A demagogia e o
populismo em política é um acto reprovável
1 – A política deverá ser feita
com base na seriedade e com critérios de respeito para com os eleitores. Quando
no exercício da política os intervenientes, os partidos ou os grupos políticos
eleitos proclamam exigências e recomendações apenas e só com o propósito
político-partidário através da utilização da demagogia e do populismo fazem
emergir o que de mais podre e abominável há na prática da política e, nesse
sentido, devem ser descredibilizados nas suas práticas porque estamos perante
uma grande hipocrisia política.
Este intróito vem a propósito da
postura do grupo do PSD eleito na Assembleia Municipal que na última reunião
apresentou três recomendações à Câmara Municipal no sentido desta exigir junto
do novo governo do PS que fossem repostas as freguesias, as competências do
tribunal e o serviço de urgência do hospital de Barcelos, que, como é sabido,
também abrange a população de Esposende, e cujas leis foram escritas e postas
em prática pelo anterior governo do PSD/CDS.
Este comportamento do grupo
político do PSD é um sinal demonstrativo da hipocrisia política, da demagogia e
do populismo. Na política não vale tudo! Mas isso parece que há quem não queira
entender.
Por paradoxal que pareça, dá a
sensação que o grupo político do PSD despertou agora do sono político-partidário
que o assolou nos últimos 4 anos. Depois de uma total obliteração das
malfeitorias causadas pelo anterior governo ao povo esposendense e sem um
pequeno arrufo que fosse de demonstração pública da sua insatisfação pelas
medidas tomadas pelo governo PSD/CDS, vem agora o grupo político do PSD
mostrar-se muito apressado na reclamação e exigência da reversão das decisões
tomadas pelo governo anterior agora que está em funções um governo de cor
política diferente.
A atitude da bancada laranja é
própria de quem olha apenas à cor do partido que defende e nãos aos superiores
interesses da população de Esposende e do seu concelho.
O facto de alegar que na
Assembleia Municipal votaram contra as decisões anunciadas pelo governo de
então não é motivo branqueador da submissão partidária ao longo dos 4 anos de
governação do PSD.
Já agora, porque nunca tomou o
grupo do PSD, durante os 4 anos de governo do PSD/CDS, a decisão de levar à
votação na Assembleia as Recomendações agora apresentadas à Câmara Municipal
para esta pressionar o governo anterior a reverter as tais decisões? Porque
nunca o grupo do PSD teve a coragem política de publicamente demonstrar o seu
desacordo com tal medida, tendo tido oportunidades mais que suficientes para
essa manifestação de defesa do povo esposendense, pois no concelho tiveram as
presenças de Passos Coelho, Primeiro-ministro; Cavaco Silva, Presidente da República;
do Ministro do Ambiente e do Secretário de Estado da Juventude e Desporto e
muitas outras figuras? Nesses actos e na presença das figuras públicas
governativas o PSD talvez se tenham esquecido dessas exigências e da
demonstração do seu desagrado com as decisões governamentais sobre os assuntos
em demanda, tal seria a histeria e a excitação com a festa e a recepção a tão
ilustres figuras.
Já agora também se poderá
perguntar, e há razões para isso, ao grupo político do PSD na Assembleia, dado
ser contra e se mostrar tão descontente com as decisões do governo do PSD que
agora reclamam que sejam anuladas, o que fez o PSD de Esposende durante a
última campanha eleitoral sobre este assunto? Há alguma reacção do PSD de
Esposende a contestar o facto de no programa eleitoral da PàF (coligação
PSD/CDS) não constar a reversão e anulação das leis que o grupo do PSD na
Assembleia Municipal acha serem tão perniciosas para o concelho de Esposende e para
os esposendenses? O PSD de Esposende nada fez para defender os esposendenses e
preferiu ser submisso ao partido, pelo que os actos assumidos na última
Assembleia Municipal pelo grupo político do PSD não passam de uma artimanha e
de um exercício de hipocrisia política recheado de demagogia e populismo.
