segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

O papel do Presidente da República é defender todos os portugueses, sem excepção, e pugnar pelo bom funcionamento das Instituições e pela defesa da Constituição da República Portuguesa

1 – Dentro de uma semana os portugueses são chamados a eleger um novo Presidente da República. Os candidatos a magistrado da Nação são 10. Muitos dizem que é um número exagerado. Outros afirmam que é um desprestígio para o País algumas figuras serem candidatas. Como em tudo na vida há sempre quem ache bem e quem não concorde. Eu entendo que é a Democracia a funcionar! Qualquer cidadão português, desde que cumpra o normativo descrito na Constituição que permite ser candidato a Presidente da República, tem todo o direito e legitimidade para se candidatar. Contudo, depende apenas e só desses candidatos pelo menos terem a noção do que valem e se objectivamente não se importam de fazer figuras ridículas e serem vilipendiados no espaço público. Mas isso faz parte do carácter e forma de estar de cada um!
Também tem sido alvo de muitas críticas o número de debates televisivos com todos os candidatos. Pessoalmente entendo que em Democracia, e depois de admitidos todos os candidatos, independentemente da sua exposição mediática, todos têm os mesmos direitos e os mesmos deveres, pelo que entrarem nos debates entre todos é uma obrigação da comunicação social, dado que a pluralidade é uma das incumbências da comunicação social.
De todos esses debates, aqueles que tiveram a “pachorra” de os seguir, ficamos esclarecidos sobre o que cada candidato pensa e como vê o desempenho e a função de um Presidente da República. Os tais debates, que muitos criticam, deram-nos a oportunidade de podermos ficar a conhecer as debilidades de candidatos mediáticos que todos pensavam serem imbatíveis frente às câmaras de televisão. E Marcelo Rebelo de Sousa foi o exemplo acabado de um “flop”, pois em todos os debates se mostrou incoerente, demagogo, populista, querendo mostrar-se independente e agradar a todos, utilizou a retórica para “desmanchar” os seus adversários, não teve vergonha de sempre que um adversário falava ele acrescentar que lhe dava razão. Marcelo provou que fazer um monólogo televisivo com o beneplácito do jornalista não é a mesma coisa que debater ideias e ideais com um adversário em televisão.
2 – O panorama que nos tem sido oferecido pela maioria dos candidatos é confrangedor e torna desinteressante para o eleitor a vontade de continuar a seguir as declarações dos candidatos na campanha eleitoral.
Há candidatos que se tornam ridículos na forma como procuram dar uma prova de vida e utilizam armas de forma lícita ou ilícita contra os seus adversários. Nos debates vimos e ouvimos alguns intervenientes, como Henrique Neto, a tentar desqualificar os seus adversários, nomeadamente Sampaio da Nóvoa, recorrendo à mera tentativa de o considerar como um mero académico e trazer à colação a conversa da treta, populista e demagógica da responsabilidade dos académicos na má governação do País. Contudo, este candidato não teve a mesma postura para com Marcelo Rebelo de Sousa, também um académico.
A maioria dos candidatos olvida as suas responsabilidades no esclarecimento aos portugueses sobre a forma como vai exercer o seu mandato; como vai utilizar o seu magistério de influência para bem do País; que papel pretende ter como moderador político e, acima de tudo, como defensor dos superiores interesses dos portugueses e na defesa dos interesses estratégicos de Portugal. A excepção é Sampaio da Nóvoa!
É que os poderes presidenciais não são meia dúzia de balelas ditas em campanha eleitoral! Os poderes presidenciais são limitados, num sentido normativo, mas são muito latos no sentido prático, mormente no exercício da sua influência e na credibilidade que a sua postura, o seu sentido de responsabilidade política e a sua interecção com o povo português naquilo que é o regular funcionamento das instituições democráticas em prol da defesa dos interesses nacionais.
3 – Os eleitores portugueses têm de decidir quem querem como Presidente da República nos próximos cinco anos! Os próximos anos são de extrema importância para o futuro de Portugal e, especialmente, para a vida concreta dos portugueses.
