segunda-feira, 1 de setembro de 2014

UM PARADOXO CHAMADO PORTUGAL



Portugal poderá ser considerado um caso de estudo tal a proliferação de paradoxos em que o nosso País foi envolvido devido às vesgas visões, à incompetência legislativa e ao despudor com que se usa a demagogia e o populismo na decisão política.
A responsabilidade maior na transformação de Portugal num paradoxo incompreensível tem o seu maior naco na maioria do governo, mas não deixando de parte o Presidente da República.
Seria oportuno estudar o que é feito por trás da cortina, pois não se compreende que o discurso político do governo e do Presidente da República não tenha reflexo prático, antes pelo contrário, tudo é feito ao arrepio do discurso político.
O governo e o Presidente da República anunciam aos setes ventos a necessidade dos portugueses regressarem à agricultura! Apregoam os benefícios para o país de um regresso ao lavrar as terras, a promover as sementeiras e, acima de tudo, a produzir bens hortícolas que possam diminuir as importações. Este seria um discurso sério por parte do governo. Mas não o poderemos aceitar, pois o governo tudo faz para que as populações fujam da agricultura e, essencialmente, do interior. Isto tudo com o alto patrocínio, pelo seu silêncio, do Presidente da República.
Mas vamos por partes deste paradoxo que envolve, numa teia de interesses obscuros, oportunistas e pouco claros, Portugal.
Como todos sabemos a agricultura só poderá ser impulsionada no interior, tendo em conta que a voracidade dos patos bravos pelo imobiliário nos últimos anos destruiu no litoral terrenos agrícolas férteis para aí construírem prédios para habitação, férias, fim-de-semana, etc. Pela avidez de lucros fáceis – sempre com o patrocínio dos vários governos desde 1985, que licenciou as construções sem qualquer planeamento consciente – a maioria dos terrenos férteis para uso agrícola no litoral foi delapidado pelo betão.
Dessa forma só restaria o aproveitamento dos terrenos agrícolas do interior e aí promover o incentivo do regresso ao amanho das terras e à produção agrícola, não só para a subsistência mas, essencialmente, para a comercialização.
No entanto, a decisão política contraria todo o discurso que o governo e o Presidente da República debitam sobre a necessidade do regresso à agricultura. Sendo o interior a única parte de Portugal onde se poderá apostar seriamente na agricultura, não se compreende a postura do governo em fechar tudo no interior. Quando há necessidade de fixar pessoas no interior para revitalizar a agricultura, o governo resolve fechar os correios, encerrar escolas, desmantelar os Centros de Saúde, acabar com as Repartições de Finanças, acabar com as Juntas de Freguesia e, para cúmulo final, encerrar os tribunais.
Alguém é capaz de explicar que motivações têm os Portugueses de se manterem, ou ir, no interior quando tudo é retirado? Qualquer localidade onde lhe sejam retirados serviços é potenciar a desertificação.
Assim, este governo, em nome de uma austeridade sem freio, destrói tudo o que é Serviços Públicos. Desaba com os sonhos e as ambições das pessoas, que assim preferem abandonar as suas terras e procurar abrigo no superlotado litoral ou na emigração.
O governo vesgo para com o interesse público e à deriva tem apenas como objectivo final cortar, desmantelar, embaratecer e destruir, para depois vender ao desbarato a privados o que é público. Urge acabar com este paradoxo em que Portugal está transformado por responsabilidade de um governo incompetente, uma oposição sem rumo e com os cidadãos amorfos e anestesiados que não reagem, não criticam e não luta por um Portugal melhor. Os portugueses hoje em dia apenas pretendem olhar o seu umbigo e defender o seu interesse individual, para gáudio do governo pois é este o caminho que está a desenhar para Portugal. Pobreza de espírito no Portugal sem rumo e sem glória.