domingo, 27 de setembro de 2015

PASSOS COELHO CONTINUA A MENTIR SEM VERGONHA

Aqueles que se candidatam a um lugar, devem demonstrar ética e
respeito pelos outros, e não mentir desbragadamente

Estas semanas de campanha eleitoral têm-nos trazido à colação o carácter de Passos Coelho, mormente na sua arte de mentir quando se discute a situação de Portugal e as medidas tomadas.
Mentir às pessoas sobre qualquer assunto é condenável! Mentir reiteradamente é uma questão patológica. Quando se está numa campanha eleitoral não deveria ser utilizada a mentira para conquistar o apoio das pessoas, pois assim serão enganadas.
Todavia, o povo português deveria exigir aos candidatos que falem do programa que se propõem apresentar caso sejam eleitos. O Partido Socialista tem um programa que o apresentou e o seu líder, António Costa, tem feito passar a mensagem sobre o teor do programa. Mais: o programa eleitoral do PS foi escrutinado pela oposição, tendo a coligação da direita, Portugal à frente (PàF) feito 29 perguntas ao PS, questionando-o sobre a forma como iria implementar essas medidas. O PS respondeu, explicou e até fez um desenho à PàF da forma como o seu programa eleitoral iria ser implementado caso fosse essa a vontade dos portugueses nas eleições de 4 de Outubro.
Em contrapartida, a PàF não tem nenhum programa para apresentar. Coelho e Portas andam a discutir o programa do PS. A PàF procura fugir do balanço dos seus 4 anos de governação como o diabo foge da cruz. Coelho e Portas continuam a falar, a mentir, a intrigar, a abjurar o seu governo como se ainda estivessem em 2011.
Para fugir à discussão dos 4 anos da sua governação (2011 a 2015), Passos Coelho passa por eles como raposa em vinha vindimada, pelo que a única forma que encontra é mentir desbragadamente aos portugueses, sem vergonha na cara, tal e qual o fez em 2011. Julgo que os portugueses já estão avisados sobre as mentiras de Coelho e não voltarão a cair na mesma esparrela.
De concreto é que Passos Coelho no último debate, nas rádios, com António Costa, destilou 8 mentiras que convém desmontar, pois da mentira repetida muitas vezes pode transformar-se erradamente em verdade.
1.ª MENTIRA: “Generalizámos os doze anos de escolaridade obrigatória. Foi uma medida que o PS prometeu em 2005 mas que nunca saiu do papel.”
O PS foi quem sempre defendeu a escolaridade obrigatória de 12 anos. Por isso, em 2009, o PS aprovou na Assembleia da República, com a abstenção do PSD e do CDS, a legislação que implementava em Portugal a escolaridade obrigatória de 12 anos.
O que o governo de Passos Coelho fez foi, pura e simplesmente, aplicar a legislação criada pelo PS em 2009.
Portanto, Passos Coelho mentiu conscientemente.
2.ª MENTIRA: “(…) por exemplo, em medida de estágios, faz com que, no final desse processo, cerca de dois terços dos jovens que fizeram os estágios tenham emprego.”
Esta mentira de Passos Coelho tem perna curta e não é preciso muito esforço para a desmontar. Para isso basta analisarmos o relatório do Tribunal de Contas, em 2014, que refere que apenas 33% dos estagiários foram integrados após a conclusão do estágio. Ou seja, concluído o estágio, apenas um em cada três estagiários ficaram empregados voltando os outros dois à condição de desempregados.
Portanto, mais uma mentira de Passos Coelho, pois é 1 em cada 3 e não 2 em cada 3, conforme afirmou Passos Coelho.
3.ª MENTIRA: “Fomos nós que aplicamos essa condição de recursos no Complemento Solidário para Idosos e por via da aplicação dessa condição de recursos, evidentemente, houve menos pessoas a receberem o Complemento Solidário para Idosos.”
Nesta lapidar afirmação, Coelho mostra que não tem qualquer problema em mentir, pois bastava os idosos que recebem o CSI ouvir isto que o desmentiam de imediato, dado terem, desde a criação do CSI, sido sempre obrigados a apresentados documentação que comprovava a necessidade desse apoio.
