quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A HIPOCRISIA POLÍTICA

A demagogia e o populismo em política é um acto reprovável
1 – A política deverá ser feita com base na seriedade e com critérios de respeito para com os eleitores. Quando no exercício da política os intervenientes, os partidos ou os grupos políticos eleitos proclamam exigências e recomendações apenas e só com o propósito político-partidário através da utilização da demagogia e do populismo fazem emergir o que de mais podre e abominável há na prática da política e, nesse sentido, devem ser descredibilizados nas suas práticas porque estamos perante uma grande hipocrisia política.
Este intróito vem a propósito da postura do grupo do PSD eleito na Assembleia Municipal que na última reunião apresentou três recomendações à Câmara Municipal no sentido desta exigir junto do novo governo do PS que fossem repostas as freguesias, as competências do tribunal e o serviço de urgência do hospital de Barcelos, que, como é sabido, também abrange a população de Esposende, e cujas leis foram escritas e postas em prática pelo anterior governo do PSD/CDS.
Este comportamento do grupo político do PSD é um sinal demonstrativo da hipocrisia política, da demagogia e do populismo. Na política não vale tudo! Mas isso parece que há quem não queira entender.
Por paradoxal que pareça, dá a sensação que o grupo político do PSD despertou agora do sono político-partidário que o assolou nos últimos 4 anos. Depois de uma total obliteração das malfeitorias causadas pelo anterior governo ao povo esposendense e sem um pequeno arrufo que fosse de demonstração pública da sua insatisfação pelas medidas tomadas pelo governo PSD/CDS, vem agora o grupo político do PSD mostrar-se muito apressado na reclamação e exigência da reversão das decisões tomadas pelo governo anterior agora que está em funções um governo de cor política diferente.
A atitude da bancada laranja é própria de quem olha apenas à cor do partido que defende e nãos aos superiores interesses da população de Esposende e do seu concelho.
O facto de alegar que na Assembleia Municipal votaram contra as decisões anunciadas pelo governo de então não é motivo branqueador da submissão partidária ao longo dos 4 anos de governação do PSD.
Já agora, porque nunca tomou o grupo do PSD, durante os 4 anos de governo do PSD/CDS, a decisão de levar à votação na Assembleia as Recomendações agora apresentadas à Câmara Municipal para esta pressionar o governo anterior a reverter as tais decisões? Porque nunca o grupo do PSD teve a coragem política de publicamente demonstrar o seu desacordo com tal medida, tendo tido oportunidades mais que suficientes para essa manifestação de defesa do povo esposendense, pois no concelho tiveram as presenças de Passos Coelho, Primeiro-ministro; Cavaco Silva, Presidente da República; do Ministro do Ambiente e do Secretário de Estado da Juventude e Desporto e muitas outras figuras? Nesses actos e na presença das figuras públicas governativas o PSD talvez se tenham esquecido dessas exigências e da demonstração do seu desagrado com as decisões governamentais sobre os assuntos em demanda, tal seria a histeria e a excitação com a festa e a recepção a tão ilustres figuras.
Já agora também se poderá perguntar, e há razões para isso, ao grupo político do PSD na Assembleia, dado ser contra e se mostrar tão descontente com as decisões do governo do PSD que agora reclamam que sejam anuladas, o que fez o PSD de Esposende durante a última campanha eleitoral sobre este assunto? Há alguma reacção do PSD de Esposende a contestar o facto de no programa eleitoral da PàF (coligação PSD/CDS) não constar a reversão e anulação das leis que o grupo do PSD na Assembleia Municipal acha serem tão perniciosas para o concelho de Esposende e para os esposendenses? O PSD de Esposende nada fez para defender os esposendenses e preferiu ser submisso ao partido, pelo que os actos assumidos na última Assembleia Municipal pelo grupo político do PSD não passam de uma artimanha e de um exercício de hipocrisia política recheado de demagogia e populismo.
