Benjamim Pereira cumpre um bom papel a debitar a
“cassete” da Coligação da Direita, só que roça o ridículo.
Numa acção partidária da
coligação da direita (PàF), Benjamim Pereira proferiu uma série de atoardas
contra o Partido Socialista que parecia estar num programa de standap comedy.
1 – No púlpito, Benjamim Pereira debita
uma verve demagógica e populista. Vai daí, abre a contenda com uma “entrada de
chancas”, quando vocifera: «Em todos os governos liderados pelo PS, houve
enormes e graves irresponsabilidades que se abateram sempre sobre o povo
português». Sobre esta narrativa, alerto Benjamim Pereira, o homem que diz que
se deve governar o país com o «senso comum» e não com técnicos de Harvard, que
seria bom que conhecesse os factos a que se refere. Sobre esta temática,
convido-o, e os nossos estimados leitores, a ler a minha crónica no número 29/2015,
14 a 20 de Agosto deste jornal, sobre as “falácias dos pedidos de ajuda externa”.
Lá está devidamente historiado os pedidos externos e de quem foram as
responsabilidades.
2 – As suas declarações continuam
na onda do cómico, pois ao mesmo tempo que enaltece as qualidades da governação
de Coelho e Portas, destilou sobre «os verdadeiros fracassos da política
socialista» e «as promessas que nunca passam da retórica».
Pois bem, Benjamim está a
tornar-se num refinado cómico – os Gatos Fedorentos que se cuidem com esta
concorrência -, pois tal apuro vai ao ponto de olvidar as promessas demagógicas
de Passos Coelho na campanha de 2011.
Será que Benjamim estava em Marte
quando Coelho jurou a uma menina que não cortava o subsídio da mãe?; e que
dizer da propaganda demagógica de que resolvia os problemas do défice público cortando
as gorduras do Estado?; e aquela de justificar o “chumbo” ao PEC4 de que o fez
para evitar que os portugueses tivessem mais aumento de impostos.
E o que fez Coelho logo que
chegou ao governo? Nada mais nada menos que um enorme aumento de impostos.
O rebuço foi tanto no palavrório de
Benjamim, que muitos foram os dislates saídos da boca do edil que governa a
Câmara de Esposende com “senso comum”, pois mais uns disparates saíram em
profusão, tendo em conta que era do PS que ele falava. Perante tal dizer, a
minha alma está pasma com tamanha loquacidade.
2 - Só que com um senão, é que
Benjamim talvez estivesse a falar do aumento da dívida pública promovida pelo
governo de Coelho e Portas; quem sabe se da destruição de 400 mil empregos promovida
pelo actual governo; talvez pela emigração de mais de 500 mil pessoas; quem
sabe se não se estaria a referir aos 133 mil jovens que tiveram de emigrar para
poderem trabalhar; quiçá aos 700 mil desencorajados que já não procuram emprego
e não têm direito a qualquer subsídio; ou talvez aos cortes desmesurados na
ciência e na investigação perpetrados pelo actual governo; talvez pela
existência de mais de 2 milhões de pobres em Portugal, e que a maioria trabalha;
que o PIB do país recuou 15 anos; dos mais de 10 mil milhões de euros que foram
retirados à economia pelo actual governo; o emprego caiu para o nível de 1996;
quem sabe se também na destruição do emprego jovem, onde em Portugal 1 em cada
2 jovens se encontra desempregado; e por que não dizer da taxa de risco de
exclusão social e pobreza dos jovens portugueses que cresceu 3 vezes mais que a
dos jovens europeus; e quiçá das mais de 2 milhões de pessoas que se encontram
em risco de pobreza; 1 em cada 4 crianças está em risco de pobreza; e também a
falar dos 70 mil idosos que deixaram de receber o Complemento Solidário para
Idosos; e as 27 mil famílias que deixaram de receber o Rendimento Social de
Inserção; 114 mil pessoas deixaram de receber o RSI; e que dizer da queda do
rendimento dos mais pobres, que caiu 3 vezes mais que o rendimento dos mais
ricos (os mais ricos perderam 8% do seu rendimento, mas os mais pobres perderam
24%). Isto para não falar dos desmesurados cortes na Educação e na Formação
Profissional. Isto é o balanço dos 4 anos de governação da coligação da direita
e não do PS.
