terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PEDRO, E A RETOMA



Pedro, e a retoma

Aqueles que têm mais de 50 anos certamente que se lembram do livro de leitura da 4.ª Classe. Esse livro apresentava-nos histórias e no final de alguns deles era-nos apresentado o moral da história.

Uma dessas histórias, intitulada “É perigoso mentir”, contava a história de Horácio, um rapazola de 14 anos, pastor, e costumava guardar as ovelhas e as cabras na encosta de um monte, perto da sua aldeia. Este rapazola tinha o mau hábito de mentira, não obstante a população da aldeia até o considerar que não era mau moço.
Certo dia, Horácio, querendo rir-se à custa do bom povo da aldeia e das gentes da vizinhança, começou a gritar, alto e bom som: - Aí vem lobo! Aí vem lobo!
Como era óbvio, os camponeses, sempre prontos a ajudar quem se encontrava em dificuldade, deixaram todos os seus afazeres e, armados de varapaus, começaram a aparecer de todos os lados à procura do lobo. Não tendo encontrado nada, regressaram ao trabalho. Mas o jovem Horácio pôs-se a rir às escondidas a gozar com o bom povo, que sempre se mostrou pronto a ajudar quando Horácio clamava por ajuda por estar em dificuldades. Horácio, tomou o gosto à brincadeira e lá voltou, na semana seguinte, a gritar: - Aí vem lobo! Aí vem lobo! Mais uma vez os camponeses foram em auxílio do jovem, mas desta feita foram menos os camponeses que correram a prestar ajuda ao farsola. E, mais uma vez, nada tendo visto, foram-se embora e regressaram, cabisbaixos, aos seus afazeres.
Passado algum tempo, Horácio, como era o seu costume, andava na encosta da serra a guardar as ovelhas e as cabras. Repentinamente, um lobo enorme transpõe a sebe e começa a atacar as ovelhas e as cabras, via-se que era um animal faminto.
O jovem pastor começa a gritar com todas as suas forças: - Acudam! Socorro! Lobo! Lobo! Gritava desesperadamente o rapazola.
Mas ninguém fez caso dos gritos; ninguém acudiu. As ovelhas e as cabras fogem desesperadamente em direcção à aldeia, vão espavoridas, enquanto Horácio, de pau na mão, luta bravamente com o lobo. Mas não consegue evitar que o lobo fuja e lhe leve um dos melhores cordeiros que tinha no rebanho.
Com algumas feridas no corpo e as roupas rasgadas, Horácio chega à aldeia e conta o que se passou, ao mesmo tempo que tem o desplante de censurar os camponeses por não o terem socorrido.
Mas um dos camponeses respondeu-lhe: - Mau rapaz, nós bem ouvimos os teus gritos, mas quis-nos parecer que era para mais uma vez te rires à nossa custa, por isso lembra-te que é perigoso mentir, mesmo a brincar.
Veio-me esta história à memória quando ouço o Primeiro-ministro, Passos Coelho, falar que vem aí a retoma. É que Pedro Passos Coelho já disse tantas vezes aos portugueses que vinha aí a retoma, que milhares até já abandonaram a “aldeia” e foram para outros lados; outros, que colaboraram nas primeiras vezes que Pedro pediu ajuda, já não acreditam nos gritos do Pedro, que corre o risco, agora que tem a Comissão Europeia, o BCE, o FMI e a OCDE a preparar-lhe a chegada da retoma, que quando a retoma chegar os portugueses já não ligarem aos gritos do Pedro.

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