2 – Não precisa o grupo político do PSD na Assembleia Municipal de se apoquentar com Recomendações à Câmara Municipal para pressionar o governo do PS a reverter as tais leis que agora tanto os incomoda mas que antes apenas se mostraram contra para ficarem bem na fotografia e enganar os esposendenses, pois nada fizeram de concreto para afrontar o anterior governo do PSD/CDS no sentido de não ir em frente com as leis que o grupo político do PSD entende serem tão maléficas, pois o governo do PS já assumiu no seu programa de governo que vai reverter essas leis:
a)      A Recomendação do PSD à Câmara Municipal sobre o fim da agregação de freguesias é completamente infundada, pois esse é um compromisso já assumido pelo governo.
Não obstante o grupo do PSD rasgar as vestes e entrar num pranto de que sempre foi contra a agregação de freguesias, o mesmo não passa de um choro com lágrimas de crocodilo, pois o desenho da agregação de freguesias no concelho de Esposende foi feito com pincel e tinta cor de laranja, tal foi a intenção política em tal mapa.
Os esposendenses podem ficar cientes de que o actual governo vai enviar para as Câmaras Municipais e Assembleias Municipais a decisão de manter ou rasgar esta Lei da agregação de freguesias tão disparatada que foi feita nas costas e sem o apoio do povo. Mas vai fazê-lo porque o PS sempre foi contra esta lei “relvista” e atamancada, feita sem rigor e contra a vontade da população, e não porque a Câmara Municipal de Esposende, seguindo a Recomendação do grupo do PSD, bateu o pé ao governo para reverte a lei da Reorganização Administrativa;
b)      Também no que concerne à anulação da desqualificação do Tribunal de Esposende, pasma-se agora o empertigamento do grupo do PSD com tal Recomendação à Câmara Municipal, pois até neste caso o PSD andou a fugir dos “pingos da chuva” e apenas entrou no número de aprovar uma moção na Assembleia Municipal de que era contra a desqualificação do tribunal, moção aprovada por todos os partidos com assento na Assembleia. Contudo, nada mais fizeram que isso e publicamente não organizaram qualquer iniciativa que visasse alertar a população para esse facto. Também neste assunto, a Câmara Municipal, apesar de dizer que era contra, colocou as suas viaturas ao serviço do tribunal para transportar os processos que saíam do tribunal de Esposende para os outros tribunais.
Sobre esta matéria o PS de Esposende tornou pública a sua posição e inclusivamente organizou uma sessão pública, com advogados e um dirigente sindical, a alertar para os malefícios e os prejuízos que tal decisão governamental viria trazer para Esposende e os esposendenses.
Também sobre este assunto, não será por pressão da Câmara de Esposende, na sequência da Recomendação do PSD, que o governo irá recolocar em prática as valências do tribunal de Esposende, dado que fez parte do programa eleitoral do PS, e consta do programa de governo, a reanálise à reorganização dos tribunais e onde o PS demonstrou sempre a sua oposição ao mapa judiciário aprovado pelo governo do PSD/CDS;
c)       Já quanto à Recomendação do PSD sobre a desqualificação do serviço de urgências do Hospital de Barcelos, que também serve a população de Esposende, uma legislação produzida pelo último governo do PSD/CDS, mas que não entrou em vigor. Não foi fruto da Recomendação do grupo do PSD à Câmara e da pressão desta sobre o governo do PS que tal intenção da alteração dos serviços de urgência não vai em frente, pois já foi anunciado pelo actual governo de que esta medida será revertida.
3 – Confrontados com este número “circense” de hipocrisia política, demagogia e populismo o grupo do PS na Assembleia e o deputado do PCP votaram contra essas Recomendações, pois as mesmas eram apenas e só uma acção execrável do exercício da política.
Por fim, o PSD de Esposende não fica bem na fotografia em vir agora para a comunicação social procurar contaminar os esposendenses contra as decisões do grupo do PS e do deputado do PCP por não os acompanharem a votar a favor neste toque de consciência que assolou os deputados do PSD na Assembleia Municipal e o facto de terem despertado do “sono” profundo que os afectou durante 4 anos. Bastou a mudança de governo para se arvorarem em paladinos defensores dos fracos e oprimidos esposendenses…
O palco da política não pode ser visto como um circo, pois as pessoas têm de ser respeitadas. Hipocrisia política, demagogia e populismo é um acto soez no exercício da política e por isso condenável.

Nota: O autor escreve com o antigo AO

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