quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

REVENDO ESCRITOS - TEXTO PUBLICADO NO JORNAL "VOZ DE MARINHAS" EM DEZEMBRO DE 2009



EDITORIAL

2009, chega ao fim!


H
Oje, ao bater as últimas badaladas da meia-noite, terminará o ano de 2009, e um Ano Novo surgirá – 2010. Muita música, muitas festas, muitos foguetes, muitos abraços, muitos “vivas”, muitos desejos, etc. Desses desejos, é comum que o mais pedido seja a Saúde. Todos querem, todos pedem, todos desejam saúde. No entanto, a maioria de nós quando tem saúde tudo faz para a estragar!
É de todo importante podermos observar que a raiz etimológica do vocábulo “saúde” é a mesma da palavra “salvação”, a saber: salutem, salvus. Ora, se saúde corresponde a salvação, o que fazemos todos nós para essa salvação, não só daqueles que acreditam e têm Fé em Deus; mas também da salvação da humanidade, mormente no que concerne ao ambiente no planeta Terra. Seria bom que todos nós ao festejarmos a entrada do Ano Novo não nos esqueçamos de que vivemos num mundo que deve ser colectivo e não num mundo individual, onde o individualismo ultrapassa os limites do bom senso.
Neste ano de 2009 o mundo continuou a assistir à decadência dos valores básicos da vivência em sociedade; foi fértil na confirmação de que o primado da economia se sobrepõe às mais elementares regras do respeito pela vida humana, mormente pelos trabalhadores; 2009 foi um ano em que a crise económica – economia produtiva – continuou em decadência, onde o desemprego aumentou em espiral e que dificilmente será estancado no próximo ano; a guerra no Iraque continua como um pântano, onde as vítimas não param de aumentar e os Estados Unidos da América já não têm saída para a resolução deste grave problema em que envolveu o mundo; a guerra no Afeganistão tornou-se num atoleiro para o mundo ocidental, onde não se vislumbra um fim próximo para esta guerra que se tem tornado um caso muito complicado.
Nesta mesma coluna de Janeiro deste ano, alertamos para o facto de não ser fácil ao presidente da América, Barack Obama, poder resolver muitos dos assuntos em que se comprometeu. Findo o ano, observamos que Obama teve e tem imensas dificuldades em pôr em prática o sistema público de saúde na América; vê-se a dificuldade que Obama tem em fazer com que os responsáveis da banca e das grandes empresas americanas, que sobreviveram à grave crise financeira que se abateu sobre elas graças à injecção de milhões e milhões de dólares do erário público, acabem com a vergonhosa atitude de já este ano de 2009 distribuírem os chorudos prémios aos seus administradores pelos objectivos, pois em 2009 as empresas financeiras recuperaram da crise que as abateu, graças aos dinheiros públicos e não ao bom desempenho de banqueiros sem vergonha. Continua a roubalheira e ninguém consegue ter mão nesta gente…
Por isso, 2009 vai ficar marcado como um ano de fracasso, pois ficou provado que o mundo político continua condicionado ao mundo financeiro; provou-se que muitos políticos – por exemplo os senadores americanos – continuam dependentes e mais interessados em zelar os interesses financeiros das grandes empresas multinacionais do que os interesses mais singelos do povo.
Por fim, e para além de muitos outros assuntos que nos possam levar a considerar o ano de 2009 o ano da oportunidade falhada de poder pôr em ordem os desregulamento do mercado financeiro; a possibilidade de acabar com a vergonha da roubalheira pública que são os offshore, para onde é enviado o dinheiro sujo e se aproveita para fugir aos impostos; como cereja no topo do bolo para o grande fracasso do ano de 2009, foi o completo fracasso da cimeira de Copenhaga sobre as alterações climáticas. Esta cimeira, composta por 4000 delegados de 200 países, reuniram-se em Copenhaga para discutir as questões do ambiente, cimeira essa que vinha sendo preparada com rigor há 2 anos, mas que não conseguiu chegar a uma conclusão concreta e não ofereceu o presente verde que nesta altura do Natal a humanidade estava à espera que lhe fosse oferecido. Esta cimeira mostrou-nos que continua a haver muita intriga e muitos jogos de interesses materiais individuais – dos países - do que os interesses reais da humanidade.
Fruto da fobia do lucro, pois os países mais industrializados continuam a não pretender baixar as emissões de dióxido de carbono em defesa da produção industrial sem que sejam feitas as alterações necessárias à aposta em energias limpas, procederam à criação de uma taxa que é paga pelos países que poluem mais, sendo o seu valor entregue aos países mais pobres; estes, por sua vez, dirigidos, a maioria deles, por políticos corruptos e ditadores, vêem nestas taxas uma forma de irem buscar mais dinheiro para poderem gastar em proveito próprio e não em prol do povo.
2009, termina, e não deixa saudade. No entanto, seria bom que este ano fosse encarado no futuro como alvo de análise e reflexão para aquilo que não deveria ter sido feito.
A todos um Bom Ano de 2010!
                                                                                              L. R.