segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA CÂMARA DE ESPOSENDE BENJAMIM PEREIRA



Marinhas, 1 de Outubro de 2014
Exmo. Senhor Presidente,
Desde já os meus cordiais cumprimentos.
Permita-me, Senhor Presidente, que lhe dirija esta simples carta de modo a que possa chegar ao conhecimento dos Marinhenses, em particular, e dos Esposendenses, em geral, pois o assunto que aqui irei versar será esclarecedor para muitos Marinhenses. Vamos então aos factos que me fazem dirigir a V. Exa. por este meio.
 
Na Assembleia Municipal do passado dia 30 do pretérito passado mês de Setembro, foi feita uma intervenção, por uma deputada municipal, a denunciar a forma pouco cuidada como foi feita a limpeza das ruas na cidade de Esposende, parte respeitante à extinta freguesia de Marinhas, e na extinta freguesia de Fão. Áreas que todos sabemos são da responsabilidade da Esposende Ambiente, Empresa Municipal.
Na resposta à deputada municipal, V. Exa. argumentou que não entende o motivo pelo qual há tanta preocupação com a limpeza das ruas, pois até entende que nas zonas rurais as bermas possam ter algumas ervas, desde que não sejam de um metro de altura, e que daí não virá mal ao mundo, pois interessa sim é que no centro as ruas estejam limpas. Disse o senhor que a limpeza das ruas obriga a um forte investimento em meios humanos e materiais e estão limitados à aplicação de herbicidas. Foi mais ou menos assim que o Senhor Presidente se expressou em resposta à intervenção da Deputada municipal.
Foi a sua resposta, Senhor Presidente, que me leva a endereçar-lhe esta Carta Aberta. Então o Senhor entende que a extinta freguesia de Marinhas, que faz parte integrante da cidade de Esposende, é uma zona rural? Mas mesmo que o fosse, como pode V. Exa. tratar assim os munícipes que moram nas zonas rurais, ou será que os munícipes das zonas rurais não têm direito a ter as suas ruas devidamente limpas e asseadas? Será que o Senhor, como Presidente da Câmara de Esposende, entende que há duas qualidades de munícipes, os urbanos e os rurais?
No entanto, Senhor Presidente deixe-me só lhe lembrar, os munícipes da extinta freguesia de Marinhas são taxados e são-lhe cobrados impostos como pertencentes à cidade de Esposende. Ao que me parece, uma localidade apenas tem o título de cidade quando enquadrado num aglomerado urbano. Não conheço nenhuma cidade rural. Ou será que os Marinhenses são considerados urbanos para pagar taxas e impostos e passam a ser rurais para a limpeza das ruas?  
Como marinhense sinto-me ofendido por ser tratado de forma desigual. Como marinhense quero dizer ao Senhor Presidente da Câmara que tenho o mesmo direito de ter as ruas da minha freguesia devidamente limpas e asseadas; que tenho o direito de ter a luz pública ligada; que tenho o direito de ter o piso e os passeios nas ruas devidamente cuidados da mesma forma que esse direito é concedido aos urbanos, pois nós, os Marinhenses, pagamos IMI como residentes em zona urbana, pagamos o Imposto Único de Circulação (imposto do automóvel) no mesmo valor que pagam os urbanos, e esses impostos foram criados – e entregues na sua totalidade à Câmara Municipal – para que o Município possa zelar pelas infra-estruras públicas, pela limpeza e manutenção das ruas. É esse o direito em que me arrogo, pois para isso pagamos e não julgue o Senhor Presidente da Câmara que está a fazer um favor aos rurais da cidade de Esposende.
Para que possa verificar da realidade que foi a vergonha na limpeza das ruas em Marinhas, as fotografias que aqui se juntam, tiradas no mês de Julho deste ano, demonstram o estado de desleixo nas ruas em Cepães – uma zona balnear – e em Góios. Mas o mesmo desleixo também o foi em Outeiro, Pinhote, Rio de Moinhos e Igreja.
Resta acrescentar, Senhor Presidente, que no final da Assembleia abordei o Senhor Presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra, Aurélio Neiva, sobre o facto de na sua intervenção ter classificado Marinhas como uma zona rural. A resposta de Aurélio Neiva foi exemplificativa da forma como alguns autarcas pensam: você  vive em Cepães que é zona urbana, mas as Marinhas da Estrada Nacional 13 para Nascente é uma zona rural. Exemplificativo o corporativismo partidário.
Por fim, Senhor Presidente da Câmara, quero-lhe dizer que esta sua postura e este seu pensamento, à laia do político Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, que foi da província para Lisboa e esqueceu os provincianos não teve um grande fim como político, “A Queda dum Anjo”, de Camilo Castelo Branco.
Receba, Senhor Presidente, as minhas cordiais saudações, subscrevo-me.
                                                                                              Atentamente,
                                                                                Laurentino da Cruz Regado
                                                                                    (Cepães – Marinhas)