Quando a vivência em sociedade perde os mais básicos princípios das regras e do respeito pelos outros entramos numa deriva de loucura
1 – Na comunhão entre todos em
sociedade, independentemente da cor, da religião e do género, deve primar o
respeito pelo outro.
A nível individual ou colectivo
mandam as regras básicas dos princípios e dos valores que todos sejam
respeitados como pessoa, na sua unicidade e na sua forma de ser e estar.
Ninguém tem o direito de impor a sua vontade sobre os outros! E ninguém tem a
legitimidade de se intrometer na gestão de qualquer outro país quando não é um
exemplo.
Há dias a imprensa noticiou que a
Coreia do Norte fez um teste nuclear. Estas notícias começaram por ser
transmitidas como se de um sismo se tratasse; logo de seguida foi noticiado de
que estávamos perante um teste nuclear levado a cabo pela Coreia do Norte.
Não sei se se vai confirmar ou
não a versão do teste nuclear norte-coreano. O que sei é que esta possibilidade
é mesmo um sismo. Contudo, este abalo sísmico ou nuclear é uma machadada muito
forte no modelo de organização das Nações Unidas, pois podemos assistir a um
país, cujo modelo de governação não aceito, dadas as restrições de liberdade e
o modo ditatorial como o povo é governado e explorado, optando o governo por
investir em armamento e nas excentricidades do seu presidente em detrimento da
população, onde a maioria vive em condições miseráveis e degradantes para um
ser humano, que está a desafiar os poderosos membros das Nações Unidas.
Não concordando minimamente com a
posição da Coreia do Norte, também não aceito que um grupo restrito de membros
poderosos que compõem as Nações Unidas queiram impor aos outros regras e normas
que eles próprios não cumprem. É uma autêntica subversão de valores e de uma
leviandade gritante ouvir os responsáveis dos países mais poderosos criticar e
querer impedir que a Coreia do Norte tenha o armamento bélico em causa, mas
esses próprios países detêm essas armas em seu poder. Para poderem falar,
criticar e exigir deverão primeiro desfazer-se das suas. Porém, o que nós
assistimos é aos mais poderosos a procurarem impor o seu poder pelo medo, não
querendo que um país mais pequeno possa também os enfrentar. O armamento
nuclear é do pior que poderá haver. E só todos os países acabarem com esse tipo
de armas é que seria lógico e, aí sim, daria a legitimidade de todos poderem
condenar aqueles que não abdicam dessa arma mortífera para todos os seres
vivos.
Todavia, esse grupo restrito que
se acha o “dono do mundo” e que quer impor a sua vontade aos outros, falando
levianamente em nome da paz no mundo, usando todo o seu poder bélico e fazer
negócios de guerra. É que através deste grande negócio de armas de guerra, que
floresce transversalmente como um jogo de omissões e mesmo de cumplicidades,
cuja estratégia desemboca na produção de terrorismos toleráveis, por um lado, e
que variam de forma exponencial e causador da fuga e movimentação de milhões de
refugiados que fogem a uma guerra caucionada pelos poderosos que não querem
afectar os seus negócios e que por isso vemos no Ocidente os países mais
poderosos a mostrarem-se mais flexíveis com a chegada dos refugiados e imigrantes
e outros a mostrarem a sua intolerância. A guerra é um grande negócio e um jogo
de interesses que movimenta milhares de milhões de dólares, pelo que esta luta
opaca se transforma num jogo de sombras onde a hipocrisia se eleva ao grau mais
alto da conivência entre os mais poderosos.
Se porventura e infelizmente se
confirmar que a Coreia do Norte se transformou em mais um país com poder
nuclear, certamente que irá passar a integrar o restrito clube dos negócios de
guerra, pois esse é um dos critérios que observamos nesta luta, pelo que se
impõem que os restantes países dêem as boas vindas ao impopular Kim Jong-un,
pois eventualmente não será pior que os seus colegas que protegem o rei
Saudita, os israelitas, o regime iraniano, e, na Europa, os governos fascistas
da Ucrânia e da Hungria. A Coreia no Norte não detinha este poder e passou a
tê-lo?, agora só lhe falta uma imprensa que lhes dê destaque e cobertura,
permitindo que se acomodem como os outros na aceitação do crime na opinião
pública do mundo. Mas isso não é coisa que o dinheiro não compre. A ver vamos o
futuro.