2 – Não precisa o grupo político
do PSD na Assembleia Municipal de se apoquentar com Recomendações à Câmara
Municipal para pressionar o governo do PS a reverter as tais leis que agora
tanto os incomoda mas que antes apenas se mostraram contra para ficarem bem na
fotografia e enganar os esposendenses, pois nada fizeram de concreto para
afrontar o anterior governo do PSD/CDS no sentido de não ir em frente com as
leis que o grupo político do PSD entende serem tão maléficas, pois o governo do
PS já assumiu no seu programa de governo que vai reverter essas leis:
a) A
Recomendação do PSD à Câmara Municipal sobre o fim da agregação de freguesias é
completamente infundada, pois esse é um compromisso já assumido pelo governo.
Não obstante o
grupo do PSD rasgar as vestes e entrar num pranto de que sempre foi contra a
agregação de freguesias, o mesmo não passa de um choro com lágrimas de
crocodilo, pois o desenho da agregação de freguesias no concelho de Esposende
foi feito com pincel e tinta cor de laranja, tal foi a intenção política em tal
mapa.
Os
esposendenses podem ficar cientes de que o actual governo vai enviar para as
Câmaras Municipais e Assembleias Municipais a decisão de manter ou rasgar esta
Lei da agregação de freguesias tão disparatada que foi feita nas costas e sem o
apoio do povo. Mas vai fazê-lo porque o PS sempre foi contra esta lei
“relvista” e atamancada, feita sem rigor e contra a vontade da população, e não
porque a Câmara Municipal de Esposende, seguindo a Recomendação do grupo do
PSD, bateu o pé ao governo para reverte a lei da Reorganização Administrativa;
b) Também
no que concerne à anulação da desqualificação do Tribunal de Esposende,
pasma-se agora o empertigamento do grupo do PSD com tal Recomendação à Câmara
Municipal, pois até neste caso o PSD andou a fugir dos “pingos da chuva” e
apenas entrou no número de aprovar uma moção na Assembleia Municipal de que era
contra a desqualificação do tribunal, moção aprovada por todos os partidos com
assento na Assembleia. Contudo, nada mais fizeram que isso e publicamente não
organizaram qualquer iniciativa que visasse alertar a população para esse
facto. Também neste assunto, a Câmara Municipal, apesar de dizer que era
contra, colocou as suas viaturas ao serviço do tribunal para transportar os
processos que saíam do tribunal de Esposende para os outros tribunais.
Sobre esta
matéria o PS de Esposende tornou pública a sua posição e inclusivamente
organizou uma sessão pública, com advogados e um dirigente sindical, a alertar
para os malefícios e os prejuízos que tal decisão governamental viria trazer
para Esposende e os esposendenses.
Também sobre
este assunto, não será por pressão da Câmara de Esposende, na sequência da
Recomendação do PSD, que o governo irá recolocar em prática as valências do
tribunal de Esposende, dado que fez parte do programa eleitoral do PS, e consta
do programa de governo, a reanálise à reorganização dos tribunais e onde o PS
demonstrou sempre a sua oposição ao mapa judiciário aprovado pelo governo do
PSD/CDS;
c) Já
quanto à Recomendação do PSD sobre a desqualificação do serviço de urgências do
Hospital de Barcelos, que também serve a população de Esposende, uma legislação
produzida pelo último governo do PSD/CDS, mas que não entrou em vigor. Não foi
fruto da Recomendação do grupo do PSD à Câmara e da pressão desta sobre o
governo do PS que tal intenção da alteração dos serviços de urgência não vai em
frente, pois já foi anunciado pelo actual governo de que esta medida será
revertida.
3 – Confrontados com este número
“circense” de hipocrisia política, demagogia e populismo o grupo do PS na
Assembleia e o deputado do PCP votaram contra essas Recomendações, pois as
mesmas eram apenas e só uma acção execrável do exercício da política.
Por fim, o PSD de Esposende não
fica bem na fotografia em vir agora para a comunicação social procurar
contaminar os esposendenses contra as decisões do grupo do PS e do deputado do
PCP por não os acompanharem a votar a favor neste toque de consciência que
assolou os deputados do PSD na Assembleia Municipal e o facto de terem
despertado do “sono” profundo que os afectou durante 4 anos. Bastou a mudança
de governo para se arvorarem em paladinos defensores dos fracos e oprimidos
esposendenses…
O palco da política não pode ser
visto como um circo, pois as pessoas têm de ser respeitadas. Hipocrisia
política, demagogia e populismo é um acto soez no exercício da política e por
isso condenável.
Nota: O autor escreve com o
antigo AO
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