Debate de hoje no Parlamento:
1 - Passos Coelho limpou da sua
memória tudo o que disse, em 23 de Março de 2011, e o que fez para chumbar o
PEC IV e o consequente pedido de demissão do governo de José Sócrates;
2 - Passos Coelho enche a boca a
falar de que não havia dinheiro para salários e reformas do Estado; que
estávamos em pré-bancarrota - Uma falsidade! As tais entidades que ele hoje
idolatra passaram-lhe um grande raspanete quando reprovou na AR o tal PEC IV,
basta ouvir o que disse Merkel sobre essa decisão;
3 - Portanto, é falso o que alega
Passos Coelho, o PSD e o CDS sobre a falta de credibilidade externa, digo
parceiros europeus, de Sócrates e do seu governo;
4 - Hoje, em resposta ao anúncio de
apresentação de uma moção de censura por parte do Partido Socialista, Passos
Coelho acusa António José Seguro de ter pressa em ir para o poder. É um facto
que Passos Coelho está a referir-se ao que ele fez quando estava na oposição e
não deu o aval político ao PEC IV, que deu origem à demissão de Sócrates e a
novas eleições que elegeram Pedro Passos Coelho como Primeiro-ministro. A
pressa para ir para o poder foi de Pedro Passos Coelho;
5 - Nova semântica no discurso de
Passos Coelho: não vai haver despedimentos na função pública, vai haver
rescisões amigáveis.
Será que o Primeiro-ministro e os
membros do PSD e do CDS julgam que somos um país de néscios? Desde quando são
rescisões amigáveis quando um trabalhador é colocado entre a espada e a parede?
E se os trabalhadores - por que é óbvio com as baixas qualificações e com a
idade não servem, segundo Passos Coelho, para trabalharem na Administração
Pública, esses trabalhadores não serão empreendedores, como pateticamente
Passos Coelho já se referiu - não aceitarem as tais "rescisões
amigáveis", o que fará o governo?
Foi perante esta questão que, de
forma cobarde, Passos Coelho não assumiu na Assembleia da República.
Esse acto de cobardia é
repugnante e por isso mesmo o Partido Socialista tem toda a razão e todos os
motivos para apresentar a moção de censura, pois dessa forma também se afastará
do governo na implementação vergonhosa das medidas apresentadas e pelo caminho
de desgraça para onde estão a encaminhar os Portugueses.
Seria bom que o Partido
Socialista começasse a debater a possibilidade da saída do Euro por parte de
Portugal, pois esse será um cenário que mais cedo ou mais tarde Portugal terá
de encarar enquanto forem defendidas este tipo de políticas por parte da União
Europeia e concretamente da zona euro.
A tipologia do nosso País em
termos económicos não comporta as exigências impostas pela zona euro. O nosso
País não tem sustentabilidade económica para poder cumprir com as metas
exigidas, quer ao nível do défice, quer ao nível orçamental, assim como não
poderá descurar a componente de sustentabilidade do actual Estado Social, pois
é este que garante um mínimo de condições de vida e de dignidade da pessoa
humana a cerca de dois milhões de portugueses.
É este exercício que o PS terá de
começar a fazer, pois corre o risco de voltar a ir para o governo e ter
necessidade de dar continuidade a esta política.
Se a União Europeia não estiver
disponível para se enquadrar num estado federal, onde haja uma política comum a
nível fiscal, orçamental e financeiro, a exigência de cumprimento de um défice
orçamental inferior a 3%, agora espartilhado com a regra de ouro, que, mal, o
PS também aprovou na Assembleia da República, não vale a pena o PS se
apresentar a eleições, pois levará o povo a sentir que vai cair em mais um
logro.
Negociar com os credores
internacionais o pagamento da dívida no prolongamento do tempo; procurar que a
troika reveja o valor dos juros que cobram a Portugal com a (des)ajuda externa,
é a missão do próximo governo do nosso País, seja ele em 2013, 14 ou 15, pois o
actual governo não o fará.