quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A DESCIDA DA TAXA DE DESEMPREGO

Os telejornais abriram com a notícia de que a taxa de desemprego, no mês de Novembro de 2013, baixou para 15,5%. Acompanhava a notícia, o anúncio de que a taxa de desemprego - digo taxa de desemprego e não desemprego, pelo facto de não ser a mesma coisa - estar a baixar há nove meses consecutivos.
Na mesma peça jornalística, os representantes dos partidos políticos pronunciaram-se sobre a notícia. O do Partido Socialista mostrou-se cauteloso, queria primeiro ver para crer; os membros dos restantes partidos da oposição pronunciaram-se com alguma clareza, dizendo mesmo que esta redução da taxa não é correspondente à criação de novos empregos. Já as costumeiras vovuzelas pertencentes aos partidos do governo e todos os comentadores do regime, vieram a terreiro falar da nova economia, do maior crescimento da economia na Europa. Montenegro, a voz do PSD, até teve o topete de equiparar esta descida da taxa a dados de 1988...
Pois bem! O que nós temos de levar em consideração é procurar saber os factos causadores da redução da taxa de desemprego. Sem esse escrutínio, ninguém pode falar com clareza, pois apenas o fazem, uns, o poder, de forma falaciosa; outros, a oposição, para cumprir o papel de oposição.
Portanto, vamos levar em consideração que a taxa de desemprego é achada através de várias variáveis, cujos indicadores a elas adstritas nos poderão indicar a taxa de desemprego.
Contudo, deveríamos saber, em primeiro lugar, quantos os desempregados que deixaram de fazer parte dos inscritos nos Centros de Emprego; desses, quais foram os motivos que levaram à suspensão da inscrição no Centro de Emprego - foi porque emigraram?, terá sido porque terminou o direito ao subsídio de desemprego?, será que a inscrição caducou porque o desempregado não cumpriu com as regras impostas?, ou porque arranjaram novo emprego?; depois teremos de verificar quantos foram aqueles que se encontravam no desemprego e que passaram a frequentar cursos de formação profissional, pois isto é o bastante para deixarem de pertencer às estatísticas para a taxa de desemprego.
Estes são alguns indicadores que nos deveriam ser fornecidos, e a comunicação social tinha a obrigação de investigar, para não deixarem de fazer de caixa dce ressonância para uma mentira.
Contrariamente ao que é anunciado pelo governo, e pelas suas vovuzelas, não foram criados assim tantos empregos em Portugal para uma redução tão significativa da taxa de desemprego. Para isso, basta andarmos no meio do povo.
Sem margem para dúvidas, a taxa de desemprego tinha de baixar, pois temos de levar em linha de conta que só em 2012 emigraram 120 mil portugueses; em 2013 o número daqueles que saíram de Portugal é o mesmo ou superior.
Tendo em conta que aqueles que emigram estão em idade activa, é lógico que a taxa do número de desempregados se reduza. Aos que emigraram teremos de juntar os desempregados de longa duração, que são aqueles que já desistiram de porcurar trabalho, pois para eles - pela idade, pelas qualificações, pela falta de investimento - já não há lugar para trabalhar, por isso não se encontram inscritos nos centros de emprego.
A taxa de desemprego é apurada através dos contactos telefónicos com aqueles que andaram à procura de emprego nos últimos dias, pelo que convém não embandeirar em arco, pois estamos a falar sobre estatísticas e nada mais que isso.
Já agora, porque será que aumentou para 36% o número de jovens desempregados? Isto porque são aqueles que se inscrevem nos centros de emprego para procurarem um estágio ou querem entrar no mercado de trabalho. Aqueles que já andaram no mercado de trabalho e de lá foram corridos e deixaram de receber o fundo de desemprego não querem saber de inscrição nenhuma no centro de emprego.
Em suma, continuamos a ter me Portugal um número de desempregados bem superior àqueles que nos indicam a taxa de desemprego.
Compete aos políticos serem honestos na interpretação dos dados!