Marinhas, 1 de Outubro de 2014
Exmo. Senhor Presidente,
Desde já os meus cordiais cumprimentos.
Permita-me, Senhor Presidente, que lhe dirija esta
simples carta de modo a que possa chegar ao conhecimento dos Marinhenses, em
particular, e dos Esposendenses, em geral, pois o assunto que aqui irei versar
será esclarecedor para muitos Marinhenses. Vamos então aos factos que me fazem
dirigir a V. Exa. por este meio.
Na Assembleia Municipal do passado dia 30 do pretérito passado mês de
Setembro, foi feita uma intervenção, por uma deputada municipal, a denunciar a
forma pouco cuidada como foi feita a limpeza das ruas na cidade de Esposende,
parte respeitante à extinta freguesia de Marinhas, e na extinta freguesia de
Fão. Áreas que todos sabemos são da responsabilidade da Esposende Ambiente,
Empresa Municipal.
Na resposta à deputada municipal, V. Exa. argumentou
que não entende o motivo pelo qual há tanta preocupação com a limpeza das ruas,
pois até entende que nas zonas rurais as bermas possam ter algumas ervas, desde
que não sejam de um metro de altura, e que daí não virá mal ao mundo, pois
interessa sim é que no centro as ruas estejam limpas. Disse o senhor que a
limpeza das ruas obriga a um forte investimento em meios humanos e materiais e
estão limitados à aplicação de herbicidas. Foi mais ou menos assim que o Senhor
Presidente se expressou em resposta à intervenção da Deputada municipal.
Foi a sua resposta, Senhor Presidente, que me leva a endereçar-lhe esta
Carta Aberta. Então o Senhor entende que a extinta freguesia de Marinhas, que
faz parte integrante da cidade de Esposende, é uma zona rural? Mas mesmo que o
fosse, como pode V. Exa. tratar assim os munícipes que moram nas zonas rurais, ou
será que os munícipes das zonas rurais não têm direito a ter as suas ruas
devidamente limpas e asseadas? Será que o Senhor, como Presidente da Câmara de
Esposende, entende que há duas qualidades de munícipes, os urbanos e os rurais?
No entanto, Senhor Presidente deixe-me só lhe
lembrar, os munícipes da extinta freguesia de Marinhas são taxados e são-lhe
cobrados impostos como pertencentes à cidade de Esposende. Ao que me parece,
uma localidade apenas tem o título de cidade quando enquadrado num aglomerado
urbano. Não conheço nenhuma cidade rural. Ou será que os Marinhenses são
considerados urbanos para pagar taxas e impostos e passam a ser rurais para a
limpeza das
ruas?
Como marinhense sinto-me ofendido por ser tratado
de forma desigual. Como marinhense quero dizer ao Senhor Presidente da Câmara
que tenho o mesmo direito de ter as ruas da minha freguesia devidamente limpas
e asseadas; que tenho o direito de ter a luz pública ligada; que tenho o
direito de ter o piso e os passeios nas ruas devidamente cuidados da mesma
forma que esse direito é concedido aos urbanos, pois nós, os Marinhenses,
pagamos IMI como residentes em zona urbana, pagamos o Imposto Único de Circulação
(imposto do automóvel) no mesmo valor que pagam os urbanos, e esses impostos
foram criados – e entregues na sua totalidade à Câmara Municipal – para que o
Município possa zelar pelas infra-estruras públicas, pela limpeza e manutenção
das ruas. É esse o direito em que me arrogo, pois para isso pagamos e não
julgue o Senhor Presidente da Câmara que está a fazer um favor aos rurais da
cidade de Esposende.
Para que possa verificar da realidade que foi a
vergonha na limpeza das ruas em Marinhas, as fotografias que aqui se juntam,
tiradas no mês de Julho deste ano, demonstram o estado de desleixo nas ruas em
Cepães – uma zona balnear – e em Góios. Mas o mesmo desleixo também o foi em
Outeiro, Pinhote, Rio de Moinhos e Igreja.
Resta acrescentar, Senhor Presidente, que no final
da Assembleia abordei o Senhor Presidente da Junta de Freguesia da União de
Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, Aurélio Neiva, sobre o facto de na
sua intervenção ter classificado Marinhas como uma zona rural. A resposta de
Aurélio Neiva foi exemplificativa da forma como alguns autarcas pensam:
você vive em Cepães que é zona urbana,
mas as Marinhas da Estrada Nacional 13 para Nascente é uma zona rural.
Exemplificativo o corporativismo partidário.
Por fim, Senhor Presidente da Câmara, quero-lhe
dizer que esta sua postura e este seu pensamento, à laia do político Calisto
Elói de Silos e Benevides de Barbuda, que foi da província para Lisboa e
esqueceu os provincianos não teve um grande fim como político, “A Queda dum
Anjo”, de Camilo Castelo Branco.
Receba, Senhor Presidente, as minhas cordiais
saudações, subscrevo-me.
Atentamente,
Laurentino da Cruz Regado
(Cepães – Marinhas)