AGARRAI EM MIM, SENÃO DEMITO-ME…
No meu tempo de escola, havia um
indivíduo dentro do nosso grupo que tinha um comportamento maquiavélico e tudo
fazia para aparecer na primeira fila. Era o “salta pocinhas”, alcunha com que a
rapaziada o prendou.
O “salta pocinhas” era um sujeito
esperto. Não tinha cara para levar um estalo, mas era bastante conflituoso em
termos verbais e ameaçava com as agressões físicas. Era a forma que o “salta
pocinhas” encontrou para se manter à tona do grupo e quiçá procurar que o grupo
sofresse de alguma dependência dele.
Quando algo não corria bem para o
lado dele, ou algum dos membros da turma o contrariava nas suas intenções ou
pretendia deixá-lo à margem, o “salta pocinhas” surgia irrequieto, arranjava
que um ou outro elemento da turma iniciasse uma discussão. Depois de acesa a
fogueira, surgia o “salta pocinhas” com o seu ar de líder do grupo a ameaçar
fisicamente quem ousasse contrariá-lo nas suas intenções.
Só que a personagem não tinha cara
para levar um estalo e utilizava sempre um estratagema que resultava em pleno e
ele salvava sempre a sua face. Iniciada a ameaça, a seu lado estavam sempre
duas personagens que serviam de “cão-de-fila” ao “salta pocinhas” e que já
estavam ensaiados por ele para agirem, após a troca de algumas palavras mais
azedas, o “salta pocinhas” fechava os punhos e ameaçava uma investida contra o
seu adversário proferindo a frase: “agarrai em mim, senão mato-o”. Esta era a
senha para que os dois indivíduos a seu lado o agarrassem, e o outro interveniente na peleja optava sempre por não
reagir, pois o “salta pocinhas” estava a ser agarrado pelos seus compinchas.
Com este espectáculo, o “salta pocinhas” saía sempre em alta, dando-se ao
desplante de afirmar que se não o tivessem agarrado ele teria dado uma carga de
porrada no outro que o levava ao hospital ou à morgue.
Vem esta história a propósito do
papel que Paulo Portas anda a desempenhar nos Conselhos de Ministros. Paulo
Portas não faz nada que leve ao fim este governo, pois gosta muito do poder e
sabe que derrubando o governo dificilmente continuará no poder. O ego é incomensuravelmente
maior que o interesse do País e dos Portugueses.
Por isso, nos Conselhos de
Ministros, quando se discute algo que vai mexer com a vida dos Portugueses e o
Ministro dos Negócios Estrangeiros sente que vai sobrar problemas perante o
eleitorado do CDS, Paulo Portas lá está a fazer ameaças a Coelho e Gaspar. Mas quando
faz as suas investidas, eventualmente dirá: agarrai em mim, senão demito-me…?
E assim vamos neste País com uma
grave crise económica e social, aturando estas espertezas de quem não quer
deixar o poder e lá se mantém, mesmo dizendo-se contra as medidas
implementadas.
Paulo Portas só deixará de ser
assim, enquanto estiver no governo, enquanto não lhe for feito como se fez ao
dito cujo “salta pocinhas” que um dia se meteu comigo. Não é que eu fosse ou
seja um “Rambo”, o que aconteceu é que eu já estava farto da postura do “palerma”,
e quando ele agiu como sempre, eu ordenei aos dois “seguranças” do “salta
pocinhas” para o largarem, pois queria mesmo dar-lhe uns murros. Eles
largaram-no. Ficando liberto das mãos dos seus amigos, o “salta pocinhas” virou
costas e saiu de junto de nós… logo ali perdeu todo o nervosismo que encenava…
e assim acabou o seu reinado, pois jamais o “salta pocinhas” proferiu qualquer
ameaça e deixou de vociferar a frase: “agarrai em mim, senão mato-o”…
Pode ser que um dia destes alguém
com coragem desafie Portas a passar das ameaças aos actos…