sexta-feira, 13 de março de 2015

VEM EMIGRANTE

O saudoso Graciano Saga criou uma canção que pedia ao emigrante para vir devagar. É uma letra cheia de dor e tristeza.
Hoje o governo de Portugal também clama o "vem emigrante". Parece que estamos no perdoa-me!
Quando se perde a vergonha e a noção do ridículo, não podemos esperar o que quer que seja.
Um governo que em 2011 vergastou os desempregados e os jovens; um governo que os envergonhou; um governo que humilhou os desempregados; um governo que os acusou de estarem comodamente na sua zona de conforto a receber subsídios; um governo que os mandou sair da zona de conforto e emigrar; um governo que lhes chamou piegas por querem emprego em Portugal; vem agora clamar o seu regresso.
O governo português perdeu a noção da realidade e do burlesco, mas não é só de agora, isto já vem desde que chegaram ao poder. Portanto, não nos devemos admirar, pois o grotesco é a imagem de marca deste governo.
Tanto que perdeu a noção da realidade que agora aprovou uma Norma que versa o pedido de regresso dos emigrantes que o próprio governo não se cansou de humilhar.   
Sei que é ano de eleições legislativas e o governo procura a todo o custo a indulgência do povo português para com todos os pecados que cometeram atentando contra as famílias portuguesas.
E assim o governo pede o regresso dos emigrantes, cientes de que poderão recuperar uns milhares de votos, pois os emigrantes regressaram às suas famílias e convencem-se que o agradecimento dos “retornados” se compagina com o voto nas próximas eleições.
E que faz o governo para convencer o regresso dos emigrantes? Nada mais nada menos que lhe oferecendo uma “cenoura”. Ou seja, oferece dinheiro aos emigrantes para montarem a sua empresa, o tal empreendedorismo tão do agrado da direita neoliberal. Como se todos tivessem queda para terem a sua empresa.
Portanto, o “perdoa-me” do governo com o programa do “Vem emigrante”, mais não é que uma forma de comprar o voto do emigrante regressado e da sua família.
Esta ideia do governo é tipicamente aquela que expressa os “donos”, a de que fazendo a caridadezinha os destinatários lhes ficam gratos para o resto da vida.

É a beatice típica de gente sem moral!