EDITORIAL
2009, chega ao fim!
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Oje, ao bater as últimas
badaladas da meia-noite, terminará o ano de 2009, e um Ano Novo surgirá – 2010.
Muita música, muitas festas, muitos foguetes, muitos abraços, muitos “vivas”, muitos
desejos, etc. Desses desejos, é comum que o mais pedido seja a Saúde. Todos
querem, todos pedem, todos desejam saúde. No entanto, a maioria de nós quando
tem saúde tudo faz para a estragar!
É de todo importante podermos observar que a raiz
etimológica do vocábulo “saúde” é a mesma da palavra “salvação”, a saber: salutem, salvus. Ora, se saúde
corresponde a salvação, o que fazemos todos nós para essa salvação, não só
daqueles que acreditam e têm Fé em Deus; mas também da salvação da humanidade,
mormente no que concerne ao ambiente no planeta Terra. Seria bom que todos nós
ao festejarmos a entrada do Ano Novo não nos esqueçamos de que vivemos num
mundo que deve ser colectivo e não num mundo individual, onde o individualismo
ultrapassa os limites do bom senso.
Neste ano de 2009 o mundo continuou a assistir à
decadência dos valores básicos da vivência em sociedade; foi fértil na
confirmação de que o primado da economia se sobrepõe às mais elementares regras
do respeito pela vida humana, mormente pelos trabalhadores; 2009 foi um ano em
que a crise económica – economia produtiva – continuou em decadência, onde o
desemprego aumentou em espiral e que dificilmente será estancado no próximo
ano; a guerra no Iraque continua como um pântano, onde as vítimas não param de
aumentar e os Estados Unidos da América já não têm saída para a resolução deste
grave problema em que envolveu o mundo; a guerra no Afeganistão tornou-se num
atoleiro para o mundo ocidental, onde não se vislumbra um fim próximo para esta
guerra que se tem tornado um caso muito complicado.
Nesta mesma coluna de Janeiro deste ano, alertamos
para o facto de não ser fácil ao presidente da América, Barack Obama, poder
resolver muitos dos assuntos em que se comprometeu. Findo o ano, observamos que
Obama teve e tem imensas dificuldades em pôr em prática o sistema público de
saúde na América; vê-se a dificuldade que Obama tem em fazer com que os
responsáveis da banca e das grandes empresas americanas, que sobreviveram à
grave crise financeira que se abateu sobre elas graças à injecção de milhões e
milhões de dólares do erário público, acabem com a vergonhosa atitude de já
este ano de 2009 distribuírem os chorudos prémios aos seus administradores
pelos objectivos, pois em 2009 as empresas financeiras recuperaram da crise que
as abateu, graças aos dinheiros públicos e não ao bom desempenho de banqueiros
sem vergonha. Continua a roubalheira e ninguém consegue ter mão nesta gente…
Por isso, 2009 vai ficar marcado como um ano de
fracasso, pois ficou provado que o mundo político continua condicionado ao
mundo financeiro; provou-se que muitos políticos – por exemplo os senadores
americanos – continuam dependentes e mais interessados em zelar os interesses
financeiros das grandes empresas multinacionais do que os interesses mais
singelos do povo.
Por fim, e para além de muitos outros assuntos que nos
possam levar a considerar o ano de 2009 o ano da oportunidade falhada de poder
pôr em ordem os desregulamento do mercado financeiro; a possibilidade de acabar
com a vergonha da roubalheira pública que são os offshore, para onde é enviado
o dinheiro sujo e se aproveita para fugir aos impostos; como cereja no topo do
bolo para o grande fracasso do ano de 2009, foi o completo fracasso da cimeira
de Copenhaga sobre as alterações climáticas. Esta cimeira, composta por 4000
delegados de 200 países, reuniram-se em Copenhaga para discutir as questões do
ambiente, cimeira essa que vinha sendo preparada com rigor há 2 anos, mas que
não conseguiu chegar a uma conclusão concreta e não ofereceu o presente verde
que nesta altura do Natal a humanidade estava à espera que lhe fosse oferecido.
Esta cimeira mostrou-nos que continua a haver muita intriga e muitos jogos de
interesses materiais individuais – dos países - do que os interesses reais da
humanidade.
Fruto da fobia do lucro, pois os países mais
industrializados continuam a não pretender baixar as emissões de dióxido de
carbono em defesa da produção industrial sem que sejam feitas as alterações
necessárias à aposta em energias limpas, procederam à criação de uma taxa que é
paga pelos países que poluem mais, sendo o seu valor entregue aos países mais
pobres; estes, por sua vez, dirigidos, a maioria deles, por políticos corruptos
e ditadores, vêem nestas taxas uma forma de irem buscar mais dinheiro para
poderem gastar em proveito próprio e não em prol do povo.
2009, termina, e não deixa saudade. No entanto, seria
bom que este ano fosse encarado no futuro como alvo de análise e reflexão para
aquilo que não deveria ter sido feito.
A todos um Bom Ano de 2010!
L.
R.