quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O DESEMPREGO EM 2013 – AS VERDADES QUE NÃO SE DIZEM



Nestes últimos dias temos acompanhado as notícias sobre os números do desemprego que nos fazem sentir envergonhados com a forma como o governo e a comunicação social tem noticiado este assunto.
A maioria das notícias, intervenções dos comentadores e dos governantes sobre os números divulgados pelo INE estão recheados de incongruências, onde se pretende esconder os números anuais de 2013, dando apenas ênfase à percentagem de desempregados no mês de Dezembro de 2013.
Por parte do governo e dos partidos da maioria já não estranho a leviandade com que ululam sobre este tema, pois deles já espero que escondam uma parte dos números e perorem apenas sobre o que lhes interessa. Da comunicação social também não espero grande coisa, pois todos afinam pelo mesmo diapasão.
No entanto, lendo os números publicados pelo INE no dia de ontem, 5, podemos tirar algumas conclusões que nos devem, como portugueses, preocupar, pois é o futuro do País que está em causa, pois por parte do governo e dos partidos da maioria, contrariamente ao que apregoam, não é o País que está em causa, é apenas o facto de prover que os credores recebam os seus usurários créditos e gritem que tudo está bem e a política imposta tem dado resultado, dado que se aproximam eleições.
Portanto, da leitura dos números do INE, poderemos dizer que o desemprego, contrariando as vozes correntes, aumentou em Portugal, olhando para os números homólogos entre 2012 e 2013. O desemprego em 2012 era de 15,7%; em 2013 o desemprego é de 16,3%. O governo apenas se vangloria porque os números finais são inferiores aos previstos no Orçamento do Estado para 2013. A estupidez em roda livre?
Ao falarem apenas na taxa de 15,3% de desemprego em Dezembro de 2013, o que nos estão a dar é apenas a taxa mensal, não a taxa anual. Por isso, a mentira é grave!
Contudo, falta, também, anunciar mais números recolhidos e publicados pelo INE respeitantes a 2013 e comparados com o ano de 2012.
Dessa forma, os números dizem-nos que a população activa em Portugal, entre os 15 e os 34 anos, reduziu, de 2012 para 2013, em 107,6 mil pessoas.
Nesse sentido, comparando com o ano de 2012, Portugal perdeu, em 2013, 36 mil pessoas com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos; no mesmo hiato de tempo saíram de Portugal 71,6 mil pessoas do escalão etário compreendido entre os 25 e os 34 anos.
Por isso, importa questionar: O que aconteceu a esta população que desapareceu dos números do INE?
O certo é que entre 2012 e 2013 a população inactiva aumentou em 4 800 pessoas, sendo que destas reformaram-se 3 700 pessoas, tendo, por isso, passado à condição de inactivos 1 100 pessoas, o que se pode considerar ser uma gota de água nas mais de 100 mil pessoas que deixaram de fazer parte das estatísticas, em 2013,da população activa em Portugal.
O quadro que nos apresenta os números do INE é de que 107,6 mil pessoas, com menos de 34 anos, desapareceram das estatísticas – foi a emigração que as levou?!
Perante o quadro negro publicado pelo INE, não encontro palavras para qualificar o gáudio do governo e da maioria com os números do desemprego apresentados em Dezembro último, isto até porque, segundo o INE, a maioria dos postos de trabalho criados em Portugal no ano passado é de trabalho a tempo parcial, com os trabalhadores a trabalharem menos de 10 horas por semana. Isto é tentar enganar as pessoas. Todo o folclore que o governo e a maioria cria à volta do desemprego não passa de uma falácia perigosa, que põe em risco a sobrevivência de um povo, de um país.
Que futuro tem Portugal com estas políticas? A população em idade activa e de procriação abandona o País aconselhado pelo chefe do governo. Só o santo milagreiro acredita que estas pessoas que agora foram corridos como proscritos regressarão um dia a Portugal para trabalhar. Em Portugal, neste momento, ficam os velhos; os governantes incompetentes; os reformados a mandar nas maiores instituições da República; os banqueiros e donos das redes de distribuição; os que já desistiram da vida activa; as poucas crianças que estão à espera de se juntar aos pais que emigraram.
Este é o retrato de um País, cujos responsáveis entendem que não se deve pedir a reestruturação de uma dívida impagável.
O que vai ser de Portugal dentro de duas décadas? Como vai Portugal poder preencher a sua população, se hoje nascem menos 80 mil bebés por ano neste país? Como se vai fazer a substituição das gerações?
Ninguém quer pensar nisto! O governo está mais preocupado em se reunir, como o fez hoje, para regulamentar as “rifas da sorte”, que irão oferecer prémios a quem pedir facturas com o número de contribuinte.
Perante este número governativo, não me admira que os credores, os ditos mercados, tenham transformado Portugal num casino, pois o próprio governo incentiva os portugueses ao jogo da sorte. Muitos vão pedir facturas com número de contribuinte… mas em 2015 terão o fisco à sua porta a comparar o que declararam de IRS com as facturas que apresentaram para entrar no sorteio… O governo está a criar uma armadilha aos portugueses, fazendo com que se tornem fiscais do fisco, mas que vão cair na ratoeira…