domingo, 25 de janeiro de 2015

QUEM TEM MEDO DO SYRIZA? (I)

Hoje, 25, milhões de gregos vão às urnas eleger um novo parlamento e um novo Primeiro-ministro.
As sondagens apontam para a vitória do Syriza, um partido de esquerda – apodado de esquerda radical.
Perante os resultados apontados pelas sondagens, as últimas semanas foram férteis no aparecimento de muita gente de renome na política europeia e mundial a mostrar-se muito preocupados com o futuro dos gregos, caso se confirme nas urnas as projecções apresentadas: a vitória do Syriza.
Em Portugal andam muitos articulistas e debitadores de opinião própria muito afanados a perorar e a escrevinhar do perigo que comporta a possível vitória do Syriza. Querem fazer crer aos portugueses que a vitória do Syriza será um problema para Portugal. Mas outros há que também não têm pejo de se vangloriar pela possível vitória do Syriza, não deixando de considerar que tal desiderato do partido liderado por Tsipras será benéfico para Portugal.
Até os líderes europeus, a começar pelos alemães, procuraram condicionar o voto do povo grego, apontando-lhes o caminho do abismo e da desgraça, caso o Syriza vença o acto eleitoral.
Muitos são os constrangimentos que procuram incutir no povo grego para os convencer a não votarem no Syriza; apontam as suas preocupações com o futuro do povo da pátria da Democracia.
No entanto, o medo que esta gente tem pela possível vitória do Syriza tolhe-lhes o raciocínio, provoca-lhes um tremor de medo, e para continuarem a reinar à tripa-forra, esta tropa fandanga que tem conduzido a Europa e os países da zona euro para o pântano de areias movediças mostram-se muito angustiados com o futuro dos gregos em caso de vitória do Syriza.
Mas esta gente sem escrúpulos que se apresenta muito pesarosa com os gregos e o que lhes pode acontecer, são aqueles que há cinco anos empurraram o povo grego para o abismo. São os mesmos que obrigaram os governos gregos a imporem medidas de austeridade tão fortes que colocaram o povo grego num pântano, de onde jamais conseguirá sair sem ajuda externa; sem uma mudança de políticas sérias.
É essa esperança que o Syriza oferece ao povo grego!
Para quem já caiu no despenhadeiro, para quem luta avidamente para se libertar das areias movediças do pântano para onde os lançaram, já nada mais têm a perder. O povo grego já não pode ir mais para o fundo; nada mais tem a perder. Portanto, com a possível vitória do Syriza, ao contrário do que alegam as mentes brilhantes defensoras do neoliberalismo e da austeridade, nada têm a perder com a vitória do partido de Tsipras.
É certo que a retórica daqueles que procuram a todo o custo que o Syriza não ganhe as eleições, não passa de um sentimento de medo por aquilo que poderá acontecer e ser obrigados a “engolir”.
No entanto, estas cabeças pejadas de medo que a Democracia vença na Grécia, e que hoje mostram-se piedosos com o futuro da população grega, são os mesmos que nos últimos cinco anos não tiveram qualquer rebate de consciência com a situação social que se vive na Grécia.
Os que hoje pretendem mostrar-se preocupados com os gregos, são os mesmos que não tiveram qualquer preocupação com esse povo, pois as políticas implementadas pelos governos da sua confiança era o que pretendiam. Porventura esta gente teve preocupação com os milhões de desempregados? Com os milhares de sem-abrigo que as políticas austeritárias provocaram? Tiveram preocupação com os milhares de crianças que passam fome? Apoquentaram-se com o desmembramento de milhares de familiares? Alguma vez sentiram peso na sua consciência com os ilhares de suicídios que esta política provocou?
É óbvio que esta gente nunca teve essa preocupação! Aquilo que hoje os leva a clamarem hipocritamente a preocupação com o povo grego não passa de uma falácia, pois o que eles querem é incutir medo ao povo para que o Syriza não vença, dado que sentem medo que haja uma alteração política que os obrigue a reconhecer que as medidas de austeridade, que obrigaram os países do sul a impor aos seus povos, têm sido um erro crasso.

O medo de que o Syriza vença não é para benefício do povo grego, é, apenas e só, para continuar a beneficiar o mundo financeiro e as políticas neoliberais que estão a fustigar alguns países da Europa.