segunda-feira, 29 de abril de 2013

AGARRAI EM MIM, SENÃO DEMITO-ME…



AGARRAI EM MIM, SENÃO DEMITO-ME…

No meu tempo de escola, havia um indivíduo dentro do nosso grupo que tinha um comportamento maquiavélico e tudo fazia para aparecer na primeira fila. Era o “salta pocinhas”, alcunha com que a rapaziada o prendou.
O “salta pocinhas” era um sujeito esperto. Não tinha cara para levar um estalo, mas era bastante conflituoso em termos verbais e ameaçava com as agressões físicas. Era a forma que o “salta pocinhas” encontrou para se manter à tona do grupo e quiçá procurar que o grupo sofresse de alguma dependência dele.
Quando algo não corria bem para o lado dele, ou algum dos membros da turma o contrariava nas suas intenções ou pretendia deixá-lo à margem, o “salta pocinhas” surgia irrequieto, arranjava que um ou outro elemento da turma iniciasse uma discussão. Depois de acesa a fogueira, surgia o “salta pocinhas” com o seu ar de líder do grupo a ameaçar fisicamente quem ousasse contrariá-lo nas suas intenções.
Só que a personagem não tinha cara para levar um estalo e utilizava sempre um estratagema que resultava em pleno e ele salvava sempre a sua face. Iniciada a ameaça, a seu lado estavam sempre duas personagens que serviam de “cão-de-fila” ao “salta pocinhas” e que já estavam ensaiados por ele para agirem, após a troca de algumas palavras mais azedas, o “salta pocinhas” fechava os punhos e ameaçava uma investida contra o seu adversário proferindo a frase: “agarrai em mim, senão mato-o”. Esta era a senha para que os dois indivíduos a seu lado o agarrassem, e o outro  interveniente na peleja optava sempre por não reagir, pois o “salta pocinhas” estava a ser agarrado pelos seus compinchas. Com este espectáculo, o “salta pocinhas” saía sempre em alta, dando-se ao desplante de afirmar que se não o tivessem agarrado ele teria dado uma carga de porrada no outro que o levava ao hospital ou à morgue.
Vem esta história a propósito do papel que Paulo Portas anda a desempenhar nos Conselhos de Ministros. Paulo Portas não faz nada que leve ao fim este governo, pois gosta muito do poder e sabe que derrubando o governo dificilmente continuará no poder. O ego é incomensuravelmente maior que o interesse do País e dos Portugueses.
Por isso, nos Conselhos de Ministros, quando se discute algo que vai mexer com a vida dos Portugueses e o Ministro dos Negócios Estrangeiros sente que vai sobrar problemas perante o eleitorado do CDS, Paulo Portas lá está a fazer ameaças a Coelho e Gaspar. Mas quando faz as suas investidas, eventualmente dirá: agarrai em mim, senão demito-me…?
E assim vamos neste País com uma grave crise económica e social, aturando estas espertezas de quem não quer deixar o poder e lá se mantém, mesmo dizendo-se contra as medidas implementadas.
Paulo Portas só deixará de ser assim, enquanto estiver no governo, enquanto não lhe for feito como se fez ao dito cujo “salta pocinhas” que um dia se meteu comigo. Não é que eu fosse ou seja um “Rambo”, o que aconteceu é que eu já estava farto da postura do “palerma”, e quando ele agiu como sempre, eu ordenei aos dois “seguranças” do “salta pocinhas” para o largarem, pois queria mesmo dar-lhe uns murros. Eles largaram-no. Ficando liberto das mãos dos seus amigos, o “salta pocinhas” virou costas e saiu de junto de nós… logo ali perdeu todo o nervosismo que encenava… e assim acabou o seu reinado, pois jamais o “salta pocinhas” proferiu qualquer ameaça e deixou de vociferar a frase: “agarrai em mim, senão mato-o”…
Pode ser que um dia destes alguém com coragem desafie Portas a passar das ameaças aos actos…
 

 

 

terça-feira, 9 de abril de 2013

O AUMENTO DA POUPANÇA NO NOSSO PAÍS



Está bem explicado?

