segunda-feira, 21 de setembro de 2015

BENJAMIM PEREIRA E A “CASSETE” DA PAF*

Benjamim Pereira cumpre um bom papel a debitar a
“cassete” da Coligação da Direita, só que roça o ridículo.

Numa acção partidária da coligação da direita (PàF), Benjamim Pereira proferiu uma série de atoardas contra o Partido Socialista que parecia estar num programa de standap comedy.
1 – No púlpito, Benjamim Pereira debita uma verve demagógica e populista. Vai daí, abre a contenda com uma “entrada de chancas”, quando vocifera: «Em todos os governos liderados pelo PS, houve enormes e graves irresponsabilidades que se abateram sempre sobre o povo português». Sobre esta narrativa, alerto Benjamim Pereira, o homem que diz que se deve governar o país com o «senso comum» e não com técnicos de Harvard, que seria bom que conhecesse os factos a que se refere. Sobre esta temática, convido-o, e os nossos estimados leitores, a ler a minha crónica no número 29/2015, 14 a 20 de Agosto deste jornal, sobre as “falácias dos pedidos de ajuda externa”. Lá está devidamente historiado os pedidos externos e de quem foram as responsabilidades.
2 – As suas declarações continuam na onda do cómico, pois ao mesmo tempo que enaltece as qualidades da governação de Coelho e Portas, destilou sobre «os verdadeiros fracassos da política socialista» e «as promessas que nunca passam da retórica».
Pois bem, Benjamim está a tornar-se num refinado cómico – os Gatos Fedorentos que se cuidem com esta concorrência -, pois tal apuro vai ao ponto de olvidar as promessas demagógicas de Passos Coelho na campanha de 2011.
Será que Benjamim estava em Marte quando Coelho jurou a uma menina que não cortava o subsídio da mãe?; e que dizer da propaganda demagógica de que resolvia os problemas do défice público cortando as gorduras do Estado?; e aquela de justificar o “chumbo” ao PEC4 de que o fez para evitar que os portugueses tivessem mais aumento de impostos.
E o que fez Coelho logo que chegou ao governo? Nada mais nada menos que um enorme aumento de impostos.
O rebuço foi tanto no palavrório de Benjamim, que muitos foram os dislates saídos da boca do edil que governa a Câmara de Esposende com “senso comum”, pois mais uns disparates saíram em profusão, tendo em conta que era do PS que ele falava. Perante tal dizer, a minha alma está pasma com tamanha loquacidade.
2 - Só que com um senão, é que Benjamim talvez estivesse a falar do aumento da dívida pública promovida pelo governo de Coelho e Portas; quem sabe se da destruição de 400 mil empregos promovida pelo actual governo; talvez pela emigração de mais de 500 mil pessoas; quem sabe se não se estaria a referir aos 133 mil jovens que tiveram de emigrar para poderem trabalhar; quiçá aos 700 mil desencorajados que já não procuram emprego e não têm direito a qualquer subsídio; ou talvez aos cortes desmesurados na ciência e na investigação perpetrados pelo actual governo; talvez pela existência de mais de 2 milhões de pobres em Portugal, e que a maioria trabalha; que o PIB do país recuou 15 anos; dos mais de 10 mil milhões de euros que foram retirados à economia pelo actual governo; o emprego caiu para o nível de 1996; quem sabe se também na destruição do emprego jovem, onde em Portugal 1 em cada 2 jovens se encontra desempregado; e por que não dizer da taxa de risco de exclusão social e pobreza dos jovens portugueses que cresceu 3 vezes mais que a dos jovens europeus; e quiçá das mais de 2 milhões de pessoas que se encontram em risco de pobreza; 1 em cada 4 crianças está em risco de pobreza; e também a falar dos 70 mil idosos que deixaram de receber o Complemento Solidário para Idosos; e as 27 mil famílias que deixaram de receber o Rendimento Social de Inserção; 114 mil pessoas deixaram de receber o RSI; e que dizer da queda do rendimento dos mais pobres, que caiu 3 vezes mais que o rendimento dos mais ricos (os mais ricos perderam 8% do seu rendimento, mas os mais pobres perderam 24%). Isto para não falar dos desmesurados cortes na Educação e na Formação Profissional. Isto é o balanço dos 4 anos de governação da coligação da direita e não do PS.
