Tenho contactado com várias
pessoas nas últimas semanas. Sei que muitas delas me conhecem e retraem-se em
dizer cara a cara o que pensam dos partidos, dos políticos e daqueles que se
encontram envolvidos na política partidária.
Sinto que há um grande azedume
contra os partidos e os políticos. Noto uma crescente revolta interior nos
cidadãos contra as más práticas políticas. Não escondo de sentir que as pessoas
apontam a responsabilidade aos políticos pelos problemas que lhes afectam a
vida.
Uma substancial franja dos
cidadãos acha que o facto de ter ido para o desemprego; de ter sido obrigado a
emigrar; de ver um filho, uma filha, um neto, uma neta, o marido, a esposa, um
familiar a ser obrigado a emigrar porque em Portugal não tem trabalho; uma
empresa familiar, uma micro empresa, uma pequena ou média empresa a encerrar;
tudo é responsabilidade dos políticos, dos governos, das oposições. Tudo o que
desaba de mau na vida concreta das pessoas é da responsabilidade dos partidos e
dos políticos.
Procurar amenizar este anátema
colocado em cima dos partidos e dos políticos é um trabalho hercúleo! As
pessoas não estão disponíveis para ouvir o argumentário de quem procura
esclarecê-los. De quem quer dizer às pessoas que a maior responsabilidade da
causa do drama que as afecta é mais das políticas que se querem implementar do
que, objectivamente, dos partidos políticos.
A existência de partidos
políticos é primordial para o bom funcionamento do Estado de Direito. É a
melhor forma de fazer prevalecer a Democracia.
Mas a realidade torna tudo isto
como uma verve sem sentido, pois uma grande franja da sociedade interiorizou o
contrário. Entende que se o país está mal, a culpa é dos partidos! Se o país
anda perto da bancarrota, a culpa é dos políticos!
Com facilidade uma caterva de
demagogos e populistas conseguem doutrinar a sociedade contra os partidos.
Contudo, esses pregadores que se anunciam contra os partidos, contra os
políticos, são aqueles que mais política faz, e que mais prejudicam a
Democracia. É deste tipo de discursos que nascem os radicalismos. É aqui que
floresce a cultura extremista. Todavia, estes pregadores anti partidos quando
chegam ao exercício do poder são piores que aqueles que foram eleitos pelos
partidos.
Não restam dúvidas de que hoje,
por aquilo que oiço, as pessoas estão “desesperadas”, ou em busca de alguém que
lhes possa fornecer um pingo de verdade e de esperança no futuro, mas como não
acreditam na palavra dos políticos, aceitam mais facilmente a retórica
populista daqueles que se anunciam contra os partidos. Mas isto é cair num
embuste bem pior do que acreditar na boa-fé daqueles que em nome de um partido
se candidatam a um cargo político.
Portanto, perante tal raiva, hoje
em dia a sociedade está dividida no contra e a favor dos partidos.
Em plena campanha eleitoral as
pessoas têm de se predispor, e sem qualquer constrangimento ou ideia feita,
ouvir o que diz cada candidato, e, a partir daí, fazerem a sua escolha. Ficar
em casa e não ir votar, em nada altera a sua vida e continuará a dizer mal dos
partidos e dos políticos. Votar em branco já é um sinal de protesto. Mas esse
voto não elege nenhum deputado, nem dita o partido vencedor.
Importa criar na sociedade o
hábito de ler, ouvir, ver, assistir, participar, protestar em tudo onde haja lugar
para a análise política, pois só dessa forma os políticos e os partidos ficarão
avisados daquilo que a sociedade quer.
Mas não restam dúvidas de que
pior que os partidos é hoje o mundo financeiro. Estas entidades sem rosto
escondem-se atrás dos políticos e manuseiam a seu bel prazer os seus
interesses. São essas eminências pardas que detêm os cordelinhos da política.
São eles que decidem a política económica. Para isso colocam nos lugares chaves
tecnocratas pagos a peso de ouro, que subjugam os políticos aos seus
interesses. O último caso foi o da Grécia.
Por muito que as pessoas queiram
mal aos partidos e aos políticos, devem ir votar. Devem escolher aquele que
melhor poderá ir de encontro aos seus anseios. Aquele que não lhe mente!
Da minha parte, apenas peço para
que em consciência comparem quem não promete nada daquilo que não pode cumprir,
e quem diz que agora é que vai ser, depois dos 4 anos de governo que desgraçou
os portugueses! Eleger quem teve a coragem de apresentar um programa eleitoral
devidamente quantificado e com as contas feitas; com quem não apresentou nenhum
programa eleitoral, quem não diz o que vai fazer, quem não divulga os
compromissos que já assumiu com Bruxelas para o Orçamento do Estado de 2016.
No próximo dia 4 de Outubro, os
portugueses devem decidir se querem continuar a viver num país onde lhe é
imposta a canga da mentira, da trapaça, da austeridade, da destruição da Saúde
e Educação pública e da Segurança Social, que Passos Coelho e Paulo Portas
querem privatizar. Ou escolher quem lhe oferece garantias de defesa da Saúde e
da Escola pública, quem pretende salvar a Segurança Social pública, quem já deu
mostras de ser um homem sério, competente e defensor da causa pública.
Escolher entre Passos Coelho e
António Costa, a escolha mais acertada para Portugal e para os Portugueses é
António Costa e o Partido Socialista.
De facto não sou isento, faço o
meu registo de interesses, mas uma coisa é certa, não quero fazer de conta que
sou isento no meu comentário e nas minhas crónicas, como há por aí uma série de
comentadores arregimentados nos jornais e nas televisões. E são esses que em
vez de ajudar a esclarecer as pessoas, mais confusões lhes traz e mais descrédito
lhes causa contra os partidos.