Terminadas as eleições internas
para eleger os Presidentes das Federações, assim como os delegados ao
congresso, muitos membros com grandes responsabilidades no Partido Socialista
continuam a debitar um discurso falacioso e recheado de demagogia.
É repugnante que agora a
narrativa se debruce sobre qual dos dois candidatos às primárias de 28 de
Setembro teve mais votos e mais apoios. É confrangedor que apoiantes de ambos
os candidatos, com grandes responsabilidades no PS – o que lhes exigia mais
rigor e mais respeito pela inteligência dos militantes e simpatizantes
Socialistas -, continuam a expelir uma verborreia que apenas demonstra à
saciedade que estamos perante gente que não merece o mínimo de respeito pessoal
e institucional, tendo em conta o lugar que ocupam na organização, tal a
desonestidade intelectual do seu discurso. Já muita confusão foi lançada para o
ar e muita porcaria foi expelida de bocas de gente que não tem o mínimo
respeito pelo Partido Socialista, nem se coíbem de evitar a sua própria
exposição ao ridículo. Apenas parece se quererem agarrar aos lugares como
lapas, ou estar à espera de lugares.
Já foi burlesco a falácia lançada
para criar confusão ao pretenderem colar as eleições dos presidentes de
Federação às eleições Primárias de 28 de Setembro. As eleições para os
presidentes das Federações e os delegados ao Congresso federativo são
independentes e não deveriam ser misturadas com os candidatos às primárias.
Mas, infelizmente, muitos assim não entenderam e lançaram o labéu sobre os
candidatos a presidentes de Federação fazendo crer que aqui se jogava o
resultado das primárias. Este discurso ilusório apenas procurava criar confusão
nos militantes do PS. Insistir na narrativa de que nestas eleições estava em
jogo a contagem de “espingardas” e apoios para cada um dos candidatos às
primárias é a aberração discursiva na sua verdadeira acepção.
Se já era aberração o discurso
antes do acto eleitoral federativo, mais aviltante é continuarem os discursos
dos apoiantes – repito - com grandes responsabilidades dentro do Partido
Socialista, não são uns meros militantes, de ambos os candidatos, com uma
maioria a pender para o actual Secretário-Geral, a insistirem na tónica de que
se António Costa conquistou mais presidências da Federação, já António José
Seguro arrebatou um maior número de votos.
Esta argumentação retórica mais
parece o último espasmo de um moribundo. Com esta narrativa sem fundamento
apenas estão a destruir ainda mais o Partido Socialista aos olhos dos cidadãos.
Urge que alguém mande calar estas brilhantes criaturas que se olham ao espelho
a admirar a sua beleza intelectual. Haja respeito pela inteligência dos
militantes!
É uma mentira descarada o
pretender ligar o número de votos ao candidato António José Seguro. Senão
vejamos e procuremos pensar sem palas para que tudo seja transparente. A
comunicação social, com a preciosa ajuda dos inteligentes que se consideram a
nata do PS, decidiu criar e alimentar a relação das eleições para os
presidentes de Federação com os candidatos às primárias. E este pobre e
aberrante discurso foi sendo repetido até à náusea. E que alguns continuam a
debitar, mesmo passado o acto eleitoral.
Houve Federações onde surgiram
duas listas – que mostraram o seu apoio pessoal a cada um dos candidatos às
primárias -; outras onde surgiram dois candidatos que apoiavam o mesmo
candidato; e outras onde foi lista única e divididos no apoio aos candidatos às
primárias. Em algumas federações, mormente no Porto, a maior do país, houve um
acordo entre os apoiantes dos dois candidatos às primárias que se constituíram em
lista única para a Federação.
Portanto, vejamos onde está a
falácia dos discursos dos que reclamam vitória ao contabilizarem a totalidade
dos votos somados nas federações em cada um (ou no único) candidato afecto a
Seguro ou Costa. É este exercício que desvirtua toda a realidade e provoca
náusea no militante que sente estarem a fazer dele um autómato.
Para provar a falsidade deste
discurso, basta atentarmos no resultado da maior federação do País, a do Porto.
Como acima dissemos, apenas se candidatou à presidência da Federação José Luís
Carneiro, confesso apoiante de António José Seguro. Só que esta candidatura teve
o apoio de muitos militantes que já demonstraram o seu apoio a António Costa e
que deram a cara no apoio a Carneiro no Porto. Agora será legítimo contabilizar
a totalidade dos votos obtidos por Carneiro na Federação do Porto como sendo na
sua totalidade votos a contabilizar nas contas de António José Seguro? É óbvio
que este exercício não poderá ser levado em linha de conta, pois muitos dos que
votaram em Carneiro não vão votar Seguro no próximo dia 28.
Por fim, e para exemplificar a
narrativa falsa de quem pretendeu misturar as eleições federativas como o
plesbicito das primárias, apenas posso afirmar que na minha secção temos
militantes que apoiaram e votaram no candidato à federação afecto publicamente
a António Costa, mas que no dia 28 vão votar António José Seguro. É este
exemplo de pluralidade e de liberdade que deve persistir no PS. Mas com a
diarreia discursiva de muitos, apenas lamento que se continue a apostar na
autofagia do Partido Socialista.