terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O embuste no pagamento dos duodécimos



Com o “enorme aumento de impostos”, reconhecido pelo ministro das Finanças, vamos viver um ano onde o desemprego vai aumentar, o custo de vida vai subir – aumentos do gás, da electricidade, dos combustíveis, dos transportes públicos, das telecomunicações, etc. – e os salários vão diminuir, fruto das alterações das taxas de IRS e dos cortes nos subsídios de Natal e de Férias.

O governo, com os votos favoráveis do PSD e do CDS e, incompreensivelmente, do PS, viu aprovada na Assembleia da República a proposta de pagamento em duodécimos de um subsídio para a Função Pública e 50% dos subsídios de férias e de natal para os trabalhadores do sector privado, ou seja: todos os meses os trabalhadores vêem no seu recibo de vencimento ser pago um valor superior que corresponde a essa parte dos subsídios.

Ora, esta estratégia do governo – diluir os subsídios em duodécimos – é uma autêntica “falcatrua”, pois esta táctica vai fazer crer ao trabalhador que o seu rendimento mensal de trabalho aumentou – ou não diminuiu devido ao aumento colossal nas taxas de IRS que lhe são retidas na fonte -, o que vai causar uma sensação de que tudo está bem. Mas isso não é verdade! O trabalhador terá de ter a noção, já a partir do mês de Janeiro de 2013, que há um valor que está a receber mensalmente que já não vai receber aquando do recebimento do subsídio de férias e do subsídio de natal, pois nos meses em que lhes são pagos esses subsídios os trabalhadores apenas vão receber 50% do valor que tinham direito a receber, e este embuste criado pelo governo é que levará os trabalhadores a sentirem que mensalmente não estão a perder rendimento do salário, o que não é verdade. Por isso convém que os trabalhadores e os reformados e pensionistas (que também vêem os seus subsídios pagos em duodécimos) procurem todos os meses deixar de lado a verba correspondente à divisão do valor dos subsídios que todos os anos recebiam na totalidade e que muitas das vezes eram aproveitados, como receita extraordinária, para fazer pagamentos de despesas fixas (como o seguro do automóvel ou a compra dos livros escolares para os filhos), pelo que convém que haja esta atenção especial ao rendimento auferido mensalmente para que quando chegarem aos meses em que recebem os subsídios não tenham uma surpresa.

Para além desta astúcia maquiavélica do governo com a diluição dos subsídios em duodécimos que leva os trabalhadores a sentirem que não perderam dinheiro do salário mensal, o governo sai beneficiado porque passa a cobrar mensalmente mais impostos, pelo que a execução fiscal mensal é superior e entra nos cofres do fisco mais dinheiro por mês.
Publicadas as novas tabelas do IRS para 2013, logo o governo tratou de anunciar os "benefícios" para os trabalhadores, com algumas simulações, aceites passivamente pela comunicação social e noticiadas até ao enjoo, principalmente nas televisões, fazendo crer aos trabalhadores de que não perdem rendimento mensal e que com este "assalto" ao rendimento do trabalho através dos escalões do IRS o seu rendimento mensal aumentou. 
Ora isso não é verdade! O único rendimento mensal que aumentou foi a cobrança dos impostos por parte da autoridade tributária. 
Os trabalhadores terão de estar atentos e não se deixarem enredar nesta teia urdida pela comunicação, que procura fazer crer que uma mentira é verdade...