segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O PS CONTINUA NA AUTOFAGIA



Terminadas as eleições internas para eleger os Presidentes das Federações, assim como os delegados ao congresso, muitos membros com grandes responsabilidades no Partido Socialista continuam a debitar um discurso falacioso e recheado de demagogia.
É repugnante que agora a narrativa se debruce sobre qual dos dois candidatos às primárias de 28 de Setembro teve mais votos e mais apoios. É confrangedor que apoiantes de ambos os candidatos, com grandes responsabilidades no PS – o que lhes exigia mais rigor e mais respeito pela inteligência dos militantes e simpatizantes Socialistas -, continuam a expelir uma verborreia que apenas demonstra à saciedade que estamos perante gente que não merece o mínimo de respeito pessoal e institucional, tendo em conta o lugar que ocupam na organização, tal a desonestidade intelectual do seu discurso. Já muita confusão foi lançada para o ar e muita porcaria foi expelida de bocas de gente que não tem o mínimo respeito pelo Partido Socialista, nem se coíbem de evitar a sua própria exposição ao ridículo. Apenas parece se quererem agarrar aos lugares como lapas, ou estar à espera de lugares.
Já foi burlesco a falácia lançada para criar confusão ao pretenderem colar as eleições dos presidentes de Federação às eleições Primárias de 28 de Setembro. As eleições para os presidentes das Federações e os delegados ao Congresso federativo são independentes e não deveriam ser misturadas com os candidatos às primárias. Mas, infelizmente, muitos assim não entenderam e lançaram o labéu sobre os candidatos a presidentes de Federação fazendo crer que aqui se jogava o resultado das primárias. Este discurso ilusório apenas procurava criar confusão nos militantes do PS. Insistir na narrativa de que nestas eleições estava em jogo a contagem de “espingardas” e apoios para cada um dos candidatos às primárias é a aberração discursiva na sua verdadeira acepção.
Se já era aberração o discurso antes do acto eleitoral federativo, mais aviltante é continuarem os discursos dos apoiantes – repito - com grandes responsabilidades dentro do Partido Socialista, não são uns meros militantes, de ambos os candidatos, com uma maioria a pender para o actual Secretário-Geral, a insistirem na tónica de que se António Costa conquistou mais presidências da Federação, já António José Seguro arrebatou um maior número de votos.
Esta argumentação retórica mais parece o último espasmo de um moribundo. Com esta narrativa sem fundamento apenas estão a destruir ainda mais o Partido Socialista aos olhos dos cidadãos. Urge que alguém mande calar estas brilhantes criaturas que se olham ao espelho a admirar a sua beleza intelectual. Haja respeito pela inteligência dos militantes!
É uma mentira descarada o pretender ligar o número de votos ao candidato António José Seguro. Senão vejamos e procuremos pensar sem palas para que tudo seja transparente. A comunicação social, com a preciosa ajuda dos inteligentes que se consideram a nata do PS, decidiu criar e alimentar a relação das eleições para os presidentes de Federação com os candidatos às primárias. E este pobre e aberrante discurso foi sendo repetido até à náusea. E que alguns continuam a debitar, mesmo passado o acto eleitoral.
Houve Federações onde surgiram duas listas – que mostraram o seu apoio pessoal a cada um dos candidatos às primárias -; outras onde surgiram dois candidatos que apoiavam o mesmo candidato; e outras onde foi lista única e divididos no apoio aos candidatos às primárias. Em algumas federações, mormente no Porto, a maior do país, houve um acordo entre os apoiantes dos dois candidatos às primárias que se constituíram em lista única para a Federação.
Portanto, vejamos onde está a falácia dos discursos dos que reclamam vitória ao contabilizarem a totalidade dos votos somados nas federações em cada um (ou no único) candidato afecto a Seguro ou Costa. É este exercício que desvirtua toda a realidade e provoca náusea no militante que sente estarem a fazer dele um autómato.
Para provar a falsidade deste discurso, basta atentarmos no resultado da maior federação do País, a do Porto. Como acima dissemos, apenas se candidatou à presidência da Federação José Luís Carneiro, confesso apoiante de António José Seguro. Só que esta candidatura teve o apoio de muitos militantes que já demonstraram o seu apoio a António Costa e que deram a cara no apoio a Carneiro no Porto. Agora será legítimo contabilizar a totalidade dos votos obtidos por Carneiro na Federação do Porto como sendo na sua totalidade votos a contabilizar nas contas de António José Seguro? É óbvio que este exercício não poderá ser levado em linha de conta, pois muitos dos que votaram em Carneiro não vão votar Seguro no próximo dia 28.
Por fim, e para exemplificar a narrativa falsa de quem pretendeu misturar as eleições federativas como o plesbicito das primárias, apenas posso afirmar que na minha secção temos militantes que apoiaram e votaram no candidato à federação afecto publicamente a António Costa, mas que no dia 28 vão votar António José Seguro. É este exemplo de pluralidade e de liberdade que deve persistir no PS. Mas com a diarreia discursiva de muitos, apenas lamento que se continue a apostar na autofagia do Partido Socialista.