 Tem sido enaltecido pelo governo, mormente pelo Primeiro-ministro Passos Coelho, e por alguns comentadores em intervenções e artigos de opinião, que a linha de austeridade seguida pelo governo, rumo ao empobrecimento da maioria da população, nomeadamente da Classe Média, está no caminho certo. E apresentam como bandeira do sucesso o aumento da poupança em Portugal que se reflectiu nos depósitos bancários efectuados durante o ano de 2012.

Pois Bem! Será este aumento dos depósitos bancários, e o consequente aumento da poupança, um sinal de que as medidas do governo estão certas no caminho que percorreu e pretende continuar a percorrer? Ou será um perfeito embuste a proclamação deste desiderato como fruto das boas práticas políticas na implementação do programa de austeridade da troika e do governo português que se comprometeu mesmo em ir para além da troika?

Na minha opinião, isto não passa de uma falácia do governo que pretende justificar, ajudado pelos acólitos que enxameiam as televisões, as rádios e os jornais, que a sua linha de conduta governativa está no bom caminho e que esse reflexo está no aumento da poupança e dos depósitos bancários. Só que este argumentário é falso. 

Considero esta narrativa de que num momento em que numa fase em que o rendimento disponível diminui e a poupança cresce que é um sinal de confiança dos portugueses e que as medidas de austeridade até não assim tão dolorosas e más como Passos Coelho já teve os desplante de proclamar, não passa de um embuste.

Para que o governo e os seus acólitos pudessem sustentar devidamente a correlação entre as medidas de austeridade e a diminuição do rendimento originar o aumento da poupança deveriam primeiro saber de onde advinha esse dinheiro depositado pelos portugueses. Só após esse exercício é que deveriam vangloriar-se da trama que defendem.

No entanto, quero deixar aqui três situações que, certamente, deram origem ao aumento da poupança e dos depósitos dos portugueses:

1.ª - Não sei se lembram quando foi descoberta a tramóia da fuga de capitais, mais de 13 mil milhões de euros, para paraísos fiscais e que fugiram ao pagamento dos respectivos impostos? Dessa descoberta, e fruto do pagamento de uma multa simbólica a reverter para os cofres do Estado, esse dinheiro terá regressado a Portugal devidamente “lavadinho” numa operação de Marketing que deixa muito a desejar aos criativos que trabalham para as empresas que produzem e vendem detergentes.
Ora, se esse dinheiro regressou a Portugal, ele entrou nos bancos. Conclusão: contribuiu para aumentar os depósitos e a consequente poupança;

2.ª – Outro dos motivos que deu origem ao aumento dos depósitos e da poupança deve-se ao exacerbado número de despedimentos colectivos e individuais que tiveram lugar em 2012. Com acordo de rescisão amigável do contrato de trabalho ou por decisão do tribunal, os trabalhadores despedidos receberam um valor de indemnização que depositaram no banco e criaram uma carteira de poupança (neste caso falo por conhecimento de causa própria, pois em 2012 fui para o desemprego e da indemnização que recebi fiz uma pequena carteira de poupança);

3.ª – Por fim, esta 3.ª medida repercute-se no facto da emigração ter aumentado muito em Portugal no último ano e, certamente, os portugueses que emigraram terem enviado para cá o dinheiro que poupam no país onde trabalham, até porque muitos têm compromissos financeiros em Portugal.Também estranho que ainda não tenha sido publicado o valor da remessa dos emigrantes de 2012?

Eis aqui três situações que levantei e que certamente estão na origem do aumento dos depósitos bancários e da poupança. 

Em jeito de conclusão, pelo exposto pode-se considerar falaciosa a narrativa governativa e dos seus acólitos no que tange a este assunto da poupança.