sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

HÁ FESTA NO QUINTAL, O DÉFICE É MAIS BAIXO DO QUE A TROIKA



Há festa no governo, nos partidos da maioria e nos comentadores vendidos ao regime. O governo conseguiu o prometido: fazer mais que a troika, como afirmou Passos Coelho.
Toda a alegria advém do anúncio de que o défice de 2013 ficará mais baixo que o contratualizado com a troika, após a renegociação da renegociação da renegociação do memorando de entendimento original da troika.
Mas o que levou a esta redução do défice que tanta alegria está a causar nesta pandilha mentirosa e arrogante? Foi a aplicação de medidas estruturantes para Portugal?
Não! Não foi nada de estruturante! Esta corja de chacais o que fizeram foi arrecadar um valor astronómico de IRS dos trabalhadores portugueses - foi um roubo, um assalto aprovado por Cavaco, aos rendimentos do trabalho. O outro valor advém de uma medida extraordinária: o recebimento de impostos em atraso com o perdão de juros e outras alcavalas, que rendeu cerca de 1 300 milhões de euros aos cofres do governo que foram para abate do défice. Seria bom que fosse publicado o nome de todos os indivíduos e empresas que usufruíram desta benesse, pois assim ficaríamos a saber quem eram os “caloteiros”.
Vão todos à merda com estas medidas para redução do défice. A roubar assim os portugueses e a perdoar juros e alcavalas a muitos endinheirados que andavam em fuga ao fisco até eu conseguia fazer a porcaria que eles fazem.
Que nos adianta ficarmos contentes com a redução do défice se a dívida pública aumentou? Que nos interessa a redução do défice se ela foi feita à custa dos rendimentos do trabalho e de medidas extraordinárias?
Afinal, onde estão as medidas estruturantes necessárias para a melhoria do País? Ah, são aquelas que ainda vão ser feitas e que Passos Coelho, Portas, Cavaco, o PSD e o CDS andam a pedir que o PS alinhe para o pacto de regime para as tais medidas estruturantes.
Que raio andou este governo a fazer durante quase três anos? Aumentou impostos; fez a selecção das espécies nas empresas; aumentou o desemprego; incentivou ao trabalho precário; salvou a banca da falência com o dinheiro dos impostos dos portugueses; reduziu salários e pensões; cortou no Serviço Nacional de Saúde; está a destruir a educação pública; enviou para a emigração centenas de milhar de portugueses em idade activa; mente como uma giga rota sobre os cortes nas bolsas de investigação, etc.
Este é o retrato do País que temos quase três anos após o início da governação de Coelho, que gritava alto e bom som que bastava cortar nas gorduras do Estado para resolver a crise económica e financeira do País.
No entanto, mal lá entrou, fez precisamente o contrário do que prometeu. Aumentou impostos, quando disse que não o faria; cortou no subsídio de Natal, quando garantiu a uma menina que o questionou se iria tirar o subsídio à mãe, a resposta do “cara-de-pau” Coelho foi a de que isso era uma mentira. Quem mentiu e continua a mentir é Passos Coelho.
Os Portugueses terão de fazer o julgamento destes três anos de governação. Não devem deixar-se embalar na cantiga da herança, tão repetida ad nauseam pelos ministros, deputados do PSD e do CDS e pelos comentadores do regime. No sempre repetido slogan de que o Partido Socialista tinha o país na bancarrota. Os Portugueses não se podem deixar iludir com o discurso de que estamos a sair da crise e de que Portugal é um milagre económico. Tudo isto é falso. Tudo isto é propaganda. Tudo isto tem a conivência da troika que, sabendo que meteram a Europa num atoleiro económico e financeiro, querem agora lavar a face e dizer que as medidas tomadas foram certeiras.
Já deram a mão à Irlanda para a saída airosa. Vão fazer o mesmo com Portugal. E à Grécia vão fazer a mesma coisa. Vão querer, mais uma vez, dizer-nos que o empobrecimento, a destruição de famílias, o abandono do país por parte de centenas de milhar de portugueses, a redução dos salários, é a medida certa, é o caminho, é a resiliência de um povo brilhante que suportou estoicamente os sacrifícios.
Só que, estes sacrifícios não vão valer de nada, pois nada foi feito para que deixemos de pagar tantos impostos; nada foi feito para que um quarto dos portugueses saia da miséria; nada foi feito para que os trabalhadores portugueses tenham um salário digno; nada foi feito para que as nossas crianças e jovens tenham acesso a uma melhor escola pública; nada foi feito para que os portugueses tenham direito a uma melhor saúde pública – e tem o ministro da Saúde o topete de dizer que o governo salvou o SNS! -, pessoas morrem após horas e horas de espera na urgências; pessoas com probabilidades de serem portadores de um cancro esperam dois anos por um exame. E o país está no bom caminho, dizem eles!
Podem é dizer, como o título da série televisiva: Crime disse Ela!