Todos sabemos que o Presidente da República não governa! Mas sabemos que a forma de ser e estar do Presidente da República tem muita influência na configuração dada pelos governos às suas políticas. Um Presidente da República não pode ser de facção, tal como foi Cavaco Silva! O papel do Presidente da República é de compromisso com os portugueses, e em nome dos portugueses não pode permitir que as decisões governativas vilipendiem a maioria da população.
O Presidente da República deve também ter a coragem de dizer lá para fora, às instituições internacionais, que não aceita que o povo português seja maltratado, não concorda que as instituições internacionais, não obstante os tratados assinados, não podem/devem subjugar o povo português à perda de direitos, de garantias e ver a sua vida manietada em nome de uma política errada e que prejudica seriamente os portugueses. O Presidente da República deve ser o primeiro a alertar as instituições internacionais para o perigo que consiste na imposição de uma política que consiste no empobrecimento dos portugueses. Ao Presidente da República compete, sem hesitação, mandar para o Tribunal Constitucional, para fiscalização preventiva, todo e qualquer diploma que suscite dúvidas e que vise retirar direitos e promover o empobrecimento dos portugueses. E o único que assim fala é Sampaio da Nóvoa!
Portanto, o próximo Presidente da República não pode seguir o exemplo de Cavaco Silva. E esse é o perigo que corremos numa eventual eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Marcelo, enquanto comentador, foi sempre conivente e dúbio na tomada de posição sobre matérias importantes que prejudicaram seriamente a vida concreta das pessoas. Muitas vezes, por omissão e por acção, disse tudo e o seu contrário.
4 – Os Portugueses têm nas suas mãos a responsabilidade de no dia 24 de Janeiro decidirem quem querem para Presidente da República.
Todavia, tal decisão deverá ser devidamente ponderada. E essa ponderação deverá ser tomada em linha de conta com o que cada um dos candidatos anuncia que será a execução do seu mandato. Jamais os Portugueses poderão decidir eleger um Presidente da República apenas com base na sua exposição mediática. Os Portugueses não se podem deixar enredar e votar num candidato que há quinze anos aproveita semanalmente a antena de televisão para fazer a sua campanha, dizendo tudo e o seu contrário. Nunca dar uma opinião firme e concreta em assuntos mais melindrosos para a sociedade portuguesa, como o caso do aborto e a excelente rábula sobre a posição de Marcelo Rebelo de Sousa que quis agradar a tudo e a todos e ninguém ficou a saber o que pensa, afinal, Marcelo.
Dos dez candidatos apenas três poderão almejar a chegada a uma segunda volta, Marcelo, Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.
Nesse sentido, os Portugueses terão de escolher, nomeadamente da área da esquerda política, quem é o candidato melhor colocado para numa segunda volta, em confronto com Marcelo, poder aglutinar toda a esquerda em seu redor e poder ganhar as eleições. Essa é a principal decisão dos eleitores portugueses, nomeadamente os eleitores Socialistas e os da esquerda, sendo certo que os restantes candidatos não têm hipótese de lá chegar.
Os Portugueses também têm de levar em consideração as posições que têm vindo a público durante os debates. Marcelo quer fazer crer que é independente, por isso nem quis na sua campanha Passos Coelho, dando a desculpa esfarrapada de que na mesma altura vai haver umas eleições autárquicas em S. João da Madeira... É grande o topete e o despudor! Marcelo afirma que é a esquerda da direita, tamanha demagogia num populista encartado.
Por fim, o repúdio para as afirmações de Marcelo que se indignou com os gastos de campanha dos outros candidatos – este ar de poupadinho tipo Cavaco é um perigo público. Marcelo fala de cátedra, pois ele esteve até ao último momento a fazer a sua campanha na TVI e o último programa foi uma vergonha. Marcelo é o candidato que as televisões conseguem “vender”?
Por fim, e não menos despiciendo, vimos Marcelo, o tal que quer fugir do rótulo político-partidário, acusar, durante o debate entre os dois, Sampaio da Nóvoa de nunca ter estado na política. Esta tentativa de achincalhamento de Sampaio da Nóvoa por parte de Marcelo é a cereja no topo do bolo da demagogia, do populismo e da bacoquice.
Registo de interesses: Sou mandatário concelhio da candidatura de Sampaio da Nóvoa.
Nota: O autor escreve com o antigo AO