quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A MINHA CAMPANHA ELEITORAL

Tenho contactado com várias pessoas nas últimas semanas. Sei que muitas delas me conhecem e retraem-se em dizer cara a cara o que pensam dos partidos, dos políticos e daqueles que se encontram envolvidos na política partidária.
Sinto que há um grande azedume contra os partidos e os políticos. Noto uma crescente revolta interior nos cidadãos contra as más práticas políticas. Não escondo de sentir que as pessoas apontam a responsabilidade aos políticos pelos problemas que lhes afectam a vida.
Uma substancial franja dos cidadãos acha que o facto de ter ido para o desemprego; de ter sido obrigado a emigrar; de ver um filho, uma filha, um neto, uma neta, o marido, a esposa, um familiar a ser obrigado a emigrar porque em Portugal não tem trabalho; uma empresa familiar, uma micro empresa, uma pequena ou média empresa a encerrar; tudo é responsabilidade dos políticos, dos governos, das oposições. Tudo o que desaba de mau na vida concreta das pessoas é da responsabilidade dos partidos e dos políticos.
Procurar amenizar este anátema colocado em cima dos partidos e dos políticos é um trabalho hercúleo! As pessoas não estão disponíveis para ouvir o argumentário de quem procura esclarecê-los. De quem quer dizer às pessoas que a maior responsabilidade da causa do drama que as afecta é mais das políticas que se querem implementar do que, objectivamente, dos partidos políticos.
A existência de partidos políticos é primordial para o bom funcionamento do Estado de Direito. É a melhor forma de fazer prevalecer a Democracia.
Mas a realidade torna tudo isto como uma verve sem sentido, pois uma grande franja da sociedade interiorizou o contrário. Entende que se o país está mal, a culpa é dos partidos! Se o país anda perto da bancarrota, a culpa é dos políticos!
Com facilidade uma caterva de demagogos e populistas conseguem doutrinar a sociedade contra os partidos. Contudo, esses pregadores que se anunciam contra os partidos, contra os políticos, são aqueles que mais política faz, e que mais prejudicam a Democracia. É deste tipo de discursos que nascem os radicalismos. É aqui que floresce a cultura extremista. Todavia, estes pregadores anti partidos quando chegam ao exercício do poder são piores que aqueles que foram eleitos pelos partidos.
Não restam dúvidas de que hoje, por aquilo que oiço, as pessoas estão “desesperadas”, ou em busca de alguém que lhes possa fornecer um pingo de verdade e de esperança no futuro, mas como não acreditam na palavra dos políticos, aceitam mais facilmente a retórica populista daqueles que se anunciam contra os partidos. Mas isto é cair num embuste bem pior do que acreditar na boa-fé daqueles que em nome de um partido se candidatam a um cargo político.
Portanto, perante tal raiva, hoje em dia a sociedade está dividida no contra e a favor dos partidos.
Em plena campanha eleitoral as pessoas têm de se predispor, e sem qualquer constrangimento ou ideia feita, ouvir o que diz cada candidato, e, a partir daí, fazerem a sua escolha. Ficar em casa e não ir votar, em nada altera a sua vida e continuará a dizer mal dos partidos e dos políticos. Votar em branco já é um sinal de protesto. Mas esse voto não elege nenhum deputado, nem dita o partido vencedor.
Importa criar na sociedade o hábito de ler, ouvir, ver, assistir, participar, protestar em tudo onde haja lugar para a análise política, pois só dessa forma os políticos e os partidos ficarão avisados daquilo que a sociedade quer.
Mas não restam dúvidas de que pior que os partidos é hoje o mundo financeiro. Estas entidades sem rosto escondem-se atrás dos políticos e manuseiam a seu bel prazer os seus interesses. São essas eminências pardas que detêm os cordelinhos da política. São eles que decidem a política económica. Para isso colocam nos lugares chaves tecnocratas pagos a peso de ouro, que subjugam os políticos aos seus interesses. O último caso foi o da Grécia.
Por muito que as pessoas queiram mal aos partidos e aos políticos, devem ir votar. Devem escolher aquele que melhor poderá ir de encontro aos seus anseios. Aquele que não lhe mente!
Da minha parte, apenas peço para que em consciência comparem quem não promete nada daquilo que não pode cumprir, e quem diz que agora é que vai ser, depois dos 4 anos de governo que desgraçou os portugueses! Eleger quem teve a coragem de apresentar um programa eleitoral devidamente quantificado e com as contas feitas; com quem não apresentou nenhum programa eleitoral, quem não diz o que vai fazer, quem não divulga os compromissos que já assumiu com Bruxelas para o Orçamento do Estado de 2016.
No próximo dia 4 de Outubro, os portugueses devem decidir se querem continuar a viver num país onde lhe é imposta a canga da mentira, da trapaça, da austeridade, da destruição da Saúde e Educação pública e da Segurança Social, que Passos Coelho e Paulo Portas querem privatizar. Ou escolher quem lhe oferece garantias de defesa da Saúde e da Escola pública, quem pretende salvar a Segurança Social pública, quem já deu mostras de ser um homem sério, competente e defensor da causa pública.
Escolher entre Passos Coelho e António Costa, a escolha mais acertada para Portugal e para os Portugueses é António Costa e o Partido Socialista.

De facto não sou isento, faço o meu registo de interesses, mas uma coisa é certa, não quero fazer de conta que sou isento no meu comentário e nas minhas crónicas, como há por aí uma série de comentadores arregimentados nos jornais e nas televisões. E são esses que em vez de ajudar a esclarecer as pessoas, mais confusões lhes traz e mais descrédito lhes causa contra os partidos.