sábado, 8 de agosto de 2015

PEDRO E PAULO: DOIS “APÓSTOLOS” DA MENTIRA*

A arte da mentira e da negação está impregnada
na sociedade, sendo os políticos o exemplo.

Jesus Cristo quando andou pelo mundo chamou para espalharem a sua palavra 12 Apóstolos. Um, o Judas Iscariotes, a troco de trinta dinheiros, traiu-o com o beijo da morte, entregando-o aos seus inimigos.
Outro dos apóstolos de Cristo, Pedro, o líder dos apóstolos, de nome próprio Simão, foi o escolhido por Cristo com a missão de dar continuidade à sua obra na terra e entregou-lhe a guarda das chaves do céu. Só que Pedro mostrou-se um cobarde e mentiroso, pois sempre cheio de “coragem” dizia a Cristo que se fosse preciso morria por ele. Contudo, no dia em que foi preso, Cristo disse a Pedro que antes de o galo cantar já ele o tinha negado três vezes. E, segundo as Sagradas Escrituras, Pedro, quando confrontado pela multidão em fúria como um homem de Cristo, negou por três vezes que conhecesse Cristo. Até que caiu em si quando ouviu o galo a cantar e lembrou-se das palavras de Cristo. Envergonhado refugiou-se.
Por cá temos também o Pedro, mas este, ao contrário do Pedro de Cristo, não se envergonha, antes pelo contrário, aquele que é chefe do governo, que tal como o outro Pedro, nega tudo o que lhe convém. Nega que subscreveu o memorando da troika; nega que incentivou os jovens a emigrar; nega que subiu os impostos; nega que subiu o IVA; nega que tenha prometido que não subia impostos. Tudo isto, Pedro, o apóstolo de Cavaco, diz ser um mito urbano. Mente, mente, mente…
O Paulo, de nome próprio Saul, do tempo de Cristo, era um cobrador de impostos e perseguidor dos Cristãos. Um dia Deus fê-lo cair do cavalo, após essa queda Saul tornou-se Paulo e passou a irrevogável cobrador de impostos, assumindo-se como um “apóstolo” por se tornar o maior anunciador do Cristianismo depois de Cristo.
Cá também temos um Paulo, anunciador da defesa dos agricultores e reformados, visitador de feiras e desenhador de linhas vermelhas. Enquanto o Paulo anunciador do cristianismo se tornou mesmo irrevogável como perseguidor dos Cristãos, já o Paulo de cá tornou a demissão irrevogável em revogável, e mente descaradamente com a sua característica cara de pau.
Nestas últimas semanas, estes dois “apóstolos”, abençoados por Cavaco, ofereceram aos portugueses, através de duas entrevistas televisivas, a mais degradante imagem da falta de carácter, de ética, de vergonha e de pudor, pois ambos mentiram de forma vergonhosa sobre o país.
Pedro e Paulo falaram-nos de um país que só existe na cabeça deles, pois a maioria dos portugueses não encontra esse país idílico que ambos desenham e se dizem orgulhar em nos legar, com a bênção de Cavaco.
Nestas duas entrevistas, Pedro e Paulo parecem esquecer que um é Primeiro-ministro há mais de quatro anos e o outro é membro do governo de coligação, pois nenhum deles assume qualquer responsabilidade por todos os males causados aos portugueses por força da sua governação. Pedro e Paulo parece que pararam no tempo em Abril de 2011, dado que continuam a falar do PS e do governo liderado por José Sócrates.
Os dois “apóstolos” da mentira pretendem desviar as atenções da sua governação, procurando responsabilizar o PS. Só que o PS já foi julgado nas eleições de Junho de 2011. O povo português foi votar e julgou o PS. Agora, no dia 4 de Outubro, será a vez do povo português julgar a governação da coligação de direita, que governa Portugal há mais de quatro anos.
Porque querem fugir a esse julgamento, os “apóstolos” da mentira procuram desviar as atenções dos portugueses.
Para as próximas eleições de 4 de Outubro, os dois “apóstolos” da mentira já assinaram os termos da coligação em que vão a votos juntos, pois eles tornaram-se “siameses” na arte do embuste, da falácia e da mentira.
E o nome dado à união entre os dois é de facto demonstrativo do estado em que eles colocaram o país nestes mais de quatro anos de governação: “Portugal à Frente” é o título da coligação PSD/CDS-PP que se vai apresentar nas eleições legislativas.