2 – Há dias, na imprensa foi
destaque as palavras proferidas numa homilia pelo arcebispo de Toledo, Espanha,
onde este responsável superior do Clero espanhol terá acusado as mulheres que
são vítimas de violência doméstica como responsáveis principais destes actos
bárbaros por não se saberem comportar e não saberem ser submissas. Estas
palavras proferidas por um arcebispo numa homília terão de ser condenadas e o
seu autor deverá ser severamente castigado. Não posso conceber, como Católico,
que um arcebispo da minha Igreja proclame tão repudiantes palavras. Se o Clero
espanhol for honesto, o fim deste arcebispo é a expulsão e a excomunhão. Não
faço por menos, pois não concebo uma religião em que acredito dar cobertura e
crédito a pessoa tão estúpida e bárbara.
Para além deste dislate do arcebispo
espanhol, também um restaurante no Porto, através do Facebook, demonstrou o
completo desrespeito pelas mulheres. Esse restaurante publicita na sua página
que a carne que vende «Podia ser perfeitamente um pedaço da […]-omito
propositadamente o nome da actriz porno- Mas é de uma outra vaca», isto é um
insulto a uma mulher que desempenha uma profissão que escolheu e que está no
seu direito. Agora o que é inqualificável é alguém publicar tamanho insulto.
Nunca fui e nunca serei cliente de um restaurante destes que não respeite as
pessoas e o que elas são e fazem!
Mas o desrespeito pelas mulheres
não saiu só da boca do arcebispo e nem da página do facebook do restaurante,
também a Presidente da Câmara de Colónia, Alemanha, fez questão de mostrar a
sua estupidez e, quiçá, a sua frustração por talvez ser mulher… quem sabe?
As palavras horrorosas, insensíveis
e imbecis da estúpida presidente da Câmara de Colónia foram proferidas na
sequência dos factos ocorridos na noite da passagem de ano.
Nessa noite, cerca de mil homens –
mais um bando de trogloditas anormais e idiotas – decidiu se entreter, junto da
famosa Catedral de Colónia, a violar mulheres. Foram cerca de 90 as mulheres
que foram violadas por esses animais. Se o acto da violação é abominável, mais
abominável foram as palavras da tal presidente da câmara de Colónia, que
instada a pronunciar-se sobre os actos bárbaros cometidos na sua cidade sobre
as mulheres, acusou as mulheres violadas de serem responsáveis e justificou
tais actos acusando-as de terem sido agredidas sexualmente por usarem vestuário
impróprio («provocador»).
Não sei o que se passa na Europa
civilizada e tolerante! Será que isto andará tudo ligado? Será que estamos a
correr o risco de uma regressão civilizacional patrocinada por membros do Clero
e da política? Onde está o mundo civilizado do Ocidente, onde o respeito pelo
outro é uma cartilha de valores básicos?
Mas será que a Europa está a pedi-las?
Afinal o que se passa? A Europa anda à deriva, perdeu por completo o respeito
pelo outro, desumanizou-se. O primado do lucro e do poder ultrapassou todas as
regras e normas da sã convivência e da ajuda àquele que necessita, ao pobre, ao
miserável, ao idoso, ao doente, ao refugiado, ao imigrante. Enfim: ao ser
Humano!
O exemplo acabado da desonestidade
intelectual e da deriva louca está nas palavras do primeiro-ministro de
Inglaterra, Cameron, que diz querer trocar imigrantes caros por outros mais baratos.
Parece que estamos a regressar ao tempo da escravatura e do esclavagismo, onde
não há um sobressalto cívico de ninguém. Na Alemanha, como acima descrevi,
apela-se à domesticação das mulheres, uma vez que os agressores são homens! Por
sua vez, em Espanha, o arcebispo de Toledo, como acima descrevemos, vai para o
ambão e durante a homilia profere ignomínias inconcebíveis para um membro da
Igreja que professa uma religião que defende que o outro é nosso irmão,
justificando e dando a sua bênção ao assassinato das mulheres por algumas
pensarem ou pedirem o divórcio e não serem submissas.
Perante este quadro descritivo,
perdoem-me a sinceridade, mas os terroristas islâmicos parecem uns anjinhos
comparados com esta gente.