3 – Perante este quadro, o
autarca esposendense, com a sua bela gestão de “senso comum”, deveria
invectivar Coelho e Portas por se ver na necessidade de depauperar os cofres da
autarquia, e também ele ter de ir aos bolsos dos cidadãos esposendenses no
saque de taxas e impostos, dado que para animar a populaça tem de lhe oferecer
concertos de borla; levar os idosos a dançar na Malafaia e em peregrinação a
Fátima para que eles esqueçam que foi o seu governo que obrigou os filhos e os
netos a emigrar; que as suas parcas reformas são em muitas famílias o único
rendimento do agregado familiar que se viu aumentado com a chegada dos filhos e
dos netos novamente a casa porque não conseguiram pagar as prestações e o banco
foi-lhes buscar a casa; para se esquecerem do valor que pagam na factura da
água; para não terem tempo de notar que uma parte do IRS que pagam vai para os
cofres da Câmara, etc.
E por causa dessas despesas, a
autarquia gerida pelo “senso comum” já não tem dinheiro para instalar o
saneamento em baixa e requalificar a rua das Carneiras, em Marinhas;
requalificar o caminho municipal de Rio de Moinhos, em Marinhas, etc.
4 – Já nem aqui vou abordar os
disparates proferidos por Benjamim Pereira sobre as promessas falhadas do PS,
pois não tenho espaço para avivar a memória ao Benjamim – acho que deve começar
a tomar memofante, passe a publicidade – sobre as promessas não cumpridas pela
PàF.
Contudo, e porque nessa sessão
Benjamim trouxe o assunto do TGV à colação, apenas quero referir que os
projectos do TGV são projectos do âmbito europeu que visava a modernização da
linha férrea e do transporte de alta velocidade em toda a Europa. Mais, quem
iniciou em Portugal o projecto das linhas do TGV foi o governo do Durão Barroso
e Paulo Portas, que assinaram, na Figueira da Foz, um protocolo com a Espanha
para construírem, não uma, não duas, mas cinco, repito, cinco linhas do TGV. Já
agora, quando fala das PPP’s deve primeiro analisar o motivo pelo qual algumas
foram feitas, pois essas, como foi o caso da A28, foi feita porque os governos
de Cavaco Silva desbarataram o dinheiro comunitário que tinha sido alocado a
esse projecto. Ou Benjamim não sabe a quantidade de anos que a A28 esteve sem
ser construída para atravessar o concelho de Esposende?
5 – Benjamim também vociferou
contra a sede de regressar ao poder dos Socialistas. Mas Benjamim põe “palas”
nos olhos sobre o que aconteceu em 2011, quando o responsável pelo pelouro das
finanças na Câmara de Gaia, que a levou à bancarrota, Marco António, “encostou
à parede” Passos Coelho, dizendo-lhe que ou tinha eleições no país ou no
partido. Coelho escolheu as eleições no país. Ó, Benjamim, e isto não é sede de
poder?
Mas a cereja no topo do bolo dos
disparates do Benjamim é a pérola de que «António José Seguro, a quem António
Costa apeou, tinha pelo menos um projecto de futuro…». Ei, Benjamim, brilhante
conclusão no final do disparate. Estou pasmo com tanto conhecimento. Quem sabe
se Benjamim foi o único a ver o tal projecto…
E o projecto do Benjamm para o
futuro de Esposende qual é? A compra de terrenos para o tão propalado Centro de
Negócios que os esposendenses ainda não tiveram a oportunidade de ver o
projecto? Que projecto tem Benjamim para o concelho, tão preocupado que ele está
com o futuro de Portugal para os filhos e os netos caso o PS chegue ao governo?
Benjamim Pereira deveria, em vez
de se preocupar com o PS, preocupar-se, isso sim, com os prejuízos do ano de
2014 da empresa Municipal Esposende Ambiente.
Mas essas preocupações pertencem
apenas a quem gere um país ou uma autarquia com bom senso e conhecimentos, não
obstante não ter de ser obrigatoriamente um técnico de Harvard, e não aos que
gerem os países e as autarquias com “senso comum”.
Nota: O autor escreve segundo o antigo AO.
*Artigo publicado no Jornal
Notícias de Esposende n.º 34/2015 – 17 a 23 Setembro.