É intenção da coligação de direita dar continuidade às malvadezes que infligiram aos portugueses nos últimos quatro anos.
Não há dúvida que Coelho e Portas, uma dupla sem qualidades, nunca foram tão assertivos como no baptismo do filho que ambos pariram no falso casamento que celebraram no passado dia 25 de Abril.
Isto porque, “Portugal à Frente” aplica-se que nem uma luva ao modelo de governação da coligação:
“Portugal à Frente” – No aumento da dívida pública – em 31 de Maio de 2011 a dívida pública era de 164 mil milhões de euros, em 31 de Maio de 2015 a dívida pública é de 224 mil milhões de euros, não obstante todo o aumento de impostos infligido aos portugueses, todas as privatizações das empresas públicas, todas as alterações de política económica e financeira estabelecidas pelo BCE no que toca a assumir a dívida pública e a consequente redução vertiginosa das taxas de juro, a brutal descida do preço do petróleo, que é uma claro benefício para o equilíbrio da balança de transacções, mas que os portugueses não viram espelhado na descida do preço dos combustíveis, etc.;
“Portugal à Frente” – No aumento da pobreza – hoje há 580 mil crianças em risco de pobreza, a pobreza infantil aumentou nestes 4 anos mais de 8%, são mais de 300 mil idosos em risco de pobreza;
“Portugal à Frente” – No aumento das desigualdades;
“Portugal à Frente” – No «enorme aumento de impostos» - a carga fiscal aumentou 4,5 mil milhões de euros todos os anos;
“Portugal à Frente” – No corte de salários e pensões;
“Portugal à Frente” – No corte de apoios sociais (abono da família, complemento solidário para idosos e no RSI);
“Portugal à Frente” – No aumento da emigração – foram mais de 350 mil pessoas que tiveram de emigrar – Portugal recuou 30 anos na emigração;
“Portugal à Frente” – No aumento do desemprego jovem;
“Portugal à Frente” – No aumento de desempregados de longa duração sem qualquer apoio – são mais de 700 mil os desempregados, 250 mil estão disponíveis para trabalhar mas estão desencorajados, 300 mil estão há mais de dois anos sem encontrar trabalho;
“Portugal à Frente” – Na destruição de postos de trabalho (cerca de 400 mil) – Portugal recuou 20 anos no emprego;
“Portugal à Frente” – No aumento do número de falências nas famílias – só no incumprimento no crédito à habitação são 150 mil as famílias em incumprimento em Maio de 2015;
“Portugal à Frente” – No aumento do número de falências das empresas;
“Portugal à Frente” – Na fraude bancária (BES/GES e quejandos);
“Portugal à Frente” – Na subserviência aos poderosos que detêm as PPP e os Swaps;
“Portugal à Frente” – Na subserviência à Alemanha;
“Portugal à Frente” – Na destruição do Serviço Nacional de Saúde;
“Portugal à Frente” – Na destruição da Educação pública – o actual governo acabou com a educação de adultos, o que é um retrocesso civilizacional e limita o nosso desenvolvimento;
“Portugal à Frente” – Na destruição dos Serviços Públicos;
“Portugal à Frente” – Na venda das empresas públicas que dão lucro;
“Portugal à Frente” – Na destruição do investimento público e privado – o investimento recuou 30 anos;
“Portugal à Frente” – No aumento das horas de trabalho sem o respectivo aumento salarial;
“Portugal à Frente” – Na arte da mentira, do embuste e da falácia;
“Portugal à Frente” – Nos ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres;
“Portugal à Frente” – Na destruição da Classe Média;
“Portugal à Frente” – Na desvalorização do trabalho;
“Portugal à Frente” – Ao criar clivagens geracionais, colocando jovens contra velhos;
“Portugal à Frente” – A pôr empregados contra desempregados; ricos contra pobres; trabalhadores do sector privado contra os trabalhadores do sector público.
E muito mais no “Portugal à Frente”, nesta política de Passos e Portas, os “apóstolos” da mentira, que pretendem continuar a destruir Portugal e a fomentar as desavenças entre o povo.

Nota: O autor, por decisão própria, escreve com o antigo AO.


*Crónica publicada no Jornal Notícias de Esposende n.º 27/2015 – 1 a 5 de Agosto.