Portugal poderá ser considerado
um caso de estudo tal a proliferação de paradoxos em que o nosso País foi
envolvido devido às vesgas visões, à incompetência legislativa e ao despudor
com que se usa a demagogia e o populismo na decisão política.
A responsabilidade maior na
transformação de Portugal num paradoxo incompreensível tem o seu maior naco na
maioria do governo, mas não deixando de parte o Presidente da República.
Seria oportuno estudar o que é
feito por trás da cortina, pois não se compreende que o discurso político do
governo e do Presidente da República não tenha reflexo prático, antes pelo
contrário, tudo é feito ao arrepio do discurso político.
O governo e o Presidente da
República anunciam aos setes ventos a necessidade dos portugueses regressarem à
agricultura! Apregoam os benefícios para o país de um regresso ao lavrar as
terras, a promover as sementeiras e, acima de tudo, a produzir bens hortícolas
que possam diminuir as importações. Este seria um discurso sério por parte do
governo. Mas não o poderemos aceitar, pois o governo tudo faz para que as
populações fujam da agricultura e, essencialmente, do interior. Isto tudo com o
alto patrocínio, pelo seu silêncio, do Presidente da República.
Mas vamos por partes deste
paradoxo que envolve, numa teia de interesses obscuros, oportunistas e pouco
claros, Portugal.
Como todos sabemos a agricultura
só poderá ser impulsionada no interior, tendo em conta que a voracidade dos
patos bravos pelo imobiliário nos últimos anos destruiu no litoral terrenos agrícolas
férteis para aí construírem prédios para habitação, férias, fim-de-semana, etc.
Pela avidez de lucros fáceis – sempre com o patrocínio dos vários governos
desde 1985, que licenciou as construções sem qualquer planeamento consciente –
a maioria dos terrenos férteis para uso agrícola no litoral foi delapidado pelo
betão.
Dessa forma só restaria o
aproveitamento dos terrenos agrícolas do interior e aí promover o incentivo do
regresso ao amanho das terras e à produção agrícola, não só para a subsistência
mas, essencialmente, para a comercialização.
No entanto, a decisão política
contraria todo o discurso que o governo e o Presidente da República debitam
sobre a necessidade do regresso à agricultura. Sendo o interior a única parte
de Portugal onde se poderá apostar seriamente na agricultura, não se compreende
a postura do governo em fechar tudo no interior. Quando há necessidade de fixar
pessoas no interior para revitalizar a agricultura, o governo resolve fechar os
correios, encerrar escolas, desmantelar os Centros de Saúde, acabar com as Repartições
de Finanças, acabar com as Juntas de Freguesia e, para cúmulo final, encerrar
os tribunais.
Alguém é capaz de explicar que
motivações têm os Portugueses de se manterem, ou ir, no interior quando tudo é retirado?
Qualquer localidade onde lhe sejam retirados serviços é potenciar a
desertificação.
Assim, este governo, em nome de
uma austeridade sem freio, destrói tudo o que é Serviços Públicos. Desaba com
os sonhos e as ambições das pessoas, que assim preferem abandonar as suas
terras e procurar abrigo no superlotado litoral ou na emigração.
O governo vesgo para com o
interesse público e à deriva tem apenas como objectivo final cortar,
desmantelar, embaratecer e destruir, para depois vender ao desbarato a privados
o que é público. Urge acabar com este paradoxo em que Portugal está
transformado por responsabilidade de um governo incompetente, uma oposição sem
rumo e com os cidadãos amorfos e anestesiados que não reagem, não criticam e
não luta por um Portugal melhor. Os portugueses hoje em dia apenas pretendem
olhar o seu umbigo e defender o seu interesse individual, para gáudio do
governo pois é este o caminho que está a desenhar para Portugal. Pobreza de
espírito no Portugal sem rumo e sem glória.