MAS QUE GRANDES HIPÓCRITAS!
Há gente sem vergonha na cara e que não cora de vergonha com
o que diz e o que faz.
Então não é que os membros do governo e do PSD, que ainda há
dias desancaram forte e feito nos juízes do Tribunal Constitucional por não
terem bom senso na interpretação da Constituição, hoje apareceram a terreiro,
com sorriso de orelha a orelha no ecrã da televisão, a tecer os maiores elogios aos
juízes do Tribunal Constitucional, por estes terem entendido que os "salta-pocinhas"
de Câmara em Câmara ou de Junta em Junta, mesmo depois de terem completado três
mandatos numa Câmara ou numa Junta, estão autorizados a candidatarem-se na Câmara ou
Junta ao lado e levar consigo todo o séquito.
É que estes elogios aos juízes do Tribunal Constitucional
apenas o são porque os ditos juízes, outrora com falta de bom senso,
interpretaram a Lei da forma que convinha ao PSD e ao governo.
Esta decisão dos juízes do Tribunal Constitucional, na minha
modesta opinião de cidadão, transporta em si uma carga negativa sobre a justiça,
e, mais grave, sobre as trapalhadas que os políticos inventam para que haja
motivo para que uma Lei, que quando foi publicada todos entenderam que um presidente de câmara ou de junta de freguesia ao fim de três
mandatos ficava impedido de se candidatar a novo mandato. Todos sabemos isso. Não houve nenhum
político que tivesse alertado para o facto de haver a possibilidade de se
candidatarem a outro mandato numa outra câmara ou junta de freguesia. O espírito
da Lei era o impedir que um presidente de câmara ou de junta se pudesse
candidatar a mais que três mandatos. Todos os partidos calaram e aceitaram.
Como esta merda de gente é tão hipócrita, esperaram por este
ano para iniciarem a discussão da interpretação da Lei conforme as suas
conveniências. Isto foi mais uma machadada na credibilidade dos políticos, e os
juízes do Tribunal Constitucional entenderam que não se deveriam intrometer
numa querela em que os políticos de merda deste país se meteram e enredaram os juízes
nesta trampa.
Tenho muitos amigos na política activa e em cargos de
importância política, mas a amizade que tenho por eles não me inibe de pensar
como penso. Este assunto só não foi resolvido porque todos se acobardaram e não
quiseram chamar a plenário a clarificação e rectificação, se fosse caso disso,
da lei que a maioria deles aprovou em 2005, no dia 29 de Agosto. Portanto,
tiveram oito anos para clarificar esta porcaria. Mas não o fizeram! Será porque
esta interpretação, à vontade de cada um, era o que pretendiam? Se assim era,
então que revogassem a Lei e deixassem nas mãos do povo a decisão de elegerem
ou não o presidente da sua autarquia.
O que haveria era de haver uma lei que limitasse os mandatos
dos deputados, esses sim, deveriam ser corridos do Parlamento, pois só estão lá
a fazer merda e a tratar de assuntos do seu interesse? Ou não será assim?
Pobre País que tem políticos como os nossos, políticos que
aprovam leis, não as discutem, por interesses ou porque nem lêem o que aprovam;
ou pior, não têm literacia suficiente para entender o que lá está escrito.
Não me admira que o povo cada vez mais abomine os políticos.
Lamento é que a maioria daqueles que andam na política o façam por gosto, o
façam sem qualquer interesse pessoal, principalmente na maioria das Juntas de
Freguesia, e que sejam incluídos no mesmo saco desta tropa fandanga que parece
gozar com o povo.
Haja paciência! Mas o povo também tem de acordar.
Num País com um povo mais culto politicamente, mais
interventivo, mais exigente, isto da lei da limitação dos mandatos não chagava
onde chegou.
Mas com um povo como o nosso, pouco interventivo, pouco
exigente com os políticos, pouco culto politicamente, pensando apenas
individualmente e no seu interesse, subserviente ao poder, sempre à espera da
migalha que o poder lhe dá, esta novela da lei da limitação dos mandatos dava
no que efectivamente deu.
Sem comentários:
Não são permitidos novos comentários.