A Democracia está em perigo! Não
pelo facto de a curto ou médio prazo poder surgir, em Portugal, um ditador, do
género do dr. Oliveira, mas sim devido à forma como os nossos governantes estão
a gerir o país, a mando dos burocratas de Bruxelas e da toda-poderosa Alemanha.
A Democracia não se esgota no
voto. Tal como a legitimidade da governação não advém apenas e só do voto. O voto
legítima o direito a governar; mas a governação é que cimenta a legitimidade
para governar, sendo esta seguida em conformidade com os parâmetros
apresentados na programática eleitoral apregoada aos eleitores e por estes
aprovada nas urnas, cientes de que os vencedores iriam governar em consonância com
o programa eleitoral apresentado, e não pelo seguidismo da cartilha imposta pelo
exterior, mormente pelos burocratas de Bruxelas, tropa fandanga que não é
eleita pelos europeus, e pela Alemanha, país que impõe aos países com
governantes fracos, lambe-botas de primeira, como o caso português, políticas
que não impõem dentro do seu próprio país. Primeiro, o Tribunal
Constitucional alemão não deixa; segundo, os alemães não sancionaram nas
urnas tal metodologia política.
Como se pode aferir, a Alemanha e
a troika clamam para a redução de salários em Portugal, inclusive do salário
mínimo. Só que a Alemanha vai aprovar a criação de um salário mínimo para os
alemães, no valor de 1 400,00 €, dizem eles que vai ajudar a aumentar o poder
de compra interno na Alemanha. Sobre esta medida, o Maçães, de cognome “o
alemão”, parece nada ter dito. Mas este “cromo”, hoje conhecido pelas
barbaridades políticas que tem apregoado, mas que nasceu nos blogs, chegou, através
disso, a conselheiro político do Passos Coelho, por isso não admira tudo o que
dizem estes artistas.
Portanto, o que está a minar a
Democracia e a colocá-la em perigo é o risco que estamos a correr em Portugal
ao não haver preocupação para com aqueles que não têm voz. Falo, como é claro,
daqueles que não se manifestam, dos que não sobem as escadarias da AR ou
invadem os Ministérios, mas sim daqueles que estão a ser levados aos limites
com uma pressão exacerbada e que ficam sem voz para defender os seus interesses.
Refiro-me, como é óbvio, à maioria de reformados e pensionistas; os
desempregados que viram chegar ao fim o apoio do subsídio de desemprego;
daqueles que vivem de pensões de sobrevivência, que apesar de não terem
dinheiro, são considerados aos olhos dos Coelhos, Portas, Maçães e Maduros
deste país como sendo “ricos”; o número significativo de jovens que não sabem o
que é estar empregado neste país; também aqueles que, hoje são cada vez mais,
vivem nas ruas.
A Democracia está em perigo, pois
o governo continua ferozmente o corte nos apoios sociais. Cada vez mais
crianças e jovens ficam em risco; cada vez mais há fome neste país; temos um
governo que corta no abono de família e nos apoios sociais, mas que tem o
desplante de gastar milhões em subconcessões privadas, em ajudas ao poder
financeiro, em isenção de impostos aos dividendos dos accionistas das empresas
do PSI20, pois 28,6%, em 2011, agora serão muito mais, das crianças portuguesas
estão em risco de pobreza; entre 2009 e 2012 foi reduzido em 33,96€ por mês o
apoio mensal do abono de família. Em 2011, hoje serão muitos mais, havia 723
000 adultos desempregados com menores a cargo.
Temos os governantes mais
mentirosos e demagogos que jamais apareceram em Portugal, piores que os do
Estado Novo, pois estes governantes enchem a boca a mentir descaradamente sobre
os exacerbados gastos em apoios sociais, pelo que começaram a cortar às cegas. Mas
esta narrativa não passa de um embuste, pois em Portugal o Estado dispensa
apenas 1,5% do PIB para o apoio económico às famílias, quando a média europeia
é de 2,3%.
Dessa forma, podemos considerar
que a verdadeira ameaça para a Democracia advém da existência deste grande
exército de pessoas que perderam a sua dignidade humana, os seus direitos de
cidadania. Pelo que os governantes, os políticos e a sociedade em geral devem
sentir-se envergonhados por no seu seio viver gente em condições tão precárias,
sem voz e sem defesa.
Num país democrático, quando
existem pessoas que deixaram de ter voz, perderam os direitos, não têm quem os
defenda e não conseguem se manifestar, é a Democracia que está doente e em
perigo de finar. É urgente que os portugueses acordem para a realidade de uma
desgraça social que já se está a abater sobre uma grande, enorme, franja da
população portuguesa!