Aí, Benjamim, como diz Sérgio Godinho na canção, “Namoro”! Estou
completamente atónito com o presidente da Câmara de Esposende.
Estou pasmo com o conhecimento que o edil do meu município tem sobre as
instituições do concelho e onde a Câmara tem um relevante papel. De facto, a
minha alma está parva com tamanha ignorância… Então não é que questionado, na
reunião de Câmara, sobre os problemas que envolve a Direcção Pedagógica da
Escola de Música de Esposende e a Direcção Administrativa, da qual a Câmara
Municipal faz parte como cooperante com a maior quota, 49% - não se sabendo bem
o que foi feito a 2% que a Câmara deixou de deter? – referiu que a «escola tem
cerca de 14 anos de existência e que pertence à Zendensino, sendo que a câmara
não detém maioria do capital». Será que Benjamim Pereira não sabe que a Escola
de Música de Esposende tem pelo menos 20 anos. Os 14 anos a que ele se refere
são aqueles em que o actual Director Pedagógico tem de funções na EME. Sacudir
o facto de não deter a maioria do capital é o chico espertismo próprio dos saloios,
esquecendo-se que 49% são do Município.
Depois diz com toda a leviandade que tem havido uma deterioração de
relacionamento entre o Director Pedagógico da Escola de Música e o presidente
da Zendensino que se traduz num conflito de ideias. E o que faz Benjamim
Pereira, procura resolver os assuntos em conflito, procurando salvar o projecto
cultural que é a Escola de Música de Esposende, ou abstém-se e deixa a fogueira
a arder?
Mais grave
ainda se transforma esta visão tosca e tacanha, própria de um provinciano, de
que não é do interesses da Câmara continuar a financiar a entrada de alunos na
EME que não foram abrangidos pelos apoios do Estado para o ensino artístico,
como o fez nos últimos anos com 52 mil euros por ano, argumentando de forma campesina
com a tirada de que «se tivéssemos mais 100 ou 200 alunos, teria de se
disponibilizar mais dinheiro, com base num critério de igualdade. A Escola de
Música tem de sobreviver em função do financiamento que o Estado dá para o
ensino artístico…». Deveras, tal esfarrapada justificação deve deixar atónitos todos
aqueles que defendem que um projecto cultural deve ser apoiado.
Como se vê,
Benjamim Pereira prefere gastar mais de 50 mil euros por ano nos chamados
concertos de Verão, do que nos projectos culturais que envolvem crianças e
jovens do Município. Triste visão e tão grande tacanhez!
Questionado
sobre o futuro do Coro dos Pequenos Cantores de Esposende e do Ars Vocalis,
nascidos no interior da Escola de Música, Benjamim diz que «são projectos
autónomos da escola de música, sendo financiados pelo município com 6 mil euros
cada», argumentando, «até que ponto a Câmara, como participante na cooperativa,
deve aceder a todas as pretensões que são feitas…».
Eu respondo a
Benjamim, a Câmara não tem que responder a todas as pretensões, tem é de ter o
bom senso de medir as consequências das decisões que toma, quer por acção quer
por omissão. Os projectos culturais em Esposende são tão poucos que devem ser
preservados. E esse é um papel que cabe ao Município. Eu sei que é preferível
fazer umas festas e umas peregrinações, sendo que apostar na cultura e na
formação musical de crianças e jovens do concelho não dá tanta visibilidade,
pois esse palco é concedido aos alunos e aos professores. O reconhecimento dos pais
e encarregados de educação são direccionados para os professores. E isso faz
roer de inveja muitos que gostariam de subir ao palco. O palco das actuações
dos alunos da EME não é o mesmo da Malafaia, da igreja da Santíssima Trindade e
dos parques em redor do Santuário de Fátima. Temos pena!
Como eu
pensasse que Benjamim Pereira já não me surpreenderia, eis senão que surge mais
uma pérola pela boca do edil esposendense.
Ainda na
reunião de Câmara, Benjamim foi questionado, e muito bem, pelo facto dos
vereadores da oposição não terem sido convidados para todos os actos/eventos,
como por exemplo a última ida a Fátima com os idosos.
Benjamim
Pereira deu uma resposta lapidar, e demonstra a forma tosca, absolutista e a
sua falta de cultura democrática como ele vê a democracia e o seu conceito
sobre a gestão da coisa pública, pois disse «relativamente aos eventos de cariz
executivo, é natural que apenas compareçam os vereadores que exercem funções a
tempo inteiro, sendo que, em todos os eventos de cariz público, são convidados
todos os vereadores do executivo municipal».
Acabei a
leitura e tive de ir reler, pois o que tinha lido era tão confrangedor, tão
estúpido, que tive de repetir a leitura para me convencer.
Então não é que
Benjamim Pereira, presidente da Câmara de Esposende, entende que aquilo que se
organiza com os dinheiros públicos tem características diferentes conforme o
seu entendimento?
Já agora há
eventos de cariz mais executivo, onde só têm direito a estar presentes os
vereadores a tempo inteiro, com salário pago pelos contribuintes esposendenses?
E há outros eventos de cariz público?
Ficamos todos a
saber que Benjamim Pereira entende que levar os idosos a Fátima é um evento de
cariz privado dos vereadores a tempo inteiro. Não é público, não senhor. E
porque será? Será para que os vereadores da oposição não vejam a eventual campanha
eleitoral que possam fazer?
Contudo, será
que Benjamim Pereira já considera que inaugurar uma retrete é um evento de
cariz público, e aí já são convidados os vereadores da oposição?
Benjamim
Pereira tem uma falta de pudor que arrepia. Todos ficamos a saber que os cerca
de 20 mil euros gastos com o transporte dos idosos a Fátima é um evento de
cariz privado, pois só está aberto aos vereadores a tempo inteiro. Então cada
vereador que pague do seu bolso as despesas. Porque tudo o que seja feito e
organizado com os dinheiros públicos é público. E todos os que têm assento no executivo
têm o mesmo direito de participar nesses eventos, pois todos fazem parte do
executivo.
Só posso dizer
que isto é uma vergonha!