sexta-feira, 12 de junho de 2015

FOI HÁ TRINTA ANOS

Faz hoje, 12 de Junho, precisamente 30 anos que Portugal formalizou definitivamente a entrada na CEE, cujo contrato de adesão foi assinado, em 15 de Junho de 1985, no Mosteiro dos Jerónimos.
Após esta formalização, Portugal passou a ser membro de pleno direito da CEE, em 1 de Janeiro de 1986.
Passados 30 anos da adesão à Europa, podemos dizer que temos uma geração de europeístas. No entanto, por paradoxal que seja, aquando da realização da cerimónia do contrato de adesão havia uma figura que estava contra esta adesão: Aníbal Cavaco Silva. Por isso, logo que chegou a líder do PSD, acabou com o governo de bloco central de Mário Soares e Mota Pinto.
Mas ironia das ironias! Foi Cavaco Silva, investido das funções de primeiro-ministro, que mais benefícios políticos retirou com a adesão de Portugal à CEE.
O dinheiro era tanto a entrar todos os dias, que os políticos portugueses, empresários e afins andavam nas suas sete quintas a desbaratar milhões da CEE.
Iniciou-se a saga do betão e das auto-estradas em Portugal. Foi com a entrada na CEE que foi projectada, com os dinheiros do fundo de coesão, o IC1, a via rápida que iria ligar o Algarve a Valença do Minho, mas que ainda não foi concluída e já foi transformada, em muitos dos seus troços em auto-estrada. Foi iniciado o desmantelamento da linha ferroviária, pois era entendimento do primeiro-ministro que o desenvolvimento do interior só seria possível através da rodovia, pelo que era importante fazer auto-estradas (não foi o Sócrates, apesar de muita asneira nesta matéria, o “visionário” das auto-estradas).
A CEE trouxe tanto dinheiro para a formação dos trabalhadores portugueses que até deu para serem amarfanhados uns grandes milhões sem que tivesse havido qualquer fiscalização, pois grande parte dos trabalhadores não recebia formação, assinava uns papéis a pedido dos patrões, e todos recebiam dinheiro da formação, menos o trabalhador, que nem recebia dinheiro nem formação. Durante anos andaram a arrastar-se nos tribunais processos respeitantes a esta forma de utilização dos dinheiros vindos da CEE para a formação profissional.
Antigamente eramos sustentados pelas especiarias do Oriente, pelo ouro do Brasil, depois pelo apoio dos ingleses e por fim pelas colónias ultramarinas. Terminado esse ciclo, virámo-nos para a Europa, que nos passou a sustentar. E ainda agora continuamos.
Comos se pode concluir, o tal senhor que não é político já anda há mais de trinta anos na política, pois também temos de contar o tempo em que foi ministro das finanças de Sá Carneiro no governo AD e que deixou o país na bancarrota – quem não se lembra que vá ler os documentos desse tempo.
Foi com ele à frente dos destinos do país e do seu partido que o hoje primeiro-ministro era líder da juventude do seu partido. Portanto, apesar de umas postas de pescada mandadas um ao outro, eles sempre se deram bem, pois o motivo era o mesmo que os fazia andar na política.

Dessa forma não admira que o hoje Presidente da República seja o defensor do governo. E, trinta anos depois, continua a fazer-se de inocente como se nunca tivesse tido responsabilidades políticas no país.