quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

PASSOS COELHO E A MENSAGEM DE NATAL

Neste Natal, triste e pobre, o Primeiro-ministro, Passos Coelho, surgiu nos ecrãs da televisão a enviar uma mensagem de Natal. Que supostamente seria para os portugueses. Mas pelo teor da mesma, não foi dirigida aos portugueses.
Coelho falou de um país que só existe na cabeça dele e dos seus correligionários, incluindo Portas e Cavaco Silva.
Falou sobre os indicadores económicos positivos. Pudera, quem destruiu por completo a economia de um País em dois anos e meio, um pequeno aumento, um ligeiro espasmo, pode sempre ser considerado uma melhoria. Para além de ter dito a grande boçalidade da criação de 120 mil postos de trabalho, quando o que se passou, na realidade, foi o contrário, dado que, segundo o Eurostat, o número de pessoas empregadas em Portugal diminuiu 2,4% no terceiro trimestre deste ano, comparado com o período homólogo de 2012, pelo que não sei onde este sujeito se possa mostrar tão contente. 
Nesta mensagem nada disse sobre os mais de 120 mil portugueses que em 2012 fugiram de Portugal. E em 2013 o número de portugueses em fuga é exactamente o mesmo, ou mais. 
Ora, sem pessoas em idade activa num país e com outros que já desistiram de procurar emprego em Portugal, só poderia dar mesmo uma descida do desemprego em termos estatísticos, porque em termos reais não corresponde ao anunciado. 
Portanto, Coelho enviou uma mensagem de Natal para a troika e para os mercados externos, deixando no ar a promessa de que Portugal está a tornar-se naquilo que eles pretendem: ser a China e o Bangladesh da Europa ocidental, onde poderão explorar a mão-de-obra barata a trabalhar de sol a sol.
Bangladeche.

"bangladechiano", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/bangladechiano [consultado em 26-12-2013].
Bangladeche

"bangladechiano", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/bangladechiano [consultado em 26-12-2013].
Certo dia, um vizinho meu foi jogar ao casino. Não percebia nada de jogo e entrou de cabeça no jogo da roleta. Ao fim de umas cinco horas a jogar, o meu vizinho tinha virado os bolsos do avesso, tinha esgotado as contas bancárias, tinha hipotecado a casa e o carro.
O certo é que o meu vizinho ficou sem nada. Sem dinheiro, sem casa, sem carro, e até perdeu o emprego por encerramento da empresa.
Portanto, como se está a ver, o homem bateu mesmo no fundo. Aliás, não tinha mais onde poder cair, tal o abismo onde se estatelou.
Contudo, um outro vizinho, arvorado em pessoa com sensibilidade social, contratou o homem para lhe cortar a relva do seu jardim a troco de uma quantia previamente negociada, um valor muito abaixo daquele que o fingido "bom samaritano" pagava ao jardineiro que antes lhe fazia o trabalho.
Terminada a jorna, o meu vizinho jogador, abeirou-se do vizinho "samaritano" para receber a quantia estimada. O contratante pagou a verba negociada e ficou feliz da vida, pois tinha poupado uma boa maquia. Logo ali aproveitou para voltar a negociar com o desgraçado do vizinho a nova jornada de corte da relva, mas já lhe oferecendo menos do que aquilo que lhe tinha acabado de pagar pelo mesmo trabalho, alegando que arranjava com facilidade quem lhe fizesse o trabalho por menos dinheiro. O homem, necessitado que estava, lá aceitou o valor proposto e combinaram que o proprietário do jardim lhe comunicaria o dia em que teria de voltar a cortar a relva.
Entretanto, o jardineiro que sempre cortou a relva no "samaritano" deslocou-se a casa do dito cujo, com o intuíto de com ele combinar o corte da relva do jardim, conforme sempre fazia. Lá chegado ficou admirado por ver a relva já cortada. Então tocou à campainha, tendo o dono da casa e do jardim o atendido muito amavelmente.
Então, que o traz por cá? Perguntou o dono da casa.
Vinha combinar com o senhor o corte da relva. Mas já vi que está cortada!
Pois está, amigo! Contratei outro jardineiro e já não preciso dos seus préstimos. Aliás, o que eu contratei trabalha muito mais barato que o senhor. Portanto, terminou aqui a nossa relação de trabalho.
O homem lá virou costas e foi embora, cabisbaixo, pois tinha acabado de perder o emprego, dado que outro passou a desempenhar as suas funções por um preço muito mais baixo. Lá seguiu o seu caminho de cabeça baixa e a fazer contas à vida de como ia suportar o pagamento das despesas e sustentar a mulher e os filhos.
Entretanto, encontrei o meu vizinho jogador. Parei com ele numa pequena conversa, a fim de saber como estava a sua vida, resposta do meu vizinho:
- Olhe amigo, a coisa está a melhorar, já vejo uma luz ao fundo do túnel, pois acabei de receber uma pequena verba do corte da relva do jardim do nosso vizinho. A minha situação económica subiu um bocadinho. Quem estava sem nada ter agora 5 euros no bolso já é um bom exemplo de que estou a melhorar.
Pois bem, esta história bem demonstrar aquilo que Coelho tanto apregoa:
- A situação económica está a melhorar - para quem bateu no fundo, basta uma migalha para ficar melhor!
- Os privados já fizeram o ajustamento salarial - sem dúvida: à custa do desemprego e dos salários baixos, explorando a necessidade das pessoas que não conseguem sobreviver.
Este é o espelho do nosso País! Mas que os nossos governantes fazem por não querer ver.
Um vizinho oportunista aproveita-se de um vizinho desgraçado que continua na miséria, e não tem pudor em enviar para a miséria um outro que para ele trabalhava.
Moral da história: Quem tem dinheiro continua a ter mais dinheiro, e em vez de impedir que um homem vá para a miséria, envia dois. Um que fica sem rendimento; o outro que recebe miseravelmente pelo trabalho que faz!