A arte da mentira e da negação está impregnada
na sociedade, sendo os políticos o exemplo.
Jesus Cristo quando andou pelo
mundo chamou para espalharem a sua palavra 12 Apóstolos. Um, o Judas Iscariotes,
a troco de trinta dinheiros, traiu-o com o beijo da morte, entregando-o aos
seus inimigos.
Outro dos apóstolos de Cristo,
Pedro, o líder dos apóstolos, de nome próprio Simão, foi o escolhido por Cristo
com a missão de dar continuidade à sua obra na terra e entregou-lhe a guarda
das chaves do céu. Só que Pedro mostrou-se um cobarde e mentiroso, pois sempre
cheio de “coragem” dizia a Cristo que se fosse preciso morria por ele. Contudo,
no dia em que foi preso, Cristo disse a Pedro que antes de o galo cantar já ele
o tinha negado três vezes. E, segundo as Sagradas Escrituras, Pedro, quando
confrontado pela multidão em fúria como um homem de Cristo, negou por três
vezes que conhecesse Cristo. Até que caiu em si quando ouviu o galo a cantar e
lembrou-se das palavras de Cristo. Envergonhado refugiou-se.
Por cá temos também o Pedro, mas
este, ao contrário do Pedro de Cristo, não se envergonha, antes pelo contrário,
aquele que é chefe do governo, que tal como o outro Pedro, nega tudo o que lhe
convém. Nega que subscreveu o memorando da troika; nega que incentivou os
jovens a emigrar; nega que subiu os impostos; nega que subiu o IVA; nega que
tenha prometido que não subia impostos. Tudo isto, Pedro, o apóstolo de Cavaco,
diz ser um mito urbano. Mente, mente, mente…
O Paulo, de nome próprio Saul, do
tempo de Cristo, era um cobrador de impostos e perseguidor dos Cristãos. Um dia
Deus fê-lo cair do cavalo, após essa queda Saul tornou-se Paulo e passou a
irrevogável cobrador de impostos, assumindo-se como um “apóstolo” por se tornar
o maior anunciador do Cristianismo depois de Cristo.
Cá também temos um Paulo,
anunciador da defesa dos agricultores e reformados, visitador de feiras e
desenhador de linhas vermelhas. Enquanto o Paulo anunciador do cristianismo se
tornou mesmo irrevogável como perseguidor dos Cristãos, já o Paulo de cá tornou
a demissão irrevogável em revogável, e mente descaradamente com a sua
característica cara de pau.
Nestas últimas semanas, estes
dois “apóstolos”, abençoados por Cavaco, ofereceram aos portugueses, através de
duas entrevistas televisivas, a mais degradante imagem da falta de carácter, de
ética, de vergonha e de pudor, pois ambos mentiram de forma vergonhosa sobre o
país.
Pedro e Paulo falaram-nos de um
país que só existe na cabeça deles, pois a maioria dos portugueses não encontra
esse país idílico que ambos desenham e se dizem orgulhar em nos legar, com a
bênção de Cavaco.
Nestas duas entrevistas, Pedro e
Paulo parecem esquecer que um é Primeiro-ministro há mais de quatro anos e o
outro é membro do governo de coligação, pois nenhum deles assume qualquer
responsabilidade por todos os males causados aos portugueses por força da sua
governação. Pedro e Paulo parece que pararam no tempo em Abril de 2011, dado
que continuam a falar do PS e do governo liderado por José Sócrates.
Os dois “apóstolos” da mentira
pretendem desviar as atenções da sua governação, procurando responsabilizar o
PS. Só que o PS já foi julgado nas eleições de Junho de 2011. O povo português
foi votar e julgou o PS. Agora, no dia 4 de Outubro, será a vez do povo
português julgar a governação da coligação de direita, que governa Portugal há
mais de quatro anos.
Porque querem fugir a esse
julgamento, os “apóstolos” da mentira procuram desviar as atenções dos
portugueses.
Para as próximas eleições de 4 de
Outubro, os dois “apóstolos” da mentira já assinaram os termos da coligação em
que vão a votos juntos, pois eles tornaram-se “siameses” na arte do embuste, da
falácia e da mentira.
E o nome dado à união entre os
dois é de facto demonstrativo do estado em que eles colocaram o país nestes
mais de quatro anos de governação: “Portugal à Frente” é o título da coligação
PSD/CDS-PP que se vai apresentar nas eleições legislativas.
