sábado, 21 de fevereiro de 2015

MAIS ALEMÃ QUE OS ALEMÃES

O Ministro das Finanças Grego, Varoufakis, com a sua forma politicamente correcta – infelizmente, digo eu, trazida para a política pela esquerda americana -, não ousou apontar os nomes da Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e do seu congénere espanhol, durante a conferência de imprensa, como os mais empertigados em impedir o acordo da Grécia com o Eurogrupo.
Só que, à saída da mesa, Varoufakis, interpelado pelo jornalista da RTP, António Esteves Martins, deixou sair um desabafo, acusando Portugal e a Espanha de serem “mais alemães que os alemães”.
Tenho pena que Varoufakis não tivesse mandado às malvas o politicamente correcto e ter, em frente a todos aqueles microfones, denunciado os nomes daqueles que, na reunião dos ministros das finanças do eurogrupo, ou seja a ministra das finanças de Portugal e o ministro das finanças de Espanha, tudo fizeram para contrariar o acordo, que já tinha sido formulado em Paris entre Merkel e Hollande. A portuguesa e o espanhol não tiveram pejo em se deixaram instrumentalizar pela Alemanha, para que a Merkel e Schäuble pudessem sair limpos de toda a trampa que arranjaram nas últimas semanas. Mas Varoufakis não o fez. Tenho pena!
Durante as últimas semanas, onde se discutiu o problema grego, Portugal comportou-se, através das suas mais importantes figuras do Estado, como uns autênticos lambe-botas.
A postura de Portugal deve envergonhar todos os portugueses. Eu sei que Cavaco, Coelho, Portas e Albuquerque não são exemplo a seguir, mas do comportamento destas figuras veio ao de cima aquilo que de mais rasca há na sociedade portuguesa: a mesquinhez, a inveja, o ódio, o «culambismo», a subserviência, a tacanhez, a prostração, a arte do “lambebotismo” aos mais poderosos, a arrogância e, pior que tudo, a falta de carácter para reconhecerem o erro. Estas são as maleitas que contaminam os portugueses; estes são os males que corroem a sociedade portuguesa.
Estar no constante beija-mão aos do poder é o que mais ordinário pode existir numa sociedade. Fazer figuras de tristes personagens de terceira no palco político e social, é algo que envergonha um país. Portugal não pode viver de cócoras perante os poderosos e empertigar-se contra aqueles que estão na mesma situação. Ser forte com os fracos e fraco com os fortes é cobardia!
Mas isto é mesmo o que se passa na sociedade portuguesa. O comportamento dos nossos governantes é o espelho fiel do que se passa em Portugal. Os que recebem apoios sociais empertigam-se e denunciam-se uns aos outros; os que precisam de recorrer a lojas e cantinas sociais são delatados pelos outros que também lá vão, sempre na esperança de que caiam nas boas graças de quem distribui e lhes toque mais um bocadinho; os trabalhadores do sector privado atiram-se como gatos a bofe aos trabalhadores do sector público; os trabalhadores no activo empertigam-se contra os reformados; os trabalhadores não se importam de acusar um colega de trabalho para cair nas boas graças do capataz ou do patrão, pois daí espera a oportunidade de uma promoçãozinha; os que menos têm ajudam sempre os que mais têm, pois a inveja faz com que prefiram comprar na grande superfície do que comprar na mercearia do vizinho, pois têm medo que ele enriqueça. Isto é Portugal!
Como é óbvio, os traços da nossa sociedade são mesmo de mesquinhez, de tacanhez e de subserviência. Traços que são muito bem explorados por aqueles que possuem o poder. Mas isto já começa no Jardim-de-infância, pois procuram sempre ser os “graxistas” da professora à espera de sinecuras.

Mas isto não muda. Eu morrerei como sou: contra o sistema!