O que este Governo fez foi cortar o valor desta prestação, em janeiro de 2013, e aumentar a idade de acesso de 65 anos para 66 anos, no início de 2014. Foi assim que retirou o apoio a dezenas de milhares de idosos pobres.
4.ª MENTIRA: “(…) nós conseguimos sempre cumprir as metas do défice (…)”
Para desmontar a mentira, aqui vão os números: As metas para o défice que constam do primeiro documento oficial que o governo apresentou (DEO 2011/15 – agosto de 2011) não foram cumpridas. Em 2012, o défice deveria ter sido de 4,5% e foi de 5,6%; em 2013, deveria ter sido de 3% e foi de 4,8%; em 2014, deveria ter sido de 1,8% e foi de 4,5% - hoje, dia 23, foi anunciado pelo INE que o défice passou a 7,2% graças ao dinheiro injectado pelo governo no Novo Banco; e em 2015, deveria ser de 0,5% e será de 3,2%, de acordo com a previsão do FMI.
5.ª MENTIRA: “Conseguimos criar emprego para recuperar a destruição durante o período mais forte de crise”
O governo destruiu 445 mil empregos durante o período mais forte de crise, antes dos chumbos do Tribunal Constitucional. Portugal hoje tem menos 200 mil empregos que quando a PàF entrou no governo em 2011. A perda seria ainda superior se se considerassem os programas ocupacionais que este governo usa para mascarar as estatísticas do emprego.
Se a comparação for feita com a estratégia definida pelo governo no início do mandato (de novo, DEO 211/15 de agosto de 2011) temos hoje menos 300 mil empregos.
6.ª MENTIRA: “Tivemos, mesmo no contexto do memorando de entendimento, de reduzir o tipo de benefícios na área da educação e da habitação. (…) O que é que nós fizemos? (…) até alargamos os benefícios existentes quer naquilo a que chamamos as despesas de natureza familiar, mas também na área da educação”
Depois de estar no Governo mais de três anos, Passos Coelho avançou com aquilo a que chamou de “Reforma do IRS”. As alterações que introduziu no último ano de governação em nada se assemelham com uma reforma.
A verdadeira reforma do IRS foi introduzida por Victor Gaspar, quando introduziu alterações no IRS para aumentar este imposto. Quem não se lembra, e quem não sentiu na sua vida, o “enorme aumento de impostos” de Victor Gaspar?
Passos Coelho consegue vir dizer aos portugueses que alargou os benefícios fiscais na área da educação, quando introduziu uma alteração que exclui dos benefícios fiscais com “despesas com a educação” as verbas gastas pelas famílias com material escolar, refeições e transportes?
7ª MENTIRA: “(…)Tratado [Orçamental] que supostamente o senhor acha que o Partido Socialista fez mal em ter aprovado no Parlamento, foi isso que extraí do debate que o senhor fez na altura com o seu antecessor (…)”
António Costa não só não se mostrou contra a ratificação do Tratado Orçamental no Parlamento português como sempre disse que cumpriria o Tratado Orçamental. António Costa defende, sim, uma revisão do Tratado que permita atender aos efeitos assimétricos da moeda única.
António Costa foi sempre coerente. Portugal não deve assumir, no plano europeu, uma lógica de confronto nem de submissão, mas de alianças e parcerias que permitam construir posições comuns no interesse de Portugal e da Europa.
8.ª MENTIRA: “ (…) houve necessidade de harmonizar o nível de comparticipação que era dada pelo Estado ao ensino artístico especializado, tendo o mesmo financiamento para toda a gente. Não vamos gastar menos dinheiro com o ensino artístico do que nos anos anteriores”
O governo de Passos Coelho, numa alegada harmonização do financiamento a atribuir ao ensino artístico especializado, promoveu um claro desequilíbrio territorial, impondo um corte de financiamento em muitas instituições e, consequentemente, obrigando à retirada de muitos alunos desta modalidade de ensino.
A Escola de Música de Esposende também sofreu cortes no financiamento estatal imposto pelo actual governo o que obriga dezenas de alunos a não poderem ter aulas de iniciação musical.

Para Passos Coelho harmonizar é sinónimo de cortar!