Aqueles que se candidatam a um lugar, devem demonstrar
ética e
respeito pelos outros, e não mentir desbragadamente
Estas
semanas de campanha eleitoral têm-nos trazido à colação o carácter de Passos
Coelho, mormente na sua arte de mentir quando se discute a situação de Portugal
e as medidas tomadas.
Mentir
às pessoas sobre qualquer assunto é condenável! Mentir reiteradamente é uma
questão patológica. Quando se está numa campanha eleitoral não deveria ser
utilizada a mentira para conquistar o apoio das pessoas, pois assim serão
enganadas.
Todavia,
o povo português deveria exigir aos candidatos que falem do programa que se
propõem apresentar caso sejam eleitos. O Partido Socialista tem um programa que
o apresentou e o seu líder, António Costa, tem feito passar a mensagem sobre o
teor do programa. Mais: o programa eleitoral do PS foi escrutinado pela
oposição, tendo a coligação da direita, Portugal à frente (PàF) feito 29
perguntas ao PS, questionando-o sobre a forma como iria implementar essas
medidas. O PS respondeu, explicou e até fez um desenho à PàF da forma como o
seu programa eleitoral iria ser implementado caso fosse essa a vontade dos
portugueses nas eleições de 4 de Outubro.
Em
contrapartida, a PàF não tem nenhum programa para apresentar. Coelho e Portas
andam a discutir o programa do PS. A PàF procura fugir do balanço dos seus 4
anos de governação como o diabo foge da cruz. Coelho e Portas continuam a
falar, a mentir, a intrigar, a abjurar o seu governo como se ainda estivessem
em 2011.
Para
fugir à discussão dos 4 anos da sua governação (2011 a 2015), Passos Coelho
passa por eles como raposa em vinha vindimada, pelo que a única forma que
encontra é mentir desbragadamente aos portugueses, sem vergonha na cara, tal e
qual o fez em 2011. Julgo que os portugueses já estão avisados sobre as
mentiras de Coelho e não voltarão a cair na mesma esparrela.
De
concreto é que Passos Coelho no último debate, nas rádios, com António Costa,
destilou 8 mentiras que convém desmontar, pois da mentira repetida muitas vezes
pode transformar-se erradamente em verdade.
1.ª
MENTIRA: “Generalizámos os doze anos de
escolaridade obrigatória. Foi uma medida que o PS prometeu em 2005 mas que
nunca saiu do papel.”
O
PS foi quem sempre defendeu a escolaridade obrigatória de 12 anos. Por isso, em
2009, o PS aprovou na Assembleia da República, com a abstenção do PSD e do CDS,
a legislação que implementava em Portugal a escolaridade obrigatória de 12
anos.
O
que o governo de Passos Coelho fez foi, pura e simplesmente, aplicar a
legislação criada pelo PS em 2009.
Portanto,
Passos Coelho mentiu conscientemente.
2.ª
MENTIRA: “(…) por exemplo, em medida de
estágios, faz com que, no final desse processo, cerca de dois terços dos jovens
que fizeram os estágios tenham emprego.”
Esta
mentira de Passos Coelho tem perna curta e não é preciso muito esforço para a
desmontar. Para isso basta analisarmos o relatório do Tribunal de Contas, em
2014, que refere que apenas 33% dos estagiários foram integrados após a
conclusão do estágio. Ou seja, concluído o estágio, apenas um em cada três
estagiários ficaram empregados voltando os outros dois à condição de
desempregados.
Portanto,
mais uma mentira de Passos Coelho, pois é 1 em cada 3 e não 2 em cada 3,
conforme afirmou Passos Coelho.
3.ª
MENTIRA: “Fomos nós que aplicamos essa
condição de recursos no Complemento Solidário para Idosos e por via da
aplicação dessa condição de recursos, evidentemente, houve menos pessoas a
receberem o Complemento Solidário para Idosos.”
Nesta
lapidar afirmação, Coelho mostra que não tem qualquer problema em mentir, pois
bastava os idosos que recebem o CSI ouvir isto que o desmentiam de imediato,
dado terem, desde a criação do CSI, sido sempre obrigados a apresentados
documentação que comprovava a necessidade desse apoio.
