões e que desempenharam ou desempenham cargos políticos.

É esta pseuda elite que está a desgraçar este país e que dá cobertura aos desmandos que incompetentes estão a provocar neste pobre País, como o caso de surgirem nas televisões professores universitários de economia a garantirem que o desemprego se combate a reduzir salários. São este tipo de comentadores que vem branquear a ideologia que está explicitamente a ser montada em Portugal com este governo e com o apoio dos belmiros e dos soares dos santos (em letra minúscula) de que o desemprego só diminuirá com salários baixos.

No entanto, estes senhores esquecem-se de falar dos custos de contexto na produção – preços exorbitantes da electricidade, das comunicações e dos combustíveis – que encarecem de sobremaneira os custos de produção e impedem uma concorrência maior com os outros países.

Aliás, o líder do FMI que chefia a troika em Portugal, mostrou o seu espanto pelo facto da electricidade, as comunicações e os combustíveis não terem baixado de preço; mostrou a sua perplexidade pelos preços em Portugal não terem diminuído, mas isso não convém aos belmiros, aos soares dos santos, aos amorins e a todos os que “mamam” à custa da desgraça do povo. 

Só há uma preocupação: baixar salários. Teoria do “triste” Passos Coelho e do ignóbil conselheiro borges que ganha 300 mil euros/ano para aconselhar passos coelho a defender a redução dos salários, pagos pelo erário público, acrescido, ao que parece, de que este borges ainda trabalha para o conselho de administração do soares dos santos. E porque não o consultor reduzir o seu salário? Era por aí que deveria começar o dito cujo conselheiro.

Por fim, quero apenas dizer que não acho boa ideia, apenas e só nesta altura, Sócrates regressar para comentador político. Só isso!  

sexta-feira, 22 de março de 2013

DEBATE QUINZENAL NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA



Debate de hoje no Parlamento:
1 - Passos Coelho limpou da sua memória tudo o que disse, em 23 de Março de 2011, e o que fez para chumbar o PEC IV e o consequente pedido de demissão do governo de José Sócrates;
2 - Passos Coelho enche a boca a falar de que não havia dinheiro para salários e reformas do Estado; que estávamos em pré-bancarrota - Uma falsidade! As tais entidades que ele hoje idolatra passaram-lhe um grande raspanete quando reprovou na AR o tal PEC IV, basta ouvir o que disse Merkel sobre essa decisão;
3 - Portanto, é falso o que alega Passos Coelho, o PSD e o CDS sobre a falta de credibilidade externa, digo parceiros europeus, de Sócrates e do seu governo;
4 - Hoje, em resposta ao anúncio de apresentação de uma moção de censura por parte do Partido Socialista, Passos Coelho acusa António José Seguro de ter pressa em ir para o poder. É um facto que Passos Coelho está a referir-se ao que ele fez quando estava na oposição e não deu o aval político ao PEC IV, que deu origem à demissão de Sócrates e a novas eleições que elegeram Pedro Passos Coelho como Primeiro-ministro. A pressa para ir para o poder foi de Pedro Passos Coelho;
5 - Nova semântica no discurso de Passos Coelho: não vai haver despedimentos na função pública, vai haver rescisões amigáveis.
Será que o Primeiro-ministro e os membros do PSD e do CDS julgam que somos um país de néscios? Desde quando são rescisões amigáveis quando um trabalhador é colocado entre a espada e a parede? E se os trabalhadores - por que é óbvio com as baixas qualificações e com a idade não servem, segundo Passos Coelho, para trabalharem na Administração Pública, esses trabalhadores não serão empreendedores, como pateticamente Passos Coelho já se referiu - não aceitarem as tais "rescisões amigáveis", o que fará o governo?
Foi perante esta questão que, de forma cobarde, Passos Coelho não assumiu na Assembleia da República.
Esse acto de cobardia é repugnante e por isso mesmo o Partido Socialista tem toda a razão e todos os motivos para apresentar a moção de censura, pois dessa forma também se afastará do governo na implementação vergonhosa das medidas apresentadas e pelo caminho de desgraça para onde estão a encaminhar os Portugueses.
Seria bom que o Partido Socialista começasse a debater a possibilidade da saída do Euro por parte de Portugal, pois esse será um cenário que mais cedo ou mais tarde Portugal terá de encarar enquanto forem defendidas este tipo de políticas por parte da União Europeia e concretamente da zona euro.
A tipologia do nosso País em termos económicos não comporta as exigências impostas pela zona euro. O nosso País não tem sustentabilidade económica para poder cumprir com as metas exigidas, quer ao nível do défice, quer ao nível orçamental, assim como não poderá descurar a componente de sustentabilidade do actual Estado Social, pois é este que garante um mínimo de condições de vida e de dignidade da pessoa humana a cerca de dois milhões de portugueses.
É este exercício que o PS terá de começar a fazer, pois corre o risco de voltar a ir para o governo e ter necessidade de dar continuidade a esta política.
Se a União Europeia não estiver disponível para se enquadrar num estado federal, onde haja uma política comum a nível fiscal, orçamental e financeiro, a exigência de cumprimento de um défice orçamental inferior a 3%, agora espartilhado com a regra de ouro, que, mal, o PS também aprovou na Assembleia da República, não vale a pena o PS se apresentar a eleições, pois levará o povo a sentir que vai cair em mais um logro.
Negociar com os credores internacionais o pagamento da dívida no prolongamento do tempo; procurar que a troika reveja o valor dos juros que cobram a Portugal com a (des)ajuda externa, é a missão do próximo governo do nosso País, seja ele em 2013, 14 ou 15, pois o actual governo não o fará.

