Faz hoje, 12 de Junho,
precisamente 30 anos que Portugal formalizou definitivamente a entrada na CEE,
cujo contrato de adesão foi assinado, em 15 de Junho de 1985, no Mosteiro dos
Jerónimos.
Após esta formalização, Portugal
passou a ser membro de pleno direito da CEE, em 1 de Janeiro de 1986.
Passados 30 anos da adesão à
Europa, podemos dizer que temos uma geração de europeístas. No entanto, por
paradoxal que seja, aquando da realização da cerimónia do contrato de adesão
havia uma figura que estava contra esta adesão: Aníbal Cavaco Silva. Por isso,
logo que chegou a líder do PSD, acabou com o governo de bloco central de Mário
Soares e Mota Pinto.
Mas ironia das ironias! Foi
Cavaco Silva, investido das funções de primeiro-ministro, que mais benefícios
políticos retirou com a adesão de Portugal à CEE.
O dinheiro era tanto a entrar
todos os dias, que os políticos portugueses, empresários e afins andavam nas
suas sete quintas a desbaratar milhões da CEE.
Iniciou-se a saga do betão e das
auto-estradas em Portugal. Foi com a entrada na CEE que foi projectada, com os
dinheiros do fundo de coesão, o IC1, a via rápida que iria ligar o Algarve a
Valença do Minho, mas que ainda não foi concluída e já foi transformada, em
muitos dos seus troços em auto-estrada. Foi iniciado o desmantelamento da linha
ferroviária, pois era entendimento do primeiro-ministro que o desenvolvimento
do interior só seria possível através da rodovia, pelo que era importante fazer
auto-estradas (não foi o Sócrates, apesar de muita asneira nesta matéria, o “visionário”
das auto-estradas).
A CEE trouxe tanto dinheiro para
a formação dos trabalhadores portugueses que até deu para serem amarfanhados
uns grandes milhões sem que tivesse havido qualquer fiscalização, pois grande
parte dos trabalhadores não recebia formação, assinava uns papéis a pedido dos
patrões, e todos recebiam dinheiro da formação, menos o trabalhador, que nem
recebia dinheiro nem formação. Durante anos andaram a arrastar-se nos tribunais
processos respeitantes a esta forma de utilização dos dinheiros vindos da CEE
para a formação profissional.
Antigamente eramos sustentados
pelas especiarias do Oriente, pelo ouro do Brasil, depois pelo apoio dos
ingleses e por fim pelas colónias ultramarinas. Terminado esse ciclo, virámo-nos
para a Europa, que nos passou a sustentar. E ainda agora continuamos.
Comos se pode concluir, o tal
senhor que não é político já anda há mais de trinta anos na política, pois
também temos de contar o tempo em que foi ministro das finanças de Sá Carneiro
no governo AD e que deixou o país na bancarrota – quem não se lembra que vá ler
os documentos desse tempo.
Foi com ele à frente dos destinos
do país e do seu partido que o hoje primeiro-ministro era líder da juventude do
seu partido. Portanto, apesar de umas postas de pescada mandadas um ao outro,
eles sempre se deram bem, pois o motivo era o mesmo que os fazia andar na
política.
Dessa forma não admira que o hoje
Presidente da República seja o defensor do governo. E, trinta anos depois,
continua a fazer-se de inocente como se nunca tivesse tido responsabilidades
políticas no país.