O
que este Governo fez foi cortar o valor desta prestação, em janeiro de 2013, e
aumentar a idade de acesso de 65 anos para 66 anos, no início de 2014. Foi
assim que retirou o apoio a dezenas de milhares de idosos pobres.
4.ª
MENTIRA: “(…) nós conseguimos sempre
cumprir as metas do défice (…)”
Para
desmontar a mentira, aqui vão os números: As metas para o défice que constam do
primeiro documento oficial que o governo apresentou (DEO 2011/15 – agosto de
2011) não foram cumpridas. Em 2012, o défice deveria ter sido de 4,5% e foi de
5,6%; em 2013, deveria ter sido de 3% e foi de 4,8%; em 2014, deveria ter sido
de 1,8% e foi de 4,5% - hoje, dia 23, foi anunciado pelo INE que o défice
passou a 7,2% graças ao dinheiro injectado pelo governo no Novo Banco; e em
2015, deveria ser de 0,5% e será de 3,2%, de acordo com a previsão do FMI.
5.ª
MENTIRA: “Conseguimos criar emprego para
recuperar a destruição durante o período mais forte de crise”
O
governo destruiu 445 mil empregos durante o período mais forte de crise, antes
dos chumbos do Tribunal Constitucional. Portugal hoje tem menos 200 mil
empregos que quando a PàF entrou no governo em 2011. A perda seria ainda
superior se se considerassem os programas ocupacionais que este governo usa
para mascarar as estatísticas do emprego.
Se
a comparação for feita com a estratégia definida pelo governo no início do
mandato (de novo, DEO 211/15 de agosto de 2011) temos hoje menos 300 mil
empregos.
6.ª
MENTIRA: “Tivemos, mesmo no contexto do
memorando de entendimento, de reduzir o tipo de benefícios na área da educação
e da habitação. (…) O que é que nós fizemos? (…) até alargamos os benefícios
existentes quer naquilo a que chamamos as despesas de natureza familiar, mas
também na área da educação”
Depois
de estar no Governo mais de três anos, Passos Coelho avançou com aquilo a que
chamou de “Reforma do IRS”. As alterações que introduziu no último ano de
governação em nada se assemelham com uma reforma.
A
verdadeira reforma do IRS foi introduzida por Victor Gaspar, quando introduziu
alterações no IRS para aumentar este imposto. Quem não se lembra, e quem não
sentiu na sua vida, o “enorme aumento de impostos” de Victor Gaspar?
Passos
Coelho consegue vir dizer aos portugueses que alargou os benefícios fiscais na
área da educação, quando introduziu uma alteração que exclui dos benefícios
fiscais com “despesas com a educação” as verbas gastas pelas famílias com
material escolar, refeições e transportes?
7ª
MENTIRA: “(…)Tratado [Orçamental] que
supostamente o senhor acha que o Partido Socialista fez mal em ter aprovado no
Parlamento, foi isso que extraí do debate que o senhor fez na altura com o seu
antecessor (…)”
António
Costa não só não se mostrou contra a ratificação do Tratado Orçamental no
Parlamento português como sempre disse que cumpriria o Tratado Orçamental.
António Costa defende, sim, uma revisão do Tratado que permita atender aos
efeitos assimétricos da moeda única.
António
Costa foi sempre coerente. Portugal não deve assumir, no plano europeu, uma
lógica de confronto nem de submissão, mas de alianças e parcerias que permitam
construir posições comuns no interesse de Portugal e da Europa.
8.ª
MENTIRA: “ (…) houve necessidade de
harmonizar o nível de comparticipação que era dada pelo Estado ao ensino
artístico especializado, tendo o mesmo financiamento para toda a gente. Não
vamos gastar menos dinheiro com o ensino artístico do que nos anos anteriores”
O
governo de Passos Coelho, numa alegada harmonização do financiamento a atribuir
ao ensino artístico especializado, promoveu um claro desequilíbrio territorial,
impondo um corte de financiamento em muitas instituições e, consequentemente,
obrigando à retirada de muitos alunos desta modalidade de ensino.
A
Escola de Música de Esposende também sofreu cortes no financiamento estatal
imposto pelo actual governo o que obriga dezenas de alunos a não poderem ter
aulas de iniciação musical.
Para
Passos Coelho harmonizar é sinónimo de cortar!