Quem leu com atenção a carta de
demissão de Victor Gaspar, só pode concluir que não há condições políticas para
o actual governo continuar em funções.
O único que ainda não viu isto é
Passos Coelho, que continua num estado de negação deplorável. Paulo Portas
também leu nas entrelinhas a carta de demissão de Gaspar, e, com toda a sua
astúcia e manha política, logo tratou de se demitir do governo, arranjando como
desculpa a nomeação de Maria Albuquerque para o lugar de Gaspar.
Todo o mundo sabe e entende que
já não há condições para este governo continuar em funções. Os únicos que não
estão a fazer esta leitura são Coelho, que se encontra enfiado nas suas
tamancas da obstinação, da arrogância e no apego ao lugar, e Cavaco Silva, que
não soube, ou não quis, tirar as ilações de tudo o que se passou nos últimos
dias no governo de Portugal, e tão incapacitado para reagir que está, que,
segundo o divulgado pelos jornais, exigiu a Passos Coelho uma solução
governativa estável.
Não sei em que mundo vive Cavaco
e Coelho? A situação em que caiu o governo é a mesma em que um dos membros do
casal "encorna" o outro. No entanto, por interesses pessoais, materiais e
financeiros o prevaricador pede perdão ao atingido e faz juras de nunca mais
promover a traição. Só que, a desconfiança fica lá. Não existe mais paz entre
os dois. Num primeiro arrufo vem sempre ao de cima a nódoa que manchou aquela
união. Por isso, Cavaco e Coelho devem, de uma vez por todas, entender que não
podem continuar a sustentar um casal desconfiado e desavindo (o governo), o que
origina um claro prejuízo material e mental para os filhos (os Portugueses). É certo
que há uns turcos e uns “velhadas” ressabiados que estão a tentar encontrar uma
brecha no CDS/PP para conseguirem colocar Portas fora da liderança do Partido e
do governo, acenando a Coelho com uma solução de estabilidade com o CDS a
continuar no governo. Mais uma vez os interesses e as ambições pessoais desta
gente está acima dos interesses do País. A ver vamos onde isto pára!
Portanto, não há mais condições
para este governo continuar em funções e esta coligação já não tem credibilidade
junto dos portugueses, a desconfiança continuará a minar o bom
funcionamento da coligação.
Para ajudar à festa, ainda não
entendi como é possível, o presidente do BCE e o ministro das finanças alemão já
terem vindo a público tecer considerações de apoio à nova ministra das
Finanças. Como é possível esta gente se pronunciar sobre as capacidades de uma
pessoa que ainda não deu provas de nada, nem de ser capaz de gerir uma pasta
como a das finanças. O problema é que estamos a ser geridos por forças corporativas
do mundo da finança e da banca.