Hoje, 25, milhões de gregos vão
às urnas eleger um novo parlamento e um novo Primeiro-ministro.
As sondagens apontam para a
vitória do Syriza, um partido de esquerda – apodado de esquerda radical.
Perante os resultados apontados
pelas sondagens, as últimas semanas foram férteis no aparecimento de muita
gente de renome na política europeia e mundial a mostrar-se muito preocupados
com o futuro dos gregos, caso se confirme nas urnas as projecções apresentadas:
a vitória do Syriza.
Em Portugal andam muitos
articulistas e debitadores de opinião própria muito afanados a perorar e a
escrevinhar do perigo que comporta a possível vitória do Syriza. Querem fazer
crer aos portugueses que a vitória do Syriza será um problema para Portugal.
Mas outros há que também não têm pejo de se vangloriar pela possível vitória do
Syriza, não deixando de considerar que tal desiderato do partido liderado por
Tsipras será benéfico para Portugal.
Até os líderes europeus, a
começar pelos alemães, procuraram condicionar o voto do povo grego,
apontando-lhes o caminho do abismo e da desgraça, caso o Syriza vença o acto
eleitoral.
Muitos são os constrangimentos
que procuram incutir no povo grego para os convencer a não votarem no Syriza;
apontam as suas preocupações com o futuro do povo da pátria da Democracia.
No entanto, o medo que esta gente
tem pela possível vitória do Syriza tolhe-lhes o raciocínio, provoca-lhes um
tremor de medo, e para continuarem a reinar à tripa-forra, esta tropa fandanga
que tem conduzido a Europa e os países da zona euro para o pântano de areias
movediças mostram-se muito angustiados com o futuro dos gregos em caso de
vitória do Syriza.
Mas esta gente sem escrúpulos que
se apresenta muito pesarosa com os gregos e o que lhes pode acontecer, são aqueles
que há cinco anos empurraram o povo grego para o abismo. São os mesmos que
obrigaram os governos gregos a imporem medidas de austeridade tão fortes que
colocaram o povo grego num pântano, de onde jamais conseguirá sair sem ajuda
externa; sem uma mudança de políticas sérias.
É essa esperança que o Syriza
oferece ao povo grego!
Para quem já caiu no
despenhadeiro, para quem luta avidamente para se libertar das areias movediças
do pântano para onde os lançaram, já nada mais têm a perder. O povo grego já
não pode ir mais para o fundo; nada mais tem a perder. Portanto, com a possível
vitória do Syriza, ao contrário do que alegam as mentes brilhantes defensoras
do neoliberalismo e da austeridade, nada têm a perder com a vitória do partido
de Tsipras.
É certo que a retórica daqueles
que procuram a todo o custo que o Syriza não ganhe as eleições, não passa de um
sentimento de medo por aquilo que poderá acontecer e ser obrigados a “engolir”.
No entanto, estas cabeças pejadas
de medo que a Democracia vença na Grécia, e que hoje mostram-se piedosos com o
futuro da população grega, são os mesmos que nos últimos cinco anos não tiveram
qualquer rebate de consciência com a situação social que se vive na Grécia.
Os que hoje pretendem mostrar-se
preocupados com os gregos, são os mesmos que não tiveram qualquer preocupação
com esse povo, pois as políticas implementadas pelos governos da sua confiança
era o que pretendiam. Porventura esta gente teve preocupação com os milhões de
desempregados? Com os milhares de sem-abrigo que as políticas austeritárias
provocaram? Tiveram preocupação com os milhares de crianças que passam fome? Apoquentaram-se
com o desmembramento de milhares de familiares? Alguma vez sentiram peso na sua
consciência com os ilhares de suicídios que esta política provocou?
É óbvio que esta gente nunca teve
essa preocupação! Aquilo que hoje os leva a clamarem hipocritamente a
preocupação com o povo grego não passa de uma falácia, pois o que eles querem é
incutir medo ao povo para que o Syriza não vença, dado que sentem medo que haja
uma alteração política que os obrigue a reconhecer que as medidas de
austeridade, que obrigaram os países do sul a impor aos seus povos, têm sido um
erro crasso.
O medo de que o Syriza vença não
é para benefício do povo grego, é, apenas e só, para continuar a beneficiar o
mundo financeiro e as políticas neoliberais que estão a fustigar alguns países
da Europa.