Nestes últimos dias temos
acompanhado as notícias sobre os números do desemprego que nos fazem sentir
envergonhados com a forma como o governo e a comunicação social tem noticiado
este assunto.
A maioria das notícias, intervenções
dos comentadores e dos governantes sobre os números divulgados pelo INE estão
recheados de incongruências, onde se pretende esconder os números anuais de
2013, dando apenas ênfase à percentagem de desempregados no mês de Dezembro de
2013.
Por parte do governo e dos
partidos da maioria já não estranho a leviandade com que ululam sobre este
tema, pois deles já espero que escondam uma parte dos números e perorem apenas
sobre o que lhes interessa. Da comunicação social também não espero grande
coisa, pois todos afinam pelo mesmo diapasão.
No entanto, lendo os números
publicados pelo INE no dia de ontem, 5, podemos tirar algumas conclusões que
nos devem, como portugueses, preocupar, pois é o futuro do País que está em
causa, pois por parte do governo e dos partidos da maioria, contrariamente ao
que apregoam, não é o País que está em causa, é apenas o facto de prover que os
credores recebam os seus usurários créditos e gritem que tudo está bem e a
política imposta tem dado resultado, dado que se aproximam eleições.
Portanto, da leitura dos números
do INE, poderemos dizer que o desemprego, contrariando as vozes correntes,
aumentou em Portugal, olhando para os números homólogos entre 2012 e 2013. O
desemprego em 2012 era de 15,7%; em 2013 o desemprego é de 16,3%. O governo
apenas se vangloria porque os números finais são inferiores aos previstos no
Orçamento do Estado para 2013. A estupidez em roda livre?
Ao falarem apenas na taxa de
15,3% de desemprego em Dezembro de 2013, o que nos estão a dar é apenas a taxa
mensal, não a taxa anual. Por isso, a mentira é grave!
Contudo, falta, também, anunciar
mais números recolhidos e publicados pelo INE respeitantes a 2013 e comparados
com o ano de 2012.
Dessa forma, os números dizem-nos
que a população activa em Portugal, entre os 15 e os 34 anos, reduziu, de 2012
para 2013, em 107,6 mil pessoas.
Nesse sentido, comparando com o
ano de 2012, Portugal perdeu, em 2013, 36 mil pessoas com idades compreendidas
entre os 15 e os 24 anos; no mesmo hiato de tempo saíram de Portugal 71,6 mil pessoas
do escalão etário compreendido entre os 25 e os 34 anos.
Por isso, importa questionar: O
que aconteceu a esta população que desapareceu dos números do INE?
O certo é que entre 2012 e 2013 a
população inactiva aumentou em 4 800 pessoas, sendo que destas reformaram-se 3
700 pessoas, tendo, por isso, passado à condição de inactivos 1 100 pessoas, o
que se pode considerar ser uma gota de água nas mais de 100 mil pessoas que
deixaram de fazer parte das estatísticas, em 2013,da população activa em
Portugal.
O quadro que nos apresenta os
números do INE é de que 107,6 mil pessoas, com menos de 34 anos, desapareceram
das estatísticas – foi a emigração que as levou?!
Perante o quadro negro publicado
pelo INE, não encontro palavras para qualificar o gáudio do governo e da
maioria com os números do desemprego apresentados em Dezembro último, isto até
porque, segundo o INE, a maioria dos postos de trabalho criados em Portugal no
ano passado é de trabalho a tempo parcial, com os trabalhadores a trabalharem
menos de 10 horas por semana. Isto é tentar enganar as pessoas. Todo o folclore
que o governo e a maioria cria à volta do desemprego não passa de uma falácia
perigosa, que põe em risco a sobrevivência de um povo, de um país.
Que futuro tem Portugal com estas
políticas? A população em idade activa e de procriação abandona o País
aconselhado pelo chefe do governo. Só o santo milagreiro acredita que estas
pessoas que agora foram corridos como proscritos regressarão um dia a Portugal
para trabalhar. Em Portugal, neste momento, ficam os velhos; os governantes
incompetentes; os reformados a mandar nas maiores instituições da República; os
banqueiros e donos das redes de distribuição; os que já desistiram da vida
activa; as poucas crianças que estão à espera de se juntar aos pais que
emigraram.
Este é o retrato de um País,
cujos responsáveis entendem que não se deve pedir a reestruturação de uma
dívida impagável.
O que vai ser de Portugal dentro
de duas décadas? Como vai Portugal poder preencher a sua população, se hoje
nascem menos 80 mil bebés por ano neste país? Como se vai fazer a substituição
das gerações?
Ninguém quer pensar nisto! O
governo está mais preocupado em se reunir, como o fez hoje, para regulamentar
as “rifas da sorte”, que irão oferecer prémios a quem pedir facturas com o
número de contribuinte.
Perante este número governativo,
não me admira que os credores, os ditos mercados, tenham transformado Portugal num
casino, pois o próprio governo incentiva os portugueses ao jogo da sorte. Muitos
vão pedir facturas com número de contribuinte… mas em 2015 terão o fisco à sua
porta a comparar o que declararam de IRS com as facturas que apresentaram para
entrar no sorteio… O governo está a criar uma armadilha aos portugueses, fazendo
com que se tornem fiscais do fisco, mas que vão cair na ratoeira…