Se alguma, mesmo um pequeno resquício, dúvida
houvesse de que os decisores das instituições europeias estão de cabeça perdida,
as últimas decisões dissiparam toda essa suspeita de que, de facto, estamos a
ser geridos por um bando de loucos.
Só alguém eivado de laivos de loucura; gente que
vive num autismo inaudito; gente que só ouve o seu círculo de amigos, que por
sinal pensam da mesma forma; tropa onde se reúnem sempre os mesmos; e figuras
que não aceitam reconhecer os erros que cometeram e, por isso, agravam os erros
e o ridículo, só podem estar atingidos por um raio de extravagância que atropela
todos os cânones. Refiro-me da nova medida “inventada” pelos responsáveis das
instituições europeias de integrar como valor do PIB dos países da zona euro a
economia ilegal, como a prostituição, o contrabando, o tráfico de droga, etc,
que vai passar a ser contabilizado pelo EUROSTAT para cálculo do PIB.
Esta nova invenção dos líderes europeus confina-se,
no essencial, à confirmação de que estamos a ser geridos por loucos que não
conseguem – ou não querem – ver a sua incapacidade e incompetência na gestão
das instituições que movem a vida de milhões de pessoas.
Estamos a viver numa nave que é conduzida por
loucos. Loucos que vivem numa cápsula que os defende da contaminação pelo vírus
da realidade pura e dura. Alienados que acham que a sua missão é continuar a
zelar pelo seu interesse pessoal, pelo ganho financeiro, e, acima de tudo, para
não se vergarem à realidade de que a fórmula que estão a utilizar no seu
caldeirão está a esturricar a vida de 99% da população da zona euro.
Pois só mesmo quem está desfasado da realidade é
que poderá conceber e implementar a ideia de adulterar os valores do PIB de um
país para continuar na sua alienação da vida real. Só alguém completamente
destituído de razão; só quem está a naufragar é que procura agarrar-se a tudo o
que está à mão na tentativa tola de se salvar do ridículo. Só que estes loucos
que circulam nesta nave salvam-se mesmo, pois são intocáveis: não são eleitos,
não se confrontam com as pessoas, vivem dentro de luxuosos escritórios e
hotéis, viajam em classe executiva nos aviões (quando não é em aviões privados),
circulam em carros de luxo com os vidros fumados. Ninguém os vê, mas eles
também não querem ver ninguém. São os loucos (como os de Lisboa, segundo a
canção) que nos querem convencer que a terra gira ao contrário e os rios nascem
no mar.
O que nos dói é mesmo o facto de que estes
indivíduos destituídos de ética, de moral e de razão continuam a não aceitar o
descalabro que causaram à Europa. Não querem ver o abismo para onde conduziram
o povo. Não assumem, de uma vez por todas, que a receita que prescreveram matou
o doente antes de o curar. Não querem ver para além do seu nariz, tão cegos que
estão em implementar as suas diatribes. Há nos hospícios da Europa gente com
mais razão que estes loucos que conduzem a nave europeia. E o certo é que
ninguém os trava. Ninguém os pára.
Para mascararem os números da economia dos países,
que estão completamente destroçados, menos na Alemanha, é claro, esta tropa
fandanga, estes pandilhas, estes alienados, decidiram passar a contabilizar,
para aumentar os números do PIB, a prostituição, o contrabando, o tráfico de
armas, o tráfico de droga, o tráfico de seres humanos, etc. Tudo o que poderá
ser acrescentado ao PIB é contabilizado.
Estão a acrescentar ao PIB valores que ninguém
conhece. Valores que são uma mera suposição. Valores que são extrapolados e que
empiricamente são difíceis de comprovar. É esta a artimanha dos loucos para
aumentarem os valores do PIB e, por conseguinte, diminuir em percentagem os
valor da dívida pública (não de forma nominal) e assim conseguem martelar,
mascarar, os números para nos dizerem que as medidas de austeridade preconizadas
estão a correr bem e que está tudo no bom caminho... Com esta decisão vamos
continuar a viver num mundo de fantasia.
Em Portugal, inserindo já as novas formas de cálculo
para o PIB, a prostituição, o contrabando, o tráfico de droga, etc.,
artificialmente o PIB terá contabilizado cerca de 700 milhões de euros, o
equivalente a 0,4% do PIB.
O certo é que ninguém pára estes loucos?