É intenção da coligação de
direita dar continuidade às malvadezes que infligiram aos portugueses nos
últimos quatro anos.
Não há dúvida que Coelho e
Portas, uma dupla sem qualidades, nunca foram tão assertivos como no baptismo
do filho que ambos pariram no falso casamento que celebraram no passado dia 25
de Abril.
Isto porque, “Portugal à Frente”
aplica-se que nem uma luva ao modelo de governação da coligação:
“Portugal à Frente” – No aumento
da dívida pública – em 31 de Maio de 2011 a dívida pública era de 164 mil
milhões de euros, em 31 de Maio de 2015 a dívida pública é de 224 mil milhões
de euros, não obstante todo o aumento de impostos infligido aos portugueses,
todas as privatizações das empresas públicas, todas as alterações de política
económica e financeira estabelecidas pelo BCE no que toca a assumir a dívida
pública e a consequente redução vertiginosa das taxas de juro, a brutal descida
do preço do petróleo, que é uma claro benefício para o equilíbrio da balança de
transacções, mas que os portugueses não viram espelhado na descida do preço dos
combustíveis, etc.;
“Portugal à Frente” – No aumento
da pobreza – hoje há 580 mil crianças em risco de pobreza, a pobreza infantil
aumentou nestes 4 anos mais de 8%, são mais de 300 mil idosos em risco de
pobreza;
“Portugal à Frente” – No aumento
das desigualdades;
“Portugal à Frente” – No «enorme
aumento de impostos» - a carga fiscal aumentou 4,5 mil milhões de euros todos
os anos;
“Portugal à Frente” – No corte de
salários e pensões;
“Portugal à Frente” – No corte de
apoios sociais (abono da família, complemento solidário para idosos e no RSI);
“Portugal à Frente” – No aumento
da emigração – foram mais de 350 mil pessoas que tiveram de emigrar – Portugal
recuou 30 anos na emigração;
“Portugal à Frente” – No aumento
do desemprego jovem;
“Portugal à Frente” – No aumento
de desempregados de longa duração sem qualquer apoio – são mais de 700 mil os
desempregados, 250 mil estão disponíveis para trabalhar mas estão
desencorajados, 300 mil estão há mais de dois anos sem encontrar trabalho;
“Portugal à Frente” – Na
destruição de postos de trabalho (cerca de 400 mil) – Portugal recuou 20 anos
no emprego;
“Portugal à Frente” – No aumento
do número de falências nas famílias – só no incumprimento no crédito à
habitação são 150 mil as famílias em incumprimento em Maio de 2015;
“Portugal à Frente” – No aumento
do número de falências das empresas;
“Portugal à Frente” – Na fraude
bancária (BES/GES e quejandos);
“Portugal à Frente” – Na
subserviência aos poderosos que detêm as PPP e os Swaps;
“Portugal à Frente” – Na
subserviência à Alemanha;
“Portugal à Frente” – Na
destruição do Serviço Nacional de Saúde;
“Portugal à Frente” – Na
destruição da Educação pública – o actual governo acabou com a educação de
adultos, o que é um retrocesso civilizacional e limita o nosso desenvolvimento;
“Portugal à Frente” – Na
destruição dos Serviços Públicos;
“Portugal à Frente” – Na venda
das empresas públicas que dão lucro;
“Portugal à Frente” – Na
destruição do investimento público e privado – o investimento recuou 30 anos;
“Portugal à Frente” – No aumento
das horas de trabalho sem o respectivo aumento salarial;
“Portugal à Frente” – Na arte da
mentira, do embuste e da falácia;
“Portugal à Frente” – Nos ricos
cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres;
“Portugal à Frente” – Na
destruição da Classe Média;
“Portugal à Frente” – Na
desvalorização do trabalho;
“Portugal à Frente” – Ao criar
clivagens geracionais, colocando jovens contra velhos;
“Portugal à Frente” – A pôr
empregados contra desempregados; ricos contra pobres; trabalhadores do sector
privado contra os trabalhadores do sector público.
E muito mais no “Portugal à
Frente”, nesta política de Passos e Portas, os “apóstolos” da mentira, que
pretendem continuar a destruir Portugal e a fomentar as desavenças entre o
povo.
Nota: O autor, por decisão própria, escreve com o antigo AO.
*Crónica publicada no Jornal Notícias de Esposende n.º 27/2015 – 1 a 5
de Agosto.