Com o “enorme
aumento de impostos”, reconhecido pelo ministro das Finanças, vamos viver um
ano onde o desemprego vai aumentar, o custo de vida vai subir – aumentos do
gás, da electricidade, dos combustíveis, dos transportes públicos, das
telecomunicações, etc. – e os salários vão diminuir, fruto das alterações das
taxas de IRS e dos cortes nos subsídios de Natal e de Férias.
O governo, com os
votos favoráveis do PSD e do CDS e, incompreensivelmente, do PS, viu aprovada
na Assembleia da República a proposta de pagamento em duodécimos de um subsídio
para a Função Pública e 50% dos subsídios de férias e de natal para os
trabalhadores do sector privado, ou seja: todos os meses os trabalhadores vêem
no seu recibo de vencimento ser pago um valor superior que corresponde a essa
parte dos subsídios.
Ora, esta estratégia
do governo – diluir os subsídios em duodécimos – é uma autêntica “falcatrua”,
pois esta táctica vai fazer crer ao trabalhador que o seu rendimento mensal de
trabalho aumentou – ou não diminuiu devido ao aumento colossal nas taxas de IRS
que lhe são retidas na fonte -, o que vai causar uma sensação de que tudo está
bem. Mas isso não é verdade! O trabalhador terá de ter a noção, já a partir do
mês de Janeiro de 2013, que há um valor que está a receber mensalmente que já
não vai receber aquando do recebimento do subsídio de férias e do subsídio de
natal, pois nos meses em que lhes são pagos esses subsídios os trabalhadores
apenas vão receber 50% do valor que tinham direito a receber, e este embuste
criado pelo governo é que levará os trabalhadores a sentirem que mensalmente
não estão a perder rendimento do salário, o que não é verdade. Por isso convém
que os trabalhadores e os reformados e pensionistas (que também vêem os seus
subsídios pagos em duodécimos) procurem todos os meses deixar de lado a verba
correspondente à divisão do valor dos subsídios que todos os anos recebiam na
totalidade e que muitas das vezes eram aproveitados, como receita
extraordinária, para fazer pagamentos de despesas fixas (como o seguro do
automóvel ou a compra dos livros escolares para os filhos), pelo que convém que
haja esta atenção especial ao rendimento auferido mensalmente para que quando
chegarem aos meses em que recebem os subsídios não tenham uma surpresa.
Para além desta
astúcia maquiavélica do governo com a diluição dos subsídios em duodécimos que
leva os trabalhadores a sentirem que não perderam dinheiro do salário mensal, o
governo sai beneficiado porque passa a cobrar mensalmente mais impostos, pelo
que a execução fiscal mensal é superior e entra nos cofres do fisco mais
dinheiro por mês.
Publicadas as novas tabelas do IRS para 2013, logo o governo tratou de anunciar os "benefícios" para os trabalhadores, com algumas simulações, aceites passivamente pela comunicação social e noticiadas até ao enjoo, principalmente nas televisões, fazendo crer aos trabalhadores de que não perdem rendimento mensal e que com este "assalto" ao rendimento do trabalho através dos escalões do IRS o seu rendimento mensal aumentou.
Ora isso não é verdade! O único rendimento mensal que aumentou foi a cobrança dos impostos por parte da autoridade tributária.
Os trabalhadores terão de estar atentos e não se deixarem enredar nesta teia urdida pela comunicação, que procura fazer crer que uma mentira é verdade...