domingo, 14 de julho de 2013

O PS FOI ENTALADO POR CAVACO



É o segundo resgate que se avizinha


A crise política aberta pela demissão de Gaspar, seguida da tentativa de fuga de Portas, veio escancarar o que muitos já prognosticavam: a necessidade de um segundo resgate a Portugal, pois, como Gaspar confessou na carta de demissão, a política de austeridade imposta nos últimos dois anos não funcionou.
Gaspar fugiu porque era o rosto principal do falhanço. Portas tentou fugir porque não queria ficar com o ónus de estar num governo que falhou rotundamente todas as metas a que se propôs e teve de pedir um segundo resgate.
Se não foi possível a Coelho e Cavaco – Cavaco em defesa acérrima do PSD, disso não podemos duvidar – travar a saída de Gaspar, já a saída de Portas foi imobilizada, com Coelho a não entregar a Cavaco a carta de demissão do “Paulinho das feiras” (quem sabe se em conluio com Cavaco?) para o obrigar a continuar no governo que se sabia que Cavaco não iria demitir.
Dessa forma, Coelho e Cavaco impedem a saída de Portas e evitam que pudesse vir a dizer que o segundo resgate foi pedido com ele e com o CDS fora do governo e que, por isso, nada tinha a ver com o pedido do segundo resgate. Se assim congeminou a sua estratégia, o não se sabe ministro dos Negócios Estrangeiros ou vice Primeiro-ministro (?), o tiro saiu-lhe pela culatra, pois em Belém há maquiavélicos iguais ou melhores que Portas – basta a questão das escutas de Belém no governo de Sócrates -, que conseguiram engendrar uma estratégia que amarram Portas ao governo e assim impedem que o líder do CDS dê de “frosques”  e fique na poltrona a assistir à degradação do PSD. Portanto, primeira derrota para a estratégia de Portas.
Estribado Portas ao governo, importava que outra estratégia fosse germinada, pois só dessa forma o PSD de Cavaco e Coelho poderia sobreviver nas próximas eleições Legislativas – fossem antecipadas ou não. Por isso era primordial que o PS e o seu líder, António José Seguro, fossem manietados na sua liberdade de acção no papel de partido da oposição.
É assim que surge o discurso de Cavaco! Não demite já o governo, pois é importante que o País não vá para eleições enquanto a troika cá estiver. Portanto, era interessante oferecer já um rebuçado ao PS e a Seguro, que não se cansam de pedir eleições antecipadas. Fórmula encontrada para adoçar o “bico” ao PS: Cavaco compromete-se a marcar eleições antecipadas a partir de Junho de 2014, quando a troika sair, mas é imposta uma condição de o PS assinar um acordo com o PSD e o CDS para manterem um governo de salvação nacional.
Esta é uma jogada que nem Maquiavel se lembraria de aconselhar ao Príncipe! Atar ao governo o PS e António José Seguro é o mesmo que o implicar na necessidade de pedido do segundo resgate. Fazendo isso, Cavaco salva a face de Coelho e oferece a possibilidade do PSD não sofrer a maior derrota eleitoral da história do Partido, pois os três partidos ao assinarem o acordo estão a comprometer-se, depois disso nenhum poderia colocar-se à margem do segundo resgate. Chegados a eleições, PSD e CDS poderiam dizer que o PS também colaborou na necessidade do segundo resgate e que por isso não podia criticar o governo.   
Hoje o PSD e o CDS não se cansam de acusar o PS de ter assinado o memorando da troika, escondendo propositadamente que esses dois partidos também assinaram e colaboraram na implementação de medidas incluídas no memorando. Como são dois partidos chefiados por dois sem vergonha e mentirosos políticos compulsivos, o que hoje Coelho e Portas não reconhecem como responsáveis também pela assinatura do memorando, não terão pejo em alegar que o PS também assinou o acordo de governo e o pedido do segundo resgate. É com esta gente que estamos a lidar.
Dessa forma, Seguro e o PS estão embrulhados numa camisa de sete varas que lhes retira a mobilidade para poderem actuar como maior partido da oposição. Se não aceitam negociar, logo serão acusados de falta de patriotismo e que são os únicos responsáveis pela crise política. Se aceitar o acordo, o PS e Seguro não poderão limpar a marca que lhes será aposta pelos outros partidos de que também foi colaborante com o segundo pedido de resgate.
O que Cavaco fez, no seu discurso, foi infligir uma lança no PS e em Seguro que os feriu de “morte”, quer aceitem ou não o acordo de regime para o governo de salvação nacional.
 

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