Há
mais praticantes de lambe cus do que atletas
de
todas as modalidades desportivas em Portugal
A arte do lambe cus é uma modalidade
que era muito apreciada antes do 25 de Abril. Depois da Revolução da Abril caiu
um pouco em desuso, mas sempre existiram praticantes desta arte.
Hoje, a nossa sociedade aceita de
bom grado a arte do «culambismo» (sibilinamente descrita por Miguel Esteves
Cardoso), pois esta é vista como a melhor forma de «subir na vida». Ter alguns
conhecimentos de «culambismo» é tão importante para vencer na vida como saber
falar línguas.
A modalidade do lambe cus
encontra-se na área da ginástica corporal, e cada jogador procura sempre
mostrar a sua arte nas mais diversas formas de contorcionismo, cujo exercício
complexo o obriga a recorrer a todos os meios ao seu alcance para conseguir
prostrar-se primeiro e melhor que os outros para lamber o cu de um outro
jogador mais forte.
Para além da “chicane” corporal,
o lambe cus também terá de estar bem provido da falta de carácter, da falta de
solidariedade, da falta de gratidão, da falta de coluna vertebral. Enfim,
tornar-se uma minhoca rastejando em busca do cu mais poderoso para lamber, pois
o seu objectivo é engraxar o chefe, o político com poder, ou aquele que o pode
ajudar a fazer um negócio.
Em suma, o lambe cus procura
sempre o cu melhor classificado, que poderá ser do superior hierárquico ou do
político com poder. O lambe cus vai em busca de receber o prémio, pois esses
prémios podem ser consubstanciados em dinheiro, em espécie, numa promoção, na
ascensão social.
Se antes do 25 de Abril os lambe
cus eram meros «amadores» na arte da lambidela, pois não passavam de uns reles
“engraxadores”, que começava na escola com os alunos a engraxar os professores;
o chefe de repartição a engraxar os chefes de serviço, etc. Mas, nessa altura,
quiçá pela contingência política, eram poucos os praticantes da modalidade do
lambe cus. Mas os engraxadores desse tempo eram bem-sucedidos nessa arte da
lambidela dos cus mais disponíveis, e daí recebiam grandes sinecuras. Mas nesse
tempo, essa arte de “engraxar” não era bem vista socialmente. O “engraxador”
era alvo da troça dos colegas de turma e dos colegas de trabalho.
Mas hoje já nada é assim! Os
lambe cus não têm vergonha e reproduzem-se como coelhos.
Também temos os cu lambidos, que
ao mesmo tempo são lambe cus. Os cu lambidos estão numa posição onde têm uma
série de lambe cus que os deixam satisfeitos, pois o seu poder hierárquico, o
seu conhecimento com um político ou um empresário que pode meter uma cunha, ou
pelo seu poder financeiro, sentindo-se uma personagem importante, mesmo que
pouco relevante na sociedade, mas que também se torna um lambe cus para aqueles
que estão acima dele na escala do poder ou da hierarquia. Esses cus lambidos, e
ao mesmo tempo lambe cus, são personagens mesquinhas que não têm pejo em
prejudicar quem quer que seja para agradar aos seus lambe cus, mas também
àqueles a quem ele lhes lambe o cu. A sociedade de hoje está pejada deste tipo
de vermes.
Não faltam por aí também os
lambes cus que servem vários cus lambidos em simultâneo. Este tipo de lambe cus
é aquele que não tem pejo em agradar a diversos cus lambidos, pois sabe que de
um deles poderá conseguir aquilo que mais quer. Este é o tipo mais rasca que
pode haver na sociedade. Os cus lambidos, por norma, pensam que têm a
exclusividade do lambe cus. Só que isso não é verdade. Por isso, os lambe cus
que lambem vários cus ao mesmo tempo, também são especialistas na dança do
“samba do crioulo maluco” (como diz o brasileiro), pois são aqueles que andam
para trás e para a frente no leva e traz, é o tipo coscuvilheiro.
Neste tipo de modalidade, o cu lambido
é o que se encontra no topo da pirâmide. Este é aquele a quem todos gostam de
lamber o cu, e quanto mais lambedores tiver mais ele gosta.
De seguida surgem aqueles que
mais directamente trabalham com os cus lambidos, que se podem considerar como
os «vice cus lambidos» ou os «lambe cus principais». Estes são os que melhor
apresentam a arte do contorcionismo, dada a sua capacidade para lamber o cu do
cu lambido. Mesmo sabendo que podem correr alguns perigos, estes lambe cus não
se retraem, dado que têm a ambição de um dia serem cu lambidos.
Também existem os «lambe cus de
carreira». Estes praticantes estão institucionalizados e gostam que o tratem
por «chefe». A sua forma de estar é diferente dos outros, mas sabe que quantos
mais cus lamber mais benefícios lhe poderá trazer, por isso treinam
afincadamente a arte de lamber cus. Dentro desta categoria há muita
concorrência, pelo que este tipo de lambe cus é sempre cauteloso, dado que uma
má lambidela de cu poderá dar origem a um pontapé no cu. E lá se vai a ambição!
Nesta última categoria há uma
divisão entre os especialistas na arte do lambe cus. Há o «lambe cu mensageiro»
– o tal do leva e traz; o «lambe cu informático» - aquele que procura ganhar a
confiança do cu lambido, pois este é um infoexcluído.
Depois temos os «lambe cus
básicos». Esta categoria comporta aqueles que não «conseguem lamber bem um cu».
Fazem-no talvez por falta de jeito ou de formação. Estes são os «lambe-botas,
graxistas, ou engraxadores, já estão em desuso e por isso ultrapassados; são os
que têm uma língua viperina e por isso mesmo não conseguem lamber o cu sem
destilar abundantes quantidades de veneno».
Temos também o «self lambe cu».
Esta é uma figura ilustre, mas externa ao cu lambido, é um género de lambe cus
de luxo, pois são «exuberantes, narcisistas, teatrais e nada discretos». Este
tipo de lambe cus merece uma grande atenção do seu cu lambido, pois este é o
seu mecenas, tendo em conta a falta de jeito do cu lambido e a arte do embuste
e da lambidela do lambe cus.
É difícil lidar com estes lambe
cus, mas também com os cu lambidos. Por muito que queiramos, não conseguiremos
converter um lambe cus. Há muito que já desisti desta empreitada. O melhor é
sinalizá-los e estar atento às suas lambidelas.
Entendo que os lambe cus tenham
fé na sua arte. No Senegal, no festival anual da lombriga africana, há um pastor
que fez as mulheres acreditar que se ele lhes lambesse o cu elas aumentavam a
fertilidade e as que eram solteiras mais depressa atraíam marido.
Pode-se dizer que ao pastor em
causa não faltam clientes, pois elas lá aparecem na praia (o ritual tem de ser
na praia à borda-d'água, talvez para algumas lavarem o cu antes da lambidela) e
nuas se colocam de quatro com as pernas abertas e o pastor lá vai lambendo o cu
(e talvez mais alguma coisa, mas eu nunca vi) a cada uma. O certo é que mesmo
não havendo efeito nesse lambe cu, o certo é que elas regressam no festival
seguinte. Talvez gostem mais da lambidela… ou seja mesmo uma questão de fé.
Na Índia a arte dos lambes cus é
apelidada de Sicofância, que é uma sátira àqueles que se colam ao poder a fim
de obter favores e sucesso.