quarta-feira, 13 de março de 2013

A esquerda e a crise



A esquerda e a crise

 É um facto insofismável que a ortodoxia de direita nunca foi fiel a princípios e ideologias que tivesse em consideração as pessoas, essencialmente os mais desprotegidos. É secular a relação entre dominadores e dominados; entre poderosos e fracos; entre patrões e empregados; entre ricos e pobres; entre proprietários e rendeiros.
Nestas lutas entre classes sociais – com o advento da revolução industrial começou a surgir a burguesia, que passou a equiparar-se na contemporaneidade com a Classe Média -, o poder esteve sempre do lado dos mais fortes. Hoje esta lógica ainda é mais retumbante, pois o conceito ultraliberal que hoje impera no mundo económico e financeiro apenas aponta para o lucro.
Na realidade, o capitalismo nunca foi bom, e nunca teve interesse, em distribuir a sua riqueza de forma mais equitativa. O capitalismo sempre foi egoísta e procurou sempre obter cada vez mais lucros, nem que para isso tivesse de proceder à exploração do trabalho dos outros.
Houve uma fase em que o capitalismo foi aceitando um estado social de redistribuição da riqueza produzida, mas foi numa fase em que estava em confronto com o Socialismo, na vertente Comunista, que proclamava a defesa dos direitos dos trabalhadores, a detenção dos meios de produção por parte de quem trabalha e da estatização da economia, na vertente planificada. Portanto, era em confronto com esta política ideológica que o capitalismo foi aceitando um equilíbrio na redistribuição da riqueza e na constituição de um Estado Social que criasse condições para que os mais desprotegidos não se tornassem um empecilho para o mundo capitalista.
Foi dentro desta lógica que o capitalismo foi “aguentando” e aceitando o Estado Social. Só que, após o fim dos 30 gloriosos anos, que terminaram com a crise petrolífera de 1973, o capitalismo deixou de ter os elevados, exorbitantes e pornográficos lucros que advinham do facto de obterem o petróleo a preços baixos, assim como todo o expoente de produção que foi criado na Europa e no Ocidente no pós Segunda Guerra Mundial. Com esta conjuntura do aumento dos custos de produção, o capitalismo logo procurou formas de contornar a perda de lucros originados pelos custos de contexto aliados ao preço dos combustíveis.
Para poder manter o poder de mandar no mundo e manter os lucros, o capitalismo foi implementando formas de se ir impondo e criando redes que complicavam a evolução da economia planificada que grassava nos países de Leste, dominado pela URSS. Com as lutas de equilíbrio de poderes entre a NATO e o Pacto de Varsóvia na componente de equilíbrio militar, que originava a necessidade de um investimento elevado na defesa militar, o capitalismo no Ocidente foi criando as suas redes, e com a ajuda de Margaret Thatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, na América, foi preparando caminho para a implosão do bloco de Leste e para o desmantelamento da URSS.
Com o fim do Bloco de Leste e a queda do muro de Berlim, destruído o factor que dava equilíbrio às duas forças de componente ideológica (capitalismo e comunismo), o capitalismo encontrou um terreno fértil para semear a sua ideologia de confisco do preço do trabalho e de exploração da mão-de-obra, alicerçado nas deslocalizações das empresas para países de mão-de-obra barata, assim como na construção de modelos financeiros que levavam à fuga de capitais e consequente pagamento de impostos através da criação de offshores, bem como de papéis que serviam de financiamento financeiro fictício que desaguou na crise financeira, económica e social que todos conhecemos em 2008.
Para salvar o mundo financeiro e os bancos em especial, a Europa conseguiu desencantar 700 mil milhões de euros, sendo feito este salvamento da banca especulativa à custa das pessoas, que viram reduzidas a nada as suas esperanças, o seu futuro a enegrecer e as perspectivas de vida a afundarem-se cada vez mais num naufrágio colectivo da classe média e dos mais desfavorecidos.
Perante este quadro, a direita capitalista pretende desmantelar o Estado Social criado na Europa, aplicando um garrote aos trabalhadores, aos desempregados, aos reformados e aos mais necessitados com o corte nos salários, nas reformas e nos apoios sociais. O ultraliberalismo nascido da globalização começou a sua safra oferecendo um “rebuçado” nos países mais pobres, para onde se deslocou a indústria, que passaram a usufruir de uma salário um pouco melhorado, mas sendo os trabalhadores obrigados a trabalhar sem direitos, sem apoios sociais.
O capitalismo capturou os Partidos Socialista da Europa através de um subterfúgio que se alicerçava num apoio financeiro, na introdução de políticas de empréstimos a custos reduzidos, na ideia de que na Europa era possível terceirizar a economia. Com estas promessas os Partidos Socialista europeus deixaram-se embalar e adormeceram, graças à Terceira Via de Tony Blair (que hoje factura milhões a enaltecer as virtudes do ultraliberalismo e da globalização pelo mundo, escondendo todos os malefícios que causaram aos europeus a sua política económica).
Hoje, mais que nunca, a esquerda europeia tem que repensar o seu posicionamento ideológico. Os Socialistas terão de reflectir naquilo que têm para oferecer de diferente à população. Se assim não for a esquerda europeia, consubstanciada nos Partidos Socialista europeus, tem o seu fim agendado para próximo.
Um mau exemplo já foi dado por François Hollande, aquele que quando foi eleito abriu uma janela de esperança para a Esquerda Democrática europeia de ser possível uma alteração da política austeritária que está a matar a Europa, quando fez aprovar o Tratado Orçamental que mais não é que um garrote aplicado a um País que tenha necessidade de incumprimento do défice por necessidades sociais – porque se o for para defender a Banca a Comissão Europeia emitirá uma directiva que aconselha os países a esquecerem o défice, aliás como o fez Durão Barroso em 2009.