Há festa no governo, nos partidos
da maioria e nos comentadores vendidos ao regime. O governo conseguiu o
prometido: fazer mais que a troika, como afirmou Passos Coelho.
Toda a alegria advém do anúncio
de que o défice de 2013 ficará mais baixo que o contratualizado com a troika,
após a renegociação da renegociação da renegociação do memorando de
entendimento original da troika.
Mas o que levou a esta redução do
défice que tanta alegria está a causar nesta pandilha mentirosa e arrogante?
Foi a aplicação de medidas estruturantes para Portugal?
Não! Não foi nada de
estruturante! Esta corja de chacais o que fizeram foi arrecadar um valor
astronómico de IRS dos trabalhadores portugueses - foi um roubo, um assalto
aprovado por Cavaco, aos rendimentos do trabalho. O outro valor advém de uma
medida extraordinária: o recebimento de impostos em atraso com o perdão de
juros e outras alcavalas, que rendeu cerca de 1 300 milhões de euros aos cofres
do governo que foram para abate do défice. Seria bom que fosse publicado o nome
de todos os indivíduos e empresas que usufruíram desta benesse, pois assim ficaríamos
a saber quem eram os “caloteiros”.
Vão todos à merda com estas
medidas para redução do défice. A roubar assim os portugueses e a perdoar juros
e alcavalas a muitos endinheirados que andavam em fuga ao fisco até eu
conseguia fazer a porcaria que eles fazem.
Que nos adianta ficarmos
contentes com a redução do défice se a dívida pública aumentou? Que nos
interessa a redução do défice se ela foi feita à custa dos rendimentos do
trabalho e de medidas extraordinárias?
Afinal, onde estão as medidas
estruturantes necessárias para a melhoria do País? Ah, são aquelas que ainda
vão ser feitas e que Passos Coelho, Portas, Cavaco, o PSD e o CDS andam a pedir
que o PS alinhe para o pacto de regime para as tais medidas estruturantes.
Que raio andou este governo a
fazer durante quase três anos? Aumentou impostos; fez a selecção das espécies
nas empresas; aumentou o desemprego; incentivou ao trabalho precário; salvou a
banca da falência com o dinheiro dos impostos dos portugueses; reduziu salários
e pensões; cortou no Serviço Nacional de Saúde; está a destruir a educação
pública; enviou para a emigração centenas de milhar de portugueses em idade
activa; mente como uma giga rota sobre os cortes nas bolsas de investigação,
etc.
Este é o retrato do País que temos
quase três anos após o início da governação de Coelho, que gritava alto e bom som
que bastava cortar nas gorduras do Estado para resolver a crise económica e
financeira do País.
No entanto, mal lá entrou, fez
precisamente o contrário do que prometeu. Aumentou impostos, quando disse que
não o faria; cortou no subsídio de Natal, quando garantiu a uma menina que o
questionou se iria tirar o subsídio à mãe, a resposta do “cara-de-pau” Coelho
foi a de que isso era uma mentira. Quem mentiu e continua a mentir é Passos
Coelho.
Os Portugueses terão de fazer o
julgamento destes três anos de governação. Não devem deixar-se embalar na
cantiga da herança, tão repetida ad
nauseam pelos ministros, deputados do PSD e do CDS e pelos comentadores do
regime. No sempre repetido slogan de que o Partido Socialista tinha o país na
bancarrota. Os Portugueses não se podem deixar iludir com o discurso de que
estamos a sair da crise e de que Portugal é um milagre económico. Tudo isto é
falso. Tudo isto é propaganda. Tudo isto tem a conivência da troika que,
sabendo que meteram a Europa num atoleiro económico e financeiro, querem agora
lavar a face e dizer que as medidas tomadas foram certeiras.
Já deram a mão à Irlanda para a
saída airosa. Vão fazer o mesmo com Portugal. E à Grécia vão fazer a mesma
coisa. Vão querer, mais uma vez, dizer-nos que o empobrecimento, a destruição
de famílias, o abandono do país por parte de centenas de milhar de portugueses,
a redução dos salários, é a medida certa, é o caminho, é a resiliência de um povo
brilhante que suportou estoicamente os sacrifícios.
Só que, estes sacrifícios não vão
valer de nada, pois nada foi feito para que deixemos de pagar tantos impostos;
nada foi feito para que um quarto dos portugueses saia da miséria; nada foi
feito para que os trabalhadores portugueses tenham um salário digno; nada foi
feito para que as nossas crianças e jovens tenham acesso a uma melhor escola
pública; nada foi feito para que os portugueses tenham direito a uma melhor
saúde pública – e tem o ministro da Saúde o topete de dizer que o governo
salvou o SNS! -, pessoas morrem após horas e horas de espera na urgências;
pessoas com probabilidades de serem portadores de um cancro esperam dois anos
por um exame. E o país está no bom caminho, dizem eles!
Podem é dizer, como o título da
série televisiva: Crime disse Ela!