3 – Perante este quadro, o autarca esposendense, com a sua bela gestão de “senso comum”, deveria invectivar Coelho e Portas por se ver na necessidade de depauperar os cofres da autarquia, e também ele ter de ir aos bolsos dos cidadãos esposendenses no saque de taxas e impostos, dado que para animar a populaça tem de lhe oferecer concertos de borla; levar os idosos a dançar na Malafaia e em peregrinação a Fátima para que eles esqueçam que foi o seu governo que obrigou os filhos e os netos a emigrar; que as suas parcas reformas são em muitas famílias o único rendimento do agregado familiar que se viu aumentado com a chegada dos filhos e dos netos novamente a casa porque não conseguiram pagar as prestações e o banco foi-lhes buscar a casa; para se esquecerem do valor que pagam na factura da água; para não terem tempo de notar que uma parte do IRS que pagam vai para os cofres da Câmara, etc.
E por causa dessas despesas, a autarquia gerida pelo “senso comum” já não tem dinheiro para instalar o saneamento em baixa e requalificar a rua das Carneiras, em Marinhas; requalificar o caminho municipal de Rio de Moinhos, em Marinhas, etc.
4 – Já nem aqui vou abordar os disparates proferidos por Benjamim Pereira sobre as promessas falhadas do PS, pois não tenho espaço para avivar a memória ao Benjamim – acho que deve começar a tomar memofante, passe a publicidade – sobre as promessas não cumpridas pela PàF.
Contudo, e porque nessa sessão Benjamim trouxe o assunto do TGV à colação, apenas quero referir que os projectos do TGV são projectos do âmbito europeu que visava a modernização da linha férrea e do transporte de alta velocidade em toda a Europa. Mais, quem iniciou em Portugal o projecto das linhas do TGV foi o governo do Durão Barroso e Paulo Portas, que assinaram, na Figueira da Foz, um protocolo com a Espanha para construírem, não uma, não duas, mas cinco, repito, cinco linhas do TGV. Já agora, quando fala das PPP’s deve primeiro analisar o motivo pelo qual algumas foram feitas, pois essas, como foi o caso da A28, foi feita porque os governos de Cavaco Silva desbarataram o dinheiro comunitário que tinha sido alocado a esse projecto. Ou Benjamim não sabe a quantidade de anos que a A28 esteve sem ser construída para atravessar o concelho de Esposende?
5 – Benjamim também vociferou contra a sede de regressar ao poder dos Socialistas. Mas Benjamim põe “palas” nos olhos sobre o que aconteceu em 2011, quando o responsável pelo pelouro das finanças na Câmara de Gaia, que a levou à bancarrota, Marco António, “encostou à parede” Passos Coelho, dizendo-lhe que ou tinha eleições no país ou no partido. Coelho escolheu as eleições no país. Ó, Benjamim, e isto não é sede de poder?
Mas a cereja no topo do bolo dos disparates do Benjamim é a pérola de que «António José Seguro, a quem António Costa apeou, tinha pelo menos um projecto de futuro…». Ei, Benjamim, brilhante conclusão no final do disparate. Estou pasmo com tanto conhecimento. Quem sabe se Benjamim foi o único a ver o tal projecto…
E o projecto do Benjamm para o futuro de Esposende qual é? A compra de terrenos para o tão propalado Centro de Negócios que os esposendenses ainda não tiveram a oportunidade de ver o projecto? Que projecto tem Benjamim para o concelho, tão preocupado que ele está com o futuro de Portugal para os filhos e os netos caso o PS chegue ao governo?
Benjamim Pereira deveria, em vez de se preocupar com o PS, preocupar-se, isso sim, com os prejuízos do ano de 2014 da empresa Municipal Esposende Ambiente.
Mas essas preocupações pertencem apenas a quem gere um país ou uma autarquia com bom senso e conhecimentos, não obstante não ter de ser obrigatoriamente um técnico de Harvard, e não aos que gerem os países e as autarquias com “senso comum”.

Nota: O autor escreve segundo o antigo AO.

*Artigo publicado no Jornal Notícias de Esposende n.º 34/2015 – 17